Preocupamo-nos em presentear a pessoa amada com objetos materiais que julgamos de grande valor, no afã de que ela entenda que essa é a nossa maneira de lhe mostrarmos apreço. Estas dádivas, porém, são apenas simbólicas e duram pouco na memória de quem as recebe. O maior presente que lhe podemos ofertar, todavia, não é concreto, mas abstrato. É um carinho silencioso, espontâneo e meigo, sem hora marcada. É um beijo súbito e inesperado nos momentos que a julgarmos aflita e solitária. É a afeição constante, que se reflete até nos gestos que consideramos pequenos, mas que para ela são maiúsculos e fundamentais. É, sobretudo, a perpétua e férrea fidelidade, que mostre, por si só, que é indestrutível. Objetos materiais? Para quê? O que vale, intrinsecamente, uma jóia, por mais rara e bela que seja? Serve para comer? Não! Apenas para enfeitar. Por que doar flores, se estas logo murcham? Melhor seria deixá-las no jardim, no esplendor da vida. O poeta Mauro Sampaio nos deixou uma preciosa e lírica lição a respeito nestes versos do poema “Fidelidade”: “Amada! Neste final de inverno,/onde buscar rosas/senão em nossas mãos entrelaçadas?”.
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