Wednesday, November 16, 2011







Pássaro preto

Pedro J. Bondaczuk

Hora derradeira
de um sonho
(ou pesadelo)?
Instante fugaz
e indimensionável.
Momento de revelação.

Profunda agonia
do pássaro preto
de asa quebrada
querendo voar.

Hora escura.
Escuridão horrenda!
Hora fantasma
fugida dos relógios
de um tempo
imemorial e único,
além do tempo.

Hora parada
em que apenas
móveis estralam
e em que grilos
se calam,
em que sons
inaudíveis
fazem-se estrondos:
hora mistério.

--- Pássaro preto,
de asa quebrada,
infrene e louco,
consciência pesada,
prisioneiro na
gaiola do acaso,
os cantos
agoniados
que entoas
são lamentos.
São, somente,
fragmentos
insepultos
de saudades.

--- Pássaro preto
de asa quebrada,
filho das trevas,
ave proscrita
de mau agouro,
quiçá na hora
derradeira
desse sonho
possas da dor
afinal
te libertar.

(Poema composto em Campinas, em 15 de julho de 1965).

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