É noite
Pedro J. Bondaczuk
Labirinto de sombras. É noite.
Caminho, com pés de chumbo,
por ruas lôbregas, tortuosas,
de fantasmagórica cidade,
de uma terra de ninguém.
Sigo só. Ensimesmado e sombrio,
trauteio um samba-canção
de Maysa (ou Dolores Duran?)
pungente, nostálgico, dorido.
Garoa fina e contínua
encharca esta rua vazia,
perdida no fim do mundo,
nesta noite escura e fria.
Um vulto assoma á vidraça.
Ágil, desvio de um carro.
Afogo-me com a fumaça
do oitavo ou nono cigarro.
Mas pela rua dos fantasmas,
indiferente e só, eu sigo,
molhado, trêmulo, com frio
ansiando por um abrigo.
Ao longe, um galo canta.
Já está raiando a manhã.
Um notívago se espanta.
Trauteio a canção de Duran.
Chuto uma lata vazia,
com toda força, sem dó.
A garoa aperta. Está fria.
É noite. Escuridão... Estou só...
(Poema composto em Campinas, em 17 de junho de 1966).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
Labirinto de sombras. É noite.
Caminho, com pés de chumbo,
por ruas lôbregas, tortuosas,
de fantasmagórica cidade,
de uma terra de ninguém.
Sigo só. Ensimesmado e sombrio,
trauteio um samba-canção
de Maysa (ou Dolores Duran?)
pungente, nostálgico, dorido.
Garoa fina e contínua
encharca esta rua vazia,
perdida no fim do mundo,
nesta noite escura e fria.
Um vulto assoma á vidraça.
Ágil, desvio de um carro.
Afogo-me com a fumaça
do oitavo ou nono cigarro.
Mas pela rua dos fantasmas,
indiferente e só, eu sigo,
molhado, trêmulo, com frio
ansiando por um abrigo.
Ao longe, um galo canta.
Já está raiando a manhã.
Um notívago se espanta.
Trauteio a canção de Duran.
Chuto uma lata vazia,
com toda força, sem dó.
A garoa aperta. Está fria.
É noite. Escuridão... Estou só...
(Poema composto em Campinas, em 17 de junho de 1966).
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