Quem nunca ouviu, ou nunca disse, em tom de desabafo, ao tomar conhecimento pela imprensa de notícia sobre um novo crime bárbaro, ou sobre qualquer outro tipo de atrocidade, de corrupção ou de injustiça, a afirmação de que “a humanidade está perdida!”? De fato, o mundo anda de mal a pior e não é de hoje. Assassinatos, guerras, agressões e toda a sorte de violência abundam nos noticiários veiculados, praticamente, o dia todo pelos meios de comunicação. Claro que um senso crítico aguçado é útil e até necessário. Trata-se, na verdade, de uma tentativa mínima de exercício da cidadania e de formar consciência coletiva, que contribua para reduzir e atenuar esses males, na impossibilidade de acabar com eles. Mas somente isso não basta. Criticar é fácil, cômodo, mas geralmente inócuo. É necessário que essa indignação venha acompanhada de atos, de atitudes práticas, concretas e constantes para melhorar o mundo. E não é, salvo exceções, o que ocorre via de regra. Ademais, culpar a “humanidade” pelo que de ruim acontece, além de se tratar de generalização, é uma atitude injusta. Há muita, muitíssima gente empenhada em assegurar, com sua ação anônima, com seu trabalho dedicado e com sua capacidade, a normalidade na vida cotidiana da sua coletividade. Por isso, concordo com Máximo Gorki que, no conto “Konovalóv”, expressou, pela boca de um dos personagens, sua perplexidade face a esse comportamento comodista e negativo: “Como é possível que nós nos queixemos sempre da humanidade, quando também somos seres humanos? Se os outros atrapalham a nossa vida, isso quer dizer que também atrapalhamos a vida de alguém...”, concluiu o escritor russo, com irretorquível lógica.
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