Saturday, November 19, 2011







Lusco fusco

Pedro J. Bondaczuk

No lusco fusco da vida,
limite, interstício
entre a luz e as trevas
está a beleza que persigo.

Franja curva do horizonte,
domínio da imaginação,
panorama jamais visto,
sítio da quimera dourada,
aquém ou além da razão.

Esconderijo, talvez sonhado,
(ou só imaginado, talvez),
ubíquo e multiplicado
em dimensões (talvez três).

Dia virá, e eu predigo,
com relativa certeza,
encontrarei o que persigo
(sem a menor destreza,
indiferente ao perigo):
a absoluta beleza,
camuflada e proibida,
no limite, interstício
entre a luz e as trevas,
no lusco fusco da vida.

(Poema composto em São Caetano do Sul, em 5 de janeiro de 1965).

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