Há cenas bucólicas, aparentemente banais, em geral bastante simples, que sem que nos apercebamos, ficam gravadas para sempre em nossa memória e que, quando as lembramos, o fazemos com deleite e satisfação. Paisagens, pessoas bonitas e bondosas, atos de nobreza e solidariedade, acontecimentos marcantes dos quais participamos como personagens, ou meros espectadores, formam uma espécie de álbum de imagens, que nos inspiram e consolam em momentos de tristeza e solidão. É um privilégio podermos ler, por exemplo, versos singelos, de uma beleza que chega a doer de tão intensa, como estes dois tercetos do soneto “Recreio”, do poeta português Alberto de Serpa: “Na claridade da manhã primaveril,/ao lado da brancura lavada da escola,/as crianças confraternizam-se com a alegria das aves.//E o sol abre-lhes rosas nas faces saudáveis/a mão doce do vento afaga-lhes os cabelos,/- um sol discreto que se esconde às vezes entre nuvens brancas”.
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