Saturday, February 11, 2012







Languidez

Pedro J. Bondaczuk

Lânguida, você achega minha cabeça
ao seu colo, rescendendo a alfazema e jasmim.
Oferece seus fartos seios, brancos
de bicos rosados, à avidez dos meus lábios
que, sôfregos, aplacam, um tantinho só,
minha insaciável fome de amor.

Lânguida, você me acolhe em seu ventre fértil,
por entre coxas roliças, sadias, esculpidas
rijas, como meu cetro viril,
elásticas, macias como veludo,
enquanto minha boca bebe na sua
o néctar embriagador dos amantes
e ejaculo em seu sexo acolhedor
a lídima essência do meu ser.

Lânguidos, nossos corpos compatíveis,
provisoriamente saciados, exaustos,
de exaustão saudável e boa,
mucosa com mucosa, pele com pele,
pêlo com pêlo, cada milímetro nosso,
troca magnética de energia e humores,
enquanto as narinas aspiram
o selvagem, benigno, aroma do amor.

Lânguidos, apaixonados e insaciáveis
amamo-nos mais, e mais e mais,
intensamente, apaixonadamente,
dia e noite, noite dia, tempo afora,
até que nos tornemos num só corpo.

Fazemos da nossa dualidade
a unidade perfeita, o primitivo
ser hermafrodita, côncavo e convexo,
lado a lado,em única estrutura,
mesmos objetivos, ideais e sonhos,
opostos, mas compatíveis e única alma.

(Poema composto em Campinas, em 10 de fevereiro de 2012).

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