Tema recorrente e essencial
Pedro J. Bondaczuk
A questão do autoconhecimento é muito mais complexa do que muitos se mostram dispostos a admitir. É tema explorado, desde a remota antiguidade, por filósofos de diversas correntes e nunca se chegou a um consenso. O único ponto em que todos parecem concordar é quanto a sua necessidade, o que entendo ser o óbvio. Daí a minha insistência nesse assunto, que se tornou recorrente em minhas reflexões.
É possível que venhamos a nos conhecer, de fato, e em profundidade? Ouso dizer que sim. Mas esse conhecimento não é automático, não se dá instintivamente ou por algum passe de magia. Para alcançá-lo, temos, por exemplo, que abrir mão de vaidades, de autocomplacência e de um sem número de ilusões a nosso próprio respeito. Temos que nos auto-analisar profundamente, que definir nossos conceitos e crenças e catalogar nossos desejos. Mas com toda a sinceridade e frieza científica, não ocultando nada de nós mesmos. E essa ocultação é possível? Não somente é possível, como é freqüente. Caso concluamos que não somos tão bons, ou tão ruins, como achávamos, podemos (e devemos) mudar no primeiro caso e buscar melhorar ainda mais, no segundo, nossas idéias, nossos afetos e, principalmente nossas ações.
Só conhecemos, de fato, o alcance das nossas convicções, quando elas vierem a ser testadas diante de circunstâncias concretas. Só teremos certeza a propósito das nossas forças e de nossas fraquezas, quando formos instados a utilizá-las, e no seu limite, para superar algum obstáculo físico de grande envergadura, aparentemente intransponível.
Caso todos tivessem o tão propalado autoconhecimento, não haveria tanta gente, mundo afora, recorrendo, não raro desesperadas e cheias de angústia, a especialistas para fazerem análise e assim descobrirem a origem, a raiz, o foco dos problemas psicológicos, afetivos e/ou comportamentais que as afligem.
As pessoas, no processo acelerado de massificação pelo qual o mundo atravessa neste início de milênio, sequer param para pensar qual a razão de suas existências. Não especulam (salvo exceções, naturalmente) acerca do que estão fazendo sobre a face da Terra. Em suma, não se entendem e nem procuram se entender. Não se estimam e nem se desestimam. Vivem porque vivem, e pronto! E vocês acham que essas pessoas se conhecem? Duvido!
E se não têm um grau de estima genuíno por si próprias, não podem, jamais, sentir qualquer coisa de realmente profundo pelos outros. Daí a solidão que domina tanta gente. Daí a fuga para os “paraísos” artificiais das drogas e do alcoolismo (na verdade infernos), recurso que as complica de vez e, normalmente, as destrói. Daí a violência crescente que pode nos destruir a todos. O que tais pessoas precisam é de objetivos claros e de um mínimo de autoconhecimento, além, claro, do indispensável bom senso.
Somos dotados de insaciável curiosidade, e isso é bom, porquanto esta é a "mãe" de toda a sabedoria. Procuramos conhecer de tudo, quer esse conhecimento nos conduza a uma evolução, quer nos traga até riscos de sofrer retrocessos ou mesmo nos leve, em casos extremos, à autodestruição (como são os casos dos segredos do átomo e da estrutura genética, capazes de fazer a espécie humana desaparecer do universo, se utilizados de forma inadequada).
O conhecimento de que mais necessitamos, porém, o auto-conhecimento, reitero, é relegado a um segundo plano, como se fosse desnecessário. Ledo engano! As pessoas relutam em assumir essa tarefa – e a maioria não a assume jamais e sequer chega a tentar –, possivelmente temerosas do que possam vir a descobrir a seu respeito. Todavia, só conhecendo, de fato, nossas potencialidades e vulnerabilidades teremos condições de evoluir e, quem sabe, voar tão alto a ponto de alcançar as estrelas. Por isso, vale o esforço.
Essa tarefa tem um sentido prático e não se trata de mera satisfação de curiosidades. Contra o desânimo o único remédio que funciona é persistir, persistir e persistir. Não há outro caminho para se chegar ao topo da montanha. A única estratégia cabível é a de valorizar o que a pessoa é e aquilo que já conquistou. E como saber isso sem se conhecer de fato? É impossível!
Claro que o saber não ocupa lugar e quanto mais se sabe, mais habilitados estaremos para encarar qualquer desafio, não importa de que natureza e intensidade. É a informação exata e profunda, sobre todos e sobre tudo (e principalmente sobre nós mesmos), que nos aponta estratégias e caminhos a seguir. É o estímulo à criatividade.
Mas é preciso ter ambição (aquela sadia e não essa tolice de juntar, e juntar e juntar bugigangas, que chamamos de riquezas) e querer sempre mais, sem medir esforços para a obtenção do que se deseja. Claro, desde que o desejado seja lícito, saudável, útil, não fira direitos alheios e redunde em algum progresso, nosso e alheio. Nesses casos, é preciso querer o máximo, para se obter o mínimo.
Os objetivos, todavia, têm que ser factíveis, mesmo que minimamente. É inútil correr atrás de sombras, de fantasmas, de miragens que se desfazem tão logo se chega perto. “Realismo” é a palavra-chave nesses casos. Não podemos e não devemos é tirar os pés do chão na hora de agir.
Os adolescentes são mais sensíveis quanto ao que aprendem na rua, na escola, na igreja etc., do que em sua casa. Acabamos sendo influenciados, às vezes decisivamente, pelo meio em que vivemos. Reagimos (para o bem e para o mal) muito em função das circunstâncias, do momento, das oportunidades.
O que o indivíduo precisa, de preferência desde tenra idade, quando ainda está na fase de formação da personalidade, é das informações básicas que o conduzam ao autoconhecimento. Somente se conhecendo, reitero pela enésima vez, estará capacitado a fazer a escolha do que entender ser o melhor para ele. Se errar, paciência. Será um fracassado e infeliz. Precisará ter um objetivo na vida, que seja factível e de preferência de caráter altruísta, que lhe direcione as ações. Só assim se sentirá realizado e feliz. Claro, até o ponto em que tal realização e que a tão ambicionada felicidade forem possíveis.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A questão do autoconhecimento é muito mais complexa do que muitos se mostram dispostos a admitir. É tema explorado, desde a remota antiguidade, por filósofos de diversas correntes e nunca se chegou a um consenso. O único ponto em que todos parecem concordar é quanto a sua necessidade, o que entendo ser o óbvio. Daí a minha insistência nesse assunto, que se tornou recorrente em minhas reflexões.
É possível que venhamos a nos conhecer, de fato, e em profundidade? Ouso dizer que sim. Mas esse conhecimento não é automático, não se dá instintivamente ou por algum passe de magia. Para alcançá-lo, temos, por exemplo, que abrir mão de vaidades, de autocomplacência e de um sem número de ilusões a nosso próprio respeito. Temos que nos auto-analisar profundamente, que definir nossos conceitos e crenças e catalogar nossos desejos. Mas com toda a sinceridade e frieza científica, não ocultando nada de nós mesmos. E essa ocultação é possível? Não somente é possível, como é freqüente. Caso concluamos que não somos tão bons, ou tão ruins, como achávamos, podemos (e devemos) mudar no primeiro caso e buscar melhorar ainda mais, no segundo, nossas idéias, nossos afetos e, principalmente nossas ações.
Só conhecemos, de fato, o alcance das nossas convicções, quando elas vierem a ser testadas diante de circunstâncias concretas. Só teremos certeza a propósito das nossas forças e de nossas fraquezas, quando formos instados a utilizá-las, e no seu limite, para superar algum obstáculo físico de grande envergadura, aparentemente intransponível.
Caso todos tivessem o tão propalado autoconhecimento, não haveria tanta gente, mundo afora, recorrendo, não raro desesperadas e cheias de angústia, a especialistas para fazerem análise e assim descobrirem a origem, a raiz, o foco dos problemas psicológicos, afetivos e/ou comportamentais que as afligem.
As pessoas, no processo acelerado de massificação pelo qual o mundo atravessa neste início de milênio, sequer param para pensar qual a razão de suas existências. Não especulam (salvo exceções, naturalmente) acerca do que estão fazendo sobre a face da Terra. Em suma, não se entendem e nem procuram se entender. Não se estimam e nem se desestimam. Vivem porque vivem, e pronto! E vocês acham que essas pessoas se conhecem? Duvido!
E se não têm um grau de estima genuíno por si próprias, não podem, jamais, sentir qualquer coisa de realmente profundo pelos outros. Daí a solidão que domina tanta gente. Daí a fuga para os “paraísos” artificiais das drogas e do alcoolismo (na verdade infernos), recurso que as complica de vez e, normalmente, as destrói. Daí a violência crescente que pode nos destruir a todos. O que tais pessoas precisam é de objetivos claros e de um mínimo de autoconhecimento, além, claro, do indispensável bom senso.
Somos dotados de insaciável curiosidade, e isso é bom, porquanto esta é a "mãe" de toda a sabedoria. Procuramos conhecer de tudo, quer esse conhecimento nos conduza a uma evolução, quer nos traga até riscos de sofrer retrocessos ou mesmo nos leve, em casos extremos, à autodestruição (como são os casos dos segredos do átomo e da estrutura genética, capazes de fazer a espécie humana desaparecer do universo, se utilizados de forma inadequada).
O conhecimento de que mais necessitamos, porém, o auto-conhecimento, reitero, é relegado a um segundo plano, como se fosse desnecessário. Ledo engano! As pessoas relutam em assumir essa tarefa – e a maioria não a assume jamais e sequer chega a tentar –, possivelmente temerosas do que possam vir a descobrir a seu respeito. Todavia, só conhecendo, de fato, nossas potencialidades e vulnerabilidades teremos condições de evoluir e, quem sabe, voar tão alto a ponto de alcançar as estrelas. Por isso, vale o esforço.
Essa tarefa tem um sentido prático e não se trata de mera satisfação de curiosidades. Contra o desânimo o único remédio que funciona é persistir, persistir e persistir. Não há outro caminho para se chegar ao topo da montanha. A única estratégia cabível é a de valorizar o que a pessoa é e aquilo que já conquistou. E como saber isso sem se conhecer de fato? É impossível!
Claro que o saber não ocupa lugar e quanto mais se sabe, mais habilitados estaremos para encarar qualquer desafio, não importa de que natureza e intensidade. É a informação exata e profunda, sobre todos e sobre tudo (e principalmente sobre nós mesmos), que nos aponta estratégias e caminhos a seguir. É o estímulo à criatividade.
Mas é preciso ter ambição (aquela sadia e não essa tolice de juntar, e juntar e juntar bugigangas, que chamamos de riquezas) e querer sempre mais, sem medir esforços para a obtenção do que se deseja. Claro, desde que o desejado seja lícito, saudável, útil, não fira direitos alheios e redunde em algum progresso, nosso e alheio. Nesses casos, é preciso querer o máximo, para se obter o mínimo.
Os objetivos, todavia, têm que ser factíveis, mesmo que minimamente. É inútil correr atrás de sombras, de fantasmas, de miragens que se desfazem tão logo se chega perto. “Realismo” é a palavra-chave nesses casos. Não podemos e não devemos é tirar os pés do chão na hora de agir.
Os adolescentes são mais sensíveis quanto ao que aprendem na rua, na escola, na igreja etc., do que em sua casa. Acabamos sendo influenciados, às vezes decisivamente, pelo meio em que vivemos. Reagimos (para o bem e para o mal) muito em função das circunstâncias, do momento, das oportunidades.
O que o indivíduo precisa, de preferência desde tenra idade, quando ainda está na fase de formação da personalidade, é das informações básicas que o conduzam ao autoconhecimento. Somente se conhecendo, reitero pela enésima vez, estará capacitado a fazer a escolha do que entender ser o melhor para ele. Se errar, paciência. Será um fracassado e infeliz. Precisará ter um objetivo na vida, que seja factível e de preferência de caráter altruísta, que lhe direcione as ações. Só assim se sentirá realizado e feliz. Claro, até o ponto em que tal realização e que a tão ambicionada felicidade forem possíveis.
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