Pedro J. Bondaczuk
“O homem não chora”. Cansei de ouvir, quando criança, essa afirmação, feita por adultos – meus tios, meus pais e outras tantas pessoas – sempre que sofria alguma queda e abria o berreiro, como se estivesse à beira da morte. Ou quando levava alguma chinelada corretiva por ter feito o que não deveria (o que era freqüentíssimo). Após certa idade, porém – seis anos se não me engano –, passei a levar essa bobagem a sério. Queria mostrar aos outros que já era adulto e ostentar masculinidade precoce, como todo o menino que se preze (ou quase todo) faz.
Na escola, por exemplo, quando brigava com alguém (isto é, todos os dias, já que eu era um garoto espevitado e turbulento, embora não necessariamente agressivo), evitava chorar quando levava uns cascudos. Não o fazia, pelo menos, na frente dos colegas. Com isso, granjeei certo respeito da turma. Ademais, nunca apanhava sem dar, também, uns bons bofetes no rival, não importava seu tamanho.
Claro que quando ninguém me via, me debulhava em lágrimas. Mas tinha o cuidado de não aparecer na frente dos colegas com os olhos vermelhos. Não podia deixar que meu prestígio ficasse arranhado. Até hoje, ainda tenho esse comportamento tolo, embora seja um manteiga derretida de primeiríssima. Sou um feixe de emotividade, mas sei disfarçar bem. Pelo menos, acho que sei.
Nem a mulher e nem os filhos, e muito menos amigos e desafetos, podem dizer que já me viram chorando. Certamente, não viram. Por que? Chorar é algum demérito? Em absoluto! Mas evito-o por mero condicionamento de infância. Em certas circunstâncias, o choro é um santo remédio. Alivia tensões e causa uma agradável sensação de descanso, de repouso, de paz.
Quando assisto a algum filme que me emociona (não, evidentemente, os “Sexta-feira 13” da vida e outras tantas porcarias que Hollywood nos impinge), na companhia da mulher, ou dos filhos, às vezes me vejo em palpos de aranha para disfarçar minhas lágrimas. Invariavelmente, recorro ao conhecidíssimo estratagema do “cisco no olho”. Só não tenho certeza se quem me acompanha nessas ocasiões acredita ou não nessa manjada e esfarrapadíssima desculpa. Claro que não haveria mal algum em chorar, mesmo que diante de uma multidão. Reitero, contudo, que não consigo escapar daquele condicionamento de infância que mencionei: “O homem não chora”.
Será que não? Suspeito que ocorra exatamente ao contrário. Talvez não emita lágrimas na maioria dos seus “prantos”, mas todos vivemos a chorar o tempo todo, ou por acharmos que nossos projetos vão dar com os burros n’água, ou de emoção por haverem dado certo ou por “n” outras razões. O choro é a coisa mais constante e comum no mundo todo. E não me refiro ao das mulheres, mas dos marmanjos metidos a “durões”.
Entre os jogadores de futebol e torcedores, por exemplo, até já se consagrou o famoso “chororo”. Ou seja, as reclamações de atletas, técnicos, dirigentes e torcida do time perdedor. Eles atribuem, invariavelmente, (às vezes com razão, outras tantas sem motivo algum) à má atuação dos árbitros as derrotas conseqüentes da sua incompetência em campo. Isso não deixa de ser uma espécie de “choro”. E dos mais tolos e chatos.
Há, até, quem chore de verdade nessas ocasiões (e não são poucos). Principalmente se o fracasso em campo resultar em rebaixamento do seu time para alguma divisão inferior. Quando o Corinthians foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, foi uma choradeira infernal, de milhares de pessoas, que se sentiram como se houvessem perdido algum ente querido.
No ano passado, o mesmo ocorreu com os torcedores do Vasco da Gama. Houve, até, um maluco que tentou o suicídio, ameaçando se jogar da cobertura do Estádio de São Januário, inconformado com o rebaixamento do seu time.. Felizmente, foi contido a tempo.
“O homem não chora”? Quem foi que disse? Só pode ter sido algum marmanjo e, provavelmente, dos mais chorões. O homem chora, sim, e com muito mais freqüência e bem mais feio do que o choro feminino. O choro das mulheres encanta-me, particularmente, e me comove (não raro até às lágrimas). Acho-o poético, belo, sublime. Não resisto à mulher que chora! Mas o choro de marmanjo..... Tenha a santa paciência!
O escritor francês, François Chateaubriand, escreveu a respeito, mas muita gente não gostou da sua observação. Sua constatação, contudo, é para lá de oportuna e, sobretudo, verdadeira. Afirmou, em um dos seus tantos textos: “A vida obriga-nos incessantemente a chorar, quer por antecipação, quer por recordação”. Ou não é o que acontece?! O homem não chora?! Ora, ora, ora, que mentira mais deslavada!
“O homem não chora”. Cansei de ouvir, quando criança, essa afirmação, feita por adultos – meus tios, meus pais e outras tantas pessoas – sempre que sofria alguma queda e abria o berreiro, como se estivesse à beira da morte. Ou quando levava alguma chinelada corretiva por ter feito o que não deveria (o que era freqüentíssimo). Após certa idade, porém – seis anos se não me engano –, passei a levar essa bobagem a sério. Queria mostrar aos outros que já era adulto e ostentar masculinidade precoce, como todo o menino que se preze (ou quase todo) faz.
Na escola, por exemplo, quando brigava com alguém (isto é, todos os dias, já que eu era um garoto espevitado e turbulento, embora não necessariamente agressivo), evitava chorar quando levava uns cascudos. Não o fazia, pelo menos, na frente dos colegas. Com isso, granjeei certo respeito da turma. Ademais, nunca apanhava sem dar, também, uns bons bofetes no rival, não importava seu tamanho.
Claro que quando ninguém me via, me debulhava em lágrimas. Mas tinha o cuidado de não aparecer na frente dos colegas com os olhos vermelhos. Não podia deixar que meu prestígio ficasse arranhado. Até hoje, ainda tenho esse comportamento tolo, embora seja um manteiga derretida de primeiríssima. Sou um feixe de emotividade, mas sei disfarçar bem. Pelo menos, acho que sei.
Nem a mulher e nem os filhos, e muito menos amigos e desafetos, podem dizer que já me viram chorando. Certamente, não viram. Por que? Chorar é algum demérito? Em absoluto! Mas evito-o por mero condicionamento de infância. Em certas circunstâncias, o choro é um santo remédio. Alivia tensões e causa uma agradável sensação de descanso, de repouso, de paz.
Quando assisto a algum filme que me emociona (não, evidentemente, os “Sexta-feira 13” da vida e outras tantas porcarias que Hollywood nos impinge), na companhia da mulher, ou dos filhos, às vezes me vejo em palpos de aranha para disfarçar minhas lágrimas. Invariavelmente, recorro ao conhecidíssimo estratagema do “cisco no olho”. Só não tenho certeza se quem me acompanha nessas ocasiões acredita ou não nessa manjada e esfarrapadíssima desculpa. Claro que não haveria mal algum em chorar, mesmo que diante de uma multidão. Reitero, contudo, que não consigo escapar daquele condicionamento de infância que mencionei: “O homem não chora”.
Será que não? Suspeito que ocorra exatamente ao contrário. Talvez não emita lágrimas na maioria dos seus “prantos”, mas todos vivemos a chorar o tempo todo, ou por acharmos que nossos projetos vão dar com os burros n’água, ou de emoção por haverem dado certo ou por “n” outras razões. O choro é a coisa mais constante e comum no mundo todo. E não me refiro ao das mulheres, mas dos marmanjos metidos a “durões”.
Entre os jogadores de futebol e torcedores, por exemplo, até já se consagrou o famoso “chororo”. Ou seja, as reclamações de atletas, técnicos, dirigentes e torcida do time perdedor. Eles atribuem, invariavelmente, (às vezes com razão, outras tantas sem motivo algum) à má atuação dos árbitros as derrotas conseqüentes da sua incompetência em campo. Isso não deixa de ser uma espécie de “choro”. E dos mais tolos e chatos.
Há, até, quem chore de verdade nessas ocasiões (e não são poucos). Principalmente se o fracasso em campo resultar em rebaixamento do seu time para alguma divisão inferior. Quando o Corinthians foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, foi uma choradeira infernal, de milhares de pessoas, que se sentiram como se houvessem perdido algum ente querido.
No ano passado, o mesmo ocorreu com os torcedores do Vasco da Gama. Houve, até, um maluco que tentou o suicídio, ameaçando se jogar da cobertura do Estádio de São Januário, inconformado com o rebaixamento do seu time.. Felizmente, foi contido a tempo.
“O homem não chora”? Quem foi que disse? Só pode ter sido algum marmanjo e, provavelmente, dos mais chorões. O homem chora, sim, e com muito mais freqüência e bem mais feio do que o choro feminino. O choro das mulheres encanta-me, particularmente, e me comove (não raro até às lágrimas). Acho-o poético, belo, sublime. Não resisto à mulher que chora! Mas o choro de marmanjo..... Tenha a santa paciência!
O escritor francês, François Chateaubriand, escreveu a respeito, mas muita gente não gostou da sua observação. Sua constatação, contudo, é para lá de oportuna e, sobretudo, verdadeira. Afirmou, em um dos seus tantos textos: “A vida obriga-nos incessantemente a chorar, quer por antecipação, quer por recordação”. Ou não é o que acontece?! O homem não chora?! Ora, ora, ora, que mentira mais deslavada!
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