Muitas vezes nos esquecemos de como éramos num passado relativamente recente, na adolescência, por exemplo, quando tínhamos sonhos grandiosos, ideais ousados e projetos embora fantasiosos, que mostravam nosso vigor físico e intelectual. Fisicamente, éramos belos e espiritualmente, éramos ingênuos, de uma ingenuidade sadia por sinal. Muito de tudo disso, não raro, acabou se perdendo no tempo, sem que déssemos conta. Subitamente, como num lampejo, nos lembramos de como éramos e constatamos que ainda somos os mesmos, do ponto de vista espiritual. Claro que somos outros, bem diferentes, porém, no aspecto físico. Só nos damos conta disso quando encontramos alguma fotografia antiga, dos tempos da juventude. Mas o que é a aparência? Por que nos preocuparmos com ela? O poeta Mauro Sampaio escreveu o seguinte, em seu poema “Distanciamento”, sobre esses eventuais reencontros conosco: “Por onde andei escondido por tanto tempo?/Hoje, em um retrato antigo reencontrei-me ontem./E perdi-me inexoravelmente de mim, em meu espelho”.
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