Sunday, July 19, 2009

DIRETO DO ARQUIVO


Agilidade em servir

Pedro J. Bondaczuk

A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979, Madre Teresa de Calcutá, é uma figura impressionante no mundo de hoje. Nem tanto pela sua forma de trajar, bastante pobre e despojada. Nem mesmo por suas palavras, embora estas sejam sensatas e brilhantes, onde se sente uma permanente sinceridade. O que impressiona nessa magnífica freira, independente da religião que se tenha, é o seu dinamismo na hora de servir o próximo. O seu senso prático, que passa por cima de barreiras políticas, ideológicas e de todos os outros tipos, que os povos colocam para dividir irmãos de espécie.

O exemplo mais recente disso é a sua ação junto aos flagelados atingidos pelo devastador terremoto de domingo passado, na região do Himalaia, que matou pelo menos 1.250 pessoas e cujas cifras poderão crescer bastante, na medida em que se for possível chegar aos locais afetados.

Enquanto entidades de socorro internacionais permanecem emaranhadas na selva burocrática do Nepal, para liberar a indispensável ajuda aos desabrigados, Madre Teresa passou por cima de tudo isso. Sem prometer coisa alguma, sem fazer nenhum alarde pela imprensa, eis que essa monja magnífica desembarcou, sem avisar ninguém, sem pedir licença ou liberação, no aeroporto de Katmandu, na noite de anteontem, com um farto carregamento de mantimentos para os atingidos pela catástrofe.

Seu procedimento aberto, abnegado e sobretudo pragmático, já lhe abriu portas que ninguém conseguiu abrir antes. Por exemplo, não faz muito, esteve na União Soviética, um país oficialmente ateu, onde encantou as autoridades e o povo locais. Mesmo após ter falado acerca de um assunto delicadíssimo: da infância abandonada da URSS. Só que os soviéticos perceberam que a sua intenção ao abordar o assunto estava longe de ser a de fazer propaganda contrária ao regime desse país. Madre Teresa nunca se importou com essa pequenez. Pelo contrário, a ágil monja decidiu abrir uma de suas milhares de casas de amparo, espalhadas pelo mundo todo, também em plena Moscou.

Este é o tipo de ativismo que a humanidade precisa. Despido de todo e qualquer tipo de preconceito. Que assiste o ser humano que esteja necessitado quer ele seja branco, preto ou amarelo. Seja católico, budista ou muçulmano. Defenda o marxismo ou o capitalismo. Para ela não importa. São pessoas que precisam dela. Sua missão é somente "servir", sem esperar coisa alguma em troca que não seja o conforto do indivíduo assistido. É por isso que essa monja, com seu hábito surrado e remendado e com seu cajado rústico, entra de cabeça erguida em qualquer ambiente, em palácios de reis e presidentes. É homenageada e glorificada por potentados. E, sobretudo, é amada pelos humildes da Terra, pelos despossuídos, que têm na figura dessa dinâmica freira a única esperança de socorro nos momentos de aflição.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 27 de agosto de 1988)

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