Quando contemplamos, absortos e distraídos, um cenário deslumbrante, de extrema beleza – um sol dourado sobre um vasto trigal maduro; um lago de águas serenas e cristalinas cercado por um bosque verdejante; uma noite clara e enluarada com um céu salpicado de estrelas – sentimos uma ânsia indefinida, um desejo incontido de viajar pelo espaço e conhecer outros mundos e maravilhas interditas aos olhos humanos. Sentimos que não somos daqui, deste lugar em que estamos, e que a vida não pode ser desperdiçada com picuinhas e ambições mesquinhas. Aflora em nós o artista que somos e que, às vezes, ou por timidez, ou por ignorância, ou em virtude das circunstâncias, ainda não descobrimos. Saber admirar o belo, e valorizá-lo, também é arte, posto que não se materialize em nenhuma obra. O poeta Mauro Sampaio escreve a respeito, nestes versos do poema “Inconformismo”: “E este sol/e esta lua neste céu dos desencontros/e este vôo sem destino dos anseios.//E... tão perto de mim as flores”.
No comments:
Post a Comment