O tempo interfere decisivamente no comportamento das pessoas e transforma vários princípios morais, tidos e havidos como intocáveis em determinadas épocas, para melhor ou para pior, dependendo das circunstâncias. Raros são os valores que permanecem intactos, não por milênios ou séculos, mas até mesmo por décadas ou somente por um par de anos. Aquilo que muitas vezes consideramos como dogma incontestável em determinada época, com as novas experiências de vida que temos, não raro cai por terra, substituído por novas convicções. Melhores? Piores? É impossível de avaliar. Machado de Assis escreveu o seguinte, a respeito, em uma de suas crônicas: “O tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais”. E esse processo de transformação não se dá, apenas, nesse terreno, mas em tudo o que somos, pensamos e fazemos. Porquanto o tempo, muitas vezes, age como um químico desastrado, desses que misturam substâncias erradas e explodem o laboratório.
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