Inquietadora revelação
Pedro J. Bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O presidente do Iraque, general Saddam Hussein, ao desmentir, ontem, num discurso pronunciado em Bagdá, que o seu país seja detentor (ou esteja em vias de ser) de uma bomba atômica, fez uma grave, gravíssima confissão, que deve ter deixado preocupados os responsáveis pela segurança de várias nações. Suas palavras são de moldes, aliás, a inquietar toda a comunidade internacional. O dirigente iraquiano não somente admitiu, como fez questão de frisar, que a República que dirige com "mão de ferro" desde 16 de julho de 1979, possui as moderníssimas armas químicas binárias. Tais armamentos, proibidos pela Convenção de Genebra de 1925, e portanto ilegais, só constam dos arsenais das duas superpotências: Estados Unidos e União Soviética. E é claro, agora, do Iraque, cujo presidente admitiu claramente possuí-los.
Aliás, a esta altura teme-se, mais do que nunca, que Bagdá esteja muito perto de ter também a sua bomba atômica. Mísseis para transportar uma ogiva nuclear a comunidade internacional já sabia , há algum tempo, que esse país possuía. Centenas deles foram usados com explosivos convencionais durante a guerra do Golfo Pérsico, arrasando várias cidades iranianas e devastando bairros inteiros de Teerã. O assunto precisa merecer toda a atenção possível, mais até do que se imagina, pelos riscos existentes numa corrida armamentista nas chamadas "nações periféricas". Ou seja, aquelas em que, dado o seu grau de politização (ou despolitização), as instituições democráticas não passam de mera ficção. Onde democracia não é mais do que uma simples palavra ou somente uma vaga idealização.
O perigo torna-se maior quando se sabe do antagonismo existente entre iraquianos e israelenses desde 1981, ocasião em que aviões de Israel atacaram instalações nucleares do Iraque, numa ação classificada de "preventiva". Caso os dois países possuam armas atômicas, chega a ser impensável o que poderia ocorrer caso um viesse a atacar o outro. E mesmo que somente um deles tenha tais artefatos, o risco para a paz mundial não é em absoluto menor.
É indispensável, pois, que o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas intervenha e investigue até que ponto as ameaças de Saddam Hussein são procedentes. E em que estágio estaria o programa nuclear iraquiano. Além de apurar, especialmente, a sua exata natureza. Não é lícito que se deixe a sobrevivência de toda a humanidade ser ameaçada por inação. Seria irônico demais que o temido "holocausto" atômico viesse de onde ninguém (ou poucos) espera, e justamente numa época em que as superpotências começam a entender a loucura que é a doutrina imposta nas derradeiras quatro décadas, conhecida como "equilíbrio do medo".
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 3 de abril de 1990)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Aliás, a esta altura teme-se, mais do que nunca, que Bagdá esteja muito perto de ter também a sua bomba atômica. Mísseis para transportar uma ogiva nuclear a comunidade internacional já sabia , há algum tempo, que esse país possuía. Centenas deles foram usados com explosivos convencionais durante a guerra do Golfo Pérsico, arrasando várias cidades iranianas e devastando bairros inteiros de Teerã. O assunto precisa merecer toda a atenção possível, mais até do que se imagina, pelos riscos existentes numa corrida armamentista nas chamadas "nações periféricas". Ou seja, aquelas em que, dado o seu grau de politização (ou despolitização), as instituições democráticas não passam de mera ficção. Onde democracia não é mais do que uma simples palavra ou somente uma vaga idealização.
O perigo torna-se maior quando se sabe do antagonismo existente entre iraquianos e israelenses desde 1981, ocasião em que aviões de Israel atacaram instalações nucleares do Iraque, numa ação classificada de "preventiva". Caso os dois países possuam armas atômicas, chega a ser impensável o que poderia ocorrer caso um viesse a atacar o outro. E mesmo que somente um deles tenha tais artefatos, o risco para a paz mundial não é em absoluto menor.
É indispensável, pois, que o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas intervenha e investigue até que ponto as ameaças de Saddam Hussein são procedentes. E em que estágio estaria o programa nuclear iraquiano. Além de apurar, especialmente, a sua exata natureza. Não é lícito que se deixe a sobrevivência de toda a humanidade ser ameaçada por inação. Seria irônico demais que o temido "holocausto" atômico viesse de onde ninguém (ou poucos) espera, e justamente numa época em que as superpotências começam a entender a loucura que é a doutrina imposta nas derradeiras quatro décadas, conhecida como "equilíbrio do medo".
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 3 de abril de 1990)
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