Pedro J. Bondaczuk
As palavras são muito mais enganadoras e perigosas do que ousamos admitir. Teoricamente, seriam intérpretes fiéis dos pensamentos. Mas são? Na maioria das vezes, não! E como poderemos saber que aquilo que alguém diz (ou que nós dizemos) expressa com absoluta fidelidade o que pensa? Não podemos. Só nos resta acreditar ou não.
Não raro, sequer há maldade da parte de quem diz (ou, pior, escreve) alguma coisa e pensa outra, diametralmente oposta. Às vezes, quem o faz se utiliza de palavras inadequadas, por desconhecer seu sentido lato ou outra correspondente que seja mais clara. Quer manifestar, por exemplo, apreciação por alguém ou por alguma obras e declara exatamente o contrário (e vice-versa).
É, amigos, as palavras são perigosas. Daí tantos conflitos interpessoais e até entre nações. Neste último caso, é até mais provável algum erro de interpretação, dadas as diferenças de idioma. Existem, entre línguas e dialetos, mais de vinte mil catalogados! O mundo, como se vê, é uma gigantesca Torre de Babel.
Uma tradução desastrada, da declaração de um presidente, ou de um ministro, ou de um general (ou seja lá de quem for), pode desembocar (e não raro desemboca) até numa sangrenta guerra entre dois ou vários países. A História registra uma infinidade de casos em que pensamentos e intenções foram mal-interpretados quando expressados oralmente ou por escrito.
E na atualidade, as coisas parecem, até, mais perigosas do que em tempos ainda recentes. É previsível que assim seja, até pela quantidade maior de pessoas que habitam o Planeta. A humanidade levou mais de um milênio para atingir o primeiro bilhão de habitantes. Levou menos de um século para chegar ao segundo. Mas foram necessárias, apenas, pouco mais de três décadas para chegar aos 6,7 bilhões dos indivíduos atuais.
Quanto mais cabeças pensantes há (e presume-se que todas o sejam), mais pensamentos serão gerados e necessitarão de um meio de serem expressados. E interpretados, claro. Estatisticamente, portanto, a probabilidade de o serem de maneira ambígua são, agora, infinitamente maiores do que eram, digamos, na década de 70 do século XX.
Não por acaso, os conflitos se multiplicam, mundo afora. A violência campeia e boa parte desses atos violentos é gerada por discussões tolas, sem sentido ou lógica, que descambam, via de regra, para agressões verbais e, pior, físicas, não raro letais. Ou seja, ocorrem por causa de palavras mal-interpretadas, possivelmente por serem mal-utilizadas.
Não adianta se argumentar que se disse ou se escreveu determinada coisa com a “melhor das boas intenções”. De bem-intencionados, o inferno está repleto, muito mais povoado do que nosso planetazinha azul neste início do terceiro milênio da Era Cristã.
Já escrevi, em outras oportunidades, a respeito da necessidade de critério e de responsabilidade em relação ao que se diz e o que se escreve. Nunca é demais, todavia, reiterar certas verdades, que as pessoas detestam ouvir (e muito menos ler), mas que têm que ser detectadas e reveladas.
A palavra, mal-utilizada, é uma das piores (se não a pior) armas de ataque que existem. Destrói, sem dó e nem piedade, relacionamentos que tinham tudo para prosperar e se consolidar, como se estes fossem de papel. Fere suscetibilidades e gera a contrapartida, de reações violentas. Acaba com reputações. Arruína vidas. É bomba não raro até de efeito retardado.
O único escritor de língua portuguesa a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, constatou, a respeito, em recente entrevista: “A palavra deixou de ter conteúdo e de ter qualquer coisa dentro. É pronunciada com uma leviandade total”. Claro que se trata de generalização. Nem todos agem, assim, pelo menos não o tempo todo. Mas Saramago não deixa de ter razão.
As palavras, portanto, não são os melhores intérpretes dos pensamentos. Talvez jamais o fossem, embora não se possa afirmar com segurança. Mas há outro meio mais seguro para expressar o que de fato pensamos? Há, porém não estamos habituados a sequer lhe prestar alguma atenção.
E qual é esse veículo que pelo menos não comporta tantas ambigüidades? Deixo a resposta ao irlandês James Joyce, autor do criptográfico “Ulisses”, campo inesgotável de interpretações de toda a sorte (talvez nenhuma condizente com o que pensou ao escrever essa obra), acessível a pouquíssimos leitores, que afirmou: “As ações dos homens são os melhores intérpretes dos seus pensamentos”. Eu ousaria acrescentar: “são os únicos”. Mas quem atenta a elas?
As palavras são muito mais enganadoras e perigosas do que ousamos admitir. Teoricamente, seriam intérpretes fiéis dos pensamentos. Mas são? Na maioria das vezes, não! E como poderemos saber que aquilo que alguém diz (ou que nós dizemos) expressa com absoluta fidelidade o que pensa? Não podemos. Só nos resta acreditar ou não.
Não raro, sequer há maldade da parte de quem diz (ou, pior, escreve) alguma coisa e pensa outra, diametralmente oposta. Às vezes, quem o faz se utiliza de palavras inadequadas, por desconhecer seu sentido lato ou outra correspondente que seja mais clara. Quer manifestar, por exemplo, apreciação por alguém ou por alguma obras e declara exatamente o contrário (e vice-versa).
É, amigos, as palavras são perigosas. Daí tantos conflitos interpessoais e até entre nações. Neste último caso, é até mais provável algum erro de interpretação, dadas as diferenças de idioma. Existem, entre línguas e dialetos, mais de vinte mil catalogados! O mundo, como se vê, é uma gigantesca Torre de Babel.
Uma tradução desastrada, da declaração de um presidente, ou de um ministro, ou de um general (ou seja lá de quem for), pode desembocar (e não raro desemboca) até numa sangrenta guerra entre dois ou vários países. A História registra uma infinidade de casos em que pensamentos e intenções foram mal-interpretados quando expressados oralmente ou por escrito.
E na atualidade, as coisas parecem, até, mais perigosas do que em tempos ainda recentes. É previsível que assim seja, até pela quantidade maior de pessoas que habitam o Planeta. A humanidade levou mais de um milênio para atingir o primeiro bilhão de habitantes. Levou menos de um século para chegar ao segundo. Mas foram necessárias, apenas, pouco mais de três décadas para chegar aos 6,7 bilhões dos indivíduos atuais.
Quanto mais cabeças pensantes há (e presume-se que todas o sejam), mais pensamentos serão gerados e necessitarão de um meio de serem expressados. E interpretados, claro. Estatisticamente, portanto, a probabilidade de o serem de maneira ambígua são, agora, infinitamente maiores do que eram, digamos, na década de 70 do século XX.
Não por acaso, os conflitos se multiplicam, mundo afora. A violência campeia e boa parte desses atos violentos é gerada por discussões tolas, sem sentido ou lógica, que descambam, via de regra, para agressões verbais e, pior, físicas, não raro letais. Ou seja, ocorrem por causa de palavras mal-interpretadas, possivelmente por serem mal-utilizadas.
Não adianta se argumentar que se disse ou se escreveu determinada coisa com a “melhor das boas intenções”. De bem-intencionados, o inferno está repleto, muito mais povoado do que nosso planetazinha azul neste início do terceiro milênio da Era Cristã.
Já escrevi, em outras oportunidades, a respeito da necessidade de critério e de responsabilidade em relação ao que se diz e o que se escreve. Nunca é demais, todavia, reiterar certas verdades, que as pessoas detestam ouvir (e muito menos ler), mas que têm que ser detectadas e reveladas.
A palavra, mal-utilizada, é uma das piores (se não a pior) armas de ataque que existem. Destrói, sem dó e nem piedade, relacionamentos que tinham tudo para prosperar e se consolidar, como se estes fossem de papel. Fere suscetibilidades e gera a contrapartida, de reações violentas. Acaba com reputações. Arruína vidas. É bomba não raro até de efeito retardado.
O único escritor de língua portuguesa a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, constatou, a respeito, em recente entrevista: “A palavra deixou de ter conteúdo e de ter qualquer coisa dentro. É pronunciada com uma leviandade total”. Claro que se trata de generalização. Nem todos agem, assim, pelo menos não o tempo todo. Mas Saramago não deixa de ter razão.
As palavras, portanto, não são os melhores intérpretes dos pensamentos. Talvez jamais o fossem, embora não se possa afirmar com segurança. Mas há outro meio mais seguro para expressar o que de fato pensamos? Há, porém não estamos habituados a sequer lhe prestar alguma atenção.
E qual é esse veículo que pelo menos não comporta tantas ambigüidades? Deixo a resposta ao irlandês James Joyce, autor do criptográfico “Ulisses”, campo inesgotável de interpretações de toda a sorte (talvez nenhuma condizente com o que pensou ao escrever essa obra), acessível a pouquíssimos leitores, que afirmou: “As ações dos homens são os melhores intérpretes dos seus pensamentos”. Eu ousaria acrescentar: “são os únicos”. Mas quem atenta a elas?
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