Pedro J. Bondaczuk
A luta – por uma pessoa, uma profissão, um status, uma idéia, um sonho, um objetivo, qualquer que seja – é, não raro, mais fascinante (e importante) do que aquilo pelo que se lutou. Mobiliza nossas reservas de energia, concentra nossa atenção, requer cuidadoso planejamento e exige de nós que desenvolvamos (e utilizemos) a capacidade de improvisação, quando o que se planejou, por algum motivo alheio ao nosso controle, não dá certo, o que é muito comum e até corriqueiro.
Considero-me um lutador nato (em certa medida, todos são, embora uns mais e outros menos). Não me refiro à luta no sentido físico, claro, o da briga, do desforço pessoal, da agressão mesmo que justa e motivada contra eventuais adversários (quando não inimigos), pois considero isso desperdício de tempo e de capacidade.
Todavia, os obstáculos que encontro em meu caminho não me desanimam. Pelo contrário, desafiam-me, estimulam-me e me excitam. Tudo o que consegui na vida foi dessa maneira e não me lamento por isso. Pelo contrário, considero-me privilegiado pela oportunidade de, pelo menos, poder lutar por meus objetivos, mesmo que alguns ainda pareçam estar muito distantes do meu alcance ou até mesmo se insinuem inalcançáveis.
Sempre que penso no assunto, vem-me à mente a saga do povo hebreu rumo à terra prometida. Por muito tempo seus membros permaneceram cativos no Egito, sem terra, sem pátria, mas com inflexível crença num único Deus, imaterial, invisível, sem imagem (ao contrário de outras etnias), porém infinito e eterno, onisciente e onipresente, criador do universo, fonte de toda a sabedoria, justiça e amor. Tratava-se de um conceito insólito, elevado demais para as mentes primitivas dos homens daquele tempo, reféns de lendas e de superstições.
Durante o prolongado e aflitivo cativeiro, somente uma vaga promessa divina – de uma terra maravilhosa que “manava leite e mel” – manteve aquelas pessoas simples, sem pátria, sem posses e, sobretudo, sem liberdade, unidas e mobilizadas. Muitas, certamente, desanimaram (o que é normal e previsível nessas circunstâncias) e perderam a grande oportunidade das suas vidas. Outras, porém... perseveraram e creram, contra a lógica e todas as evidências.
Meses, anos, décadas foram passando, as gerações se sucedendo, e nada de libertação. O povo carecia de um líder, determinado e forte, com vontade inflexível e fé inabalável, para concretizar aquele “milagre”. Tudo apontava no sentido da impossibilidade da concretização desse sonho... Era elevado demais. Era sumamente ousado. Raiava o impossível. Até que surgiu em cena Moisés. E todos sabem o que (e como) aconteceu.
Todavia, a saída do Egito, e a miraculosa travessia do Mar Vermelho, não significaram o fim da luta do povo hebreu. Na verdade, foi somente o começo. Havia longo e inóspito deserto a ser vencido antes de alcançar a tão sonhada terra prometida. Foram longos, penosos e duríssimos quarenta anos de sacrifícios, sobressaltos, desânimos, exortações e fortalecimento espiritual, necessários para consolidar a coesão nacional e estabelecer as bases legais (e, sobretudo, morais) para o estabelecimento do novo Estado.
Toda uma geração, porém, não sentiu o saboroso gostinho da vitória. Inclusive o grande líder e construtor da nacionalidade, Moisés, não entrou jamais em Canaã. Apenas viu, de relance, numa visão panorâmica, do alto de um monte, quando, abatido pelos anos e cansado de tanto lutar, estava prestes a morrer, a prometida terra de onde “manava leite e mel”. Para o povo hebreu (para boa parte dele, pelo menos) e, sobretudo, para seu ousado e determinado condutor, valeu muito mais a luta do que propriamente a conquista.
Assim somos nós. Muitas vezes somos cativos de um cotidiano maçante e banal, de uma rotina medíocre e desgastante e parece que nossos sonhos jamais terão a menor chance de se concretizar. Se permanecermos passivos, à espera que outros façam o que nos compete fazer, não se concretizarão mesmo e jamais. Só teremos alguma possibilidade, mesmo que remotíssima, de êxito, se nos dispusermos a agir. Ademais, precisaremos ter os pés no chão, cientes da necessidade de atravessar inóspito e perigoso deserto, se quisermos alcançar esse nosso objetivo.
É possível, em alguns casos, que completada, com ingentes sacrifícios, a travessia, nos decepcionemos com o que virmos à nossa frente. Pode acontecer da “terra prometida” não ser fértil, como imaginávamos, e muito menos “manar leite e mel”. Como saber, porém? Atravessando o deserto!
Se o objetivo não for condizente com os sonhos, a luta, certamente, terá valido a pena. Teremos feito a maior conquista que um homem pode fazer: a de nós mesmos. Pois, como afirmou, metaforicamente, o psicólogo inglês Havelock Ellis: “Uma terra prometida sempre fica do outro lado do deserto”. Sempre e sempre...
A luta – por uma pessoa, uma profissão, um status, uma idéia, um sonho, um objetivo, qualquer que seja – é, não raro, mais fascinante (e importante) do que aquilo pelo que se lutou. Mobiliza nossas reservas de energia, concentra nossa atenção, requer cuidadoso planejamento e exige de nós que desenvolvamos (e utilizemos) a capacidade de improvisação, quando o que se planejou, por algum motivo alheio ao nosso controle, não dá certo, o que é muito comum e até corriqueiro.
Considero-me um lutador nato (em certa medida, todos são, embora uns mais e outros menos). Não me refiro à luta no sentido físico, claro, o da briga, do desforço pessoal, da agressão mesmo que justa e motivada contra eventuais adversários (quando não inimigos), pois considero isso desperdício de tempo e de capacidade.
Todavia, os obstáculos que encontro em meu caminho não me desanimam. Pelo contrário, desafiam-me, estimulam-me e me excitam. Tudo o que consegui na vida foi dessa maneira e não me lamento por isso. Pelo contrário, considero-me privilegiado pela oportunidade de, pelo menos, poder lutar por meus objetivos, mesmo que alguns ainda pareçam estar muito distantes do meu alcance ou até mesmo se insinuem inalcançáveis.
Sempre que penso no assunto, vem-me à mente a saga do povo hebreu rumo à terra prometida. Por muito tempo seus membros permaneceram cativos no Egito, sem terra, sem pátria, mas com inflexível crença num único Deus, imaterial, invisível, sem imagem (ao contrário de outras etnias), porém infinito e eterno, onisciente e onipresente, criador do universo, fonte de toda a sabedoria, justiça e amor. Tratava-se de um conceito insólito, elevado demais para as mentes primitivas dos homens daquele tempo, reféns de lendas e de superstições.
Durante o prolongado e aflitivo cativeiro, somente uma vaga promessa divina – de uma terra maravilhosa que “manava leite e mel” – manteve aquelas pessoas simples, sem pátria, sem posses e, sobretudo, sem liberdade, unidas e mobilizadas. Muitas, certamente, desanimaram (o que é normal e previsível nessas circunstâncias) e perderam a grande oportunidade das suas vidas. Outras, porém... perseveraram e creram, contra a lógica e todas as evidências.
Meses, anos, décadas foram passando, as gerações se sucedendo, e nada de libertação. O povo carecia de um líder, determinado e forte, com vontade inflexível e fé inabalável, para concretizar aquele “milagre”. Tudo apontava no sentido da impossibilidade da concretização desse sonho... Era elevado demais. Era sumamente ousado. Raiava o impossível. Até que surgiu em cena Moisés. E todos sabem o que (e como) aconteceu.
Todavia, a saída do Egito, e a miraculosa travessia do Mar Vermelho, não significaram o fim da luta do povo hebreu. Na verdade, foi somente o começo. Havia longo e inóspito deserto a ser vencido antes de alcançar a tão sonhada terra prometida. Foram longos, penosos e duríssimos quarenta anos de sacrifícios, sobressaltos, desânimos, exortações e fortalecimento espiritual, necessários para consolidar a coesão nacional e estabelecer as bases legais (e, sobretudo, morais) para o estabelecimento do novo Estado.
Toda uma geração, porém, não sentiu o saboroso gostinho da vitória. Inclusive o grande líder e construtor da nacionalidade, Moisés, não entrou jamais em Canaã. Apenas viu, de relance, numa visão panorâmica, do alto de um monte, quando, abatido pelos anos e cansado de tanto lutar, estava prestes a morrer, a prometida terra de onde “manava leite e mel”. Para o povo hebreu (para boa parte dele, pelo menos) e, sobretudo, para seu ousado e determinado condutor, valeu muito mais a luta do que propriamente a conquista.
Assim somos nós. Muitas vezes somos cativos de um cotidiano maçante e banal, de uma rotina medíocre e desgastante e parece que nossos sonhos jamais terão a menor chance de se concretizar. Se permanecermos passivos, à espera que outros façam o que nos compete fazer, não se concretizarão mesmo e jamais. Só teremos alguma possibilidade, mesmo que remotíssima, de êxito, se nos dispusermos a agir. Ademais, precisaremos ter os pés no chão, cientes da necessidade de atravessar inóspito e perigoso deserto, se quisermos alcançar esse nosso objetivo.
É possível, em alguns casos, que completada, com ingentes sacrifícios, a travessia, nos decepcionemos com o que virmos à nossa frente. Pode acontecer da “terra prometida” não ser fértil, como imaginávamos, e muito menos “manar leite e mel”. Como saber, porém? Atravessando o deserto!
Se o objetivo não for condizente com os sonhos, a luta, certamente, terá valido a pena. Teremos feito a maior conquista que um homem pode fazer: a de nós mesmos. Pois, como afirmou, metaforicamente, o psicólogo inglês Havelock Ellis: “Uma terra prometida sempre fica do outro lado do deserto”. Sempre e sempre...
2 comments:
A terra prometida é a terra dos sonhos. Talvez os sonhadores somos simplesmente, caminhantes.
Não falei ainda, mas adorei seu texto.
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