As palavras, como os homens que as criaram, em qualquer dos milhares de idiomas existentes, guardam certa hierarquia entre si. Algumas são nobres, respeitáveis e nos inspiram à simples pronúncia, mesmo que isoladas, esparsas ou fora do contexto. Outras, nomeiam vícios, taras, horrores e perversidades. São a ralé dos dicionários. Outras, ainda, chegam a ser interditas pela moral, por soarem ofensivas. São as marginais do idioma. A palavra amor, por exemplo, traz à lembrança o rei dos sentimentos, aquele que, quando temos, no torna semelhantes (jamais iguais) ao Criador. Fé, esperança, caridade, alegria e felicidade são outras que compõem esse séqüito de nobreza. O poeta Alexandre O’Neill (que, a despeito do sobrenome, nasceu em Portugal) foi extremamente feliz ao constatar, nestes versos do poema “Há palavras que nos beijam”: “Há palavras que nos beijam/como se tivessem boca./Palavras de amor, de esperança,/de imenso amor, de esperança louca”.
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