Saturday, November 05, 2011







Chove e a vida é bela

Pedro J. Bondaczuk

Chove...
Nuvens de chumbo
expelem milhões
de agulhas de cristal.

Silêncio rompido
(silêncio quase total)
pelo som monótono
e sonífero que se espalha.
Suave sinfonia em blue,
de água escorrendo na calha.

Tanta nostalgia, responda,
quem, afinal, resiste?
A saudade instala-se, redonda.
Chove... E a vida parece triste!

Chove...
A terra, encharcada,
sorve, sôfrega,
as lágrimas do céu.

Múltiplas agulhas líquidas
compõem diáfano véu.
Gotas deslizam (que corolário!)
no vidro fechado da janela,
traçando incerto itinerário.
Chove... A vida, afinal, é bela!

Chove...
Lembranças vadias,
de manhãs chuvosas
e tardes silentes e frias
assaltam-me a memória.

Criança brincando,
(parte de uma história),
solta e desgarrada,
na rua cinzenta e vazia
navegando na enxurrada,
com sua encharcada cadela.
Lembrança nunca olvidada.
Chovia... E a vida era bela!

Chove...
Gotas de cristal
escorrem por uma rosa,
perfeita e primorosa,
específica e especial
debaixo da minha janela.
Beleza transcendental.
Chove... e a vida continua bela!

(Poema composto em 14 de outubro de 2011)

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