Colapso das Rodovias
Pedro J. Bondaczuk
O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, terá enormes dificuldades para detalhar as prioridades do seu governo, após tantos anos de crise e de políticas no mínimo desastradas, para não dizer inaptas. O setor de saúde, por exemplo, é um dos que terão de merecer atenção muito especial, diante do caos que se verifica, em especial nos hospitais públicos. O de educação, nem se diga! Está uma calamidade e é fundamental na luta contra a violência e a degradação social. O de segurança, igualmente, é essencial e requer medidas sólidas, e não apenas as providências tópicas e emergenciais, adotadas até aqui.
Tudo é prioridade, num país que, em muitos aspectos, andou para trás nos últimos anos. Mas um setor que não foi muito mencionado durante a campanha presidencial, e que precisa de atenção urgente, é o de transportes, especialmente o rodoviário, que foi a opção nacional --- inadequada, por sinal, quando se leva em conta que o Brasil não é auto-suficiente na produção de petróleo ---, responsável pelo trânsito de pessoas e escoamento das riquezas geradas nas várias regiões. A malha viária brasileira, em especial a federal, está em petição de miséria.
Isto acarreta, além da perda de milhares de vidas a cada ano, em decorrência de acidentes, prejuízos materiais enormes. Na semana passada, em reunião realizada em Foz do Iguaçu, o presidente da Associação Brasileira dos Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem, Luiz Gonzaga Rodrigues Lopes, alertou que as nossas rodovias vão entrar em colapso, no prazo de três anos. Portanto, dentro do mandato de Fernando Henrique.
Quatro mil quilômetros por ano deveriam ser restaurados. Todavia, em média, as restaurações, nos últimos tempos, mal chegaram a mil.
O problema é a falta de recursos (malbaratados em obras fantasmas, superfaturadas e que acabam abandonadas). O custo, para cada quilômetro restaurado, com melhorias, é de US$ 155 mil. É alto, não se tem como negar. Mas é um investimento que terá que ser feito, sob pena de uma paralisia no País.
As estradas brasileiras, projetadas em sua grande maioria nas décadas de 60 e 70, já não comportam o fluxo da frota nacional, estimada em 20 milhões de veículos. Caso não se faça nada a esse respeito, certamente a tão sonhada retomada do desenvolvimento ficará para as "calendas". Haja dinheiro para tantas prioridades!
(Artigo publicado na página 3, Opinião, do Correio Popular, em 29 de novembro de 1994).
Pedro J. Bondaczuk
O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, terá enormes dificuldades para detalhar as prioridades do seu governo, após tantos anos de crise e de políticas no mínimo desastradas, para não dizer inaptas. O setor de saúde, por exemplo, é um dos que terão de merecer atenção muito especial, diante do caos que se verifica, em especial nos hospitais públicos. O de educação, nem se diga! Está uma calamidade e é fundamental na luta contra a violência e a degradação social. O de segurança, igualmente, é essencial e requer medidas sólidas, e não apenas as providências tópicas e emergenciais, adotadas até aqui.
Tudo é prioridade, num país que, em muitos aspectos, andou para trás nos últimos anos. Mas um setor que não foi muito mencionado durante a campanha presidencial, e que precisa de atenção urgente, é o de transportes, especialmente o rodoviário, que foi a opção nacional --- inadequada, por sinal, quando se leva em conta que o Brasil não é auto-suficiente na produção de petróleo ---, responsável pelo trânsito de pessoas e escoamento das riquezas geradas nas várias regiões. A malha viária brasileira, em especial a federal, está em petição de miséria.
Isto acarreta, além da perda de milhares de vidas a cada ano, em decorrência de acidentes, prejuízos materiais enormes. Na semana passada, em reunião realizada em Foz do Iguaçu, o presidente da Associação Brasileira dos Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem, Luiz Gonzaga Rodrigues Lopes, alertou que as nossas rodovias vão entrar em colapso, no prazo de três anos. Portanto, dentro do mandato de Fernando Henrique.
Quatro mil quilômetros por ano deveriam ser restaurados. Todavia, em média, as restaurações, nos últimos tempos, mal chegaram a mil.
O problema é a falta de recursos (malbaratados em obras fantasmas, superfaturadas e que acabam abandonadas). O custo, para cada quilômetro restaurado, com melhorias, é de US$ 155 mil. É alto, não se tem como negar. Mas é um investimento que terá que ser feito, sob pena de uma paralisia no País.
As estradas brasileiras, projetadas em sua grande maioria nas décadas de 60 e 70, já não comportam o fluxo da frota nacional, estimada em 20 milhões de veículos. Caso não se faça nada a esse respeito, certamente a tão sonhada retomada do desenvolvimento ficará para as "calendas". Haja dinheiro para tantas prioridades!
(Artigo publicado na página 3, Opinião, do Correio Popular, em 29 de novembro de 1994).
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