A mulher conquista a TV
Pedro J. Bondaczuk
A mulher vem conquistando, com muita justiça, diga-se de passagem, importantes espaços em todos os campos de atividade. Como não poderia deixar de ser, isso também é verdadeiro no que se refere às comunicações e, no nosso caso específico, a televisão. Várias profissionais brilhantes vêm fazendo, há anos, a alegria dos telespectadores que acompanham novelas, por exemplo, encantando com o seu talento e a sua beleza. Agora essa participação feminina está estendendo-se ao jornalismo. Mas não apenas na qualidade de repórter, função hoje desempenhada por uma maioria feminina. Também como apresentadoras de telejornais, as mulheres vêm dando o recado, de maneira igual, ou até mesmo melhor, do que os homens. Competência, afinal, está mais do que demonstrado, independe de sexo.
Aqui em nossa cidade, por exemplo, o departamento de jornalismo da TV Campinas é comandado pela competente profissional Mara Rúbia Vieira. E as três edições do Jornal Regional ganharam mais charme e graça, sem perderem o conteúdo (ao contrário, até ganhando um pouco), através das apresentações de Suzana Rangel e de Valéria Monteiro.
Na Rede Globo, o destaque fica para Leilane Neubarth, no "Jornal da Globo". Mas o canal em que elas parecem ter mais vez, segundo pudemos observar, é o 13. A Bandeirantes conta, entre outras, com Belisa Ribeiro, Lilian Wite Fibe e Marília Gabriela, especificamente nessa área da comunicação.
Se formos para outros setores encontraremos, inclusive, a única "show-woman" autêntica da televisão brasileira, na figura dessa simpática criatura, que tivemos a feliz oportunidade de conhecer pessoalmente há 35 anos, chamada Hebe Camargo. Há anos ela vem entrevistando personalidades. E embora criticada por muitos, é uma das profissionais do ramo mais disputadas. Todas as vezes que o seu contrato está para expirar, é aquela correria. Só isso já mostra o seu valor.
Nessa relação de comunicadoras não podemos no7s esquecer da professora Sandra Cavalcanti, comentarista da Rede Manchete, mulher brilhante que já demonstrou seus dotes inclusive na política, onde chegou a presidir o Banco Nacional da Habitação e a disputar o governo do Estado do Rio de Janeiro. Seus comentários e opiniões têm se revelado muito sensatos e judiciosos e sua própria imagem é bastante comunicativa por si só.
O interessante é que nem mesmo na árida área econômica as mulheres se fazem ausentes nos dias que correm. Essa abertura para a participação feminina numa editoria eminentemente técnica, começou com Belisa Ribeiro, quando ela ainda defendia o prefixo da Rede Globo. A maior emissora brasileira, no ano de 1984, contou também com o concurso de Lilian Wite Fibe, que ali, entretanto, não gozou do mesmo espaço com que conta atualmente na Rede Bandeirantes.
Neste domingo tivemos a oportunidade de assistir, no canal 13, a três programas consecutivos na área jornalística. E por feliz coincidência, todos eles comandados por mulheres. O primeiro foi o "Dia D", onde Belisa deu um show de competência e de segurança, como aliás há tempos vem sendo do seu feitio. A seguir, no "Sete Minutos", Lilian resumiu o movimento econômico da semana passada e forneceu as pistas para os melhores investimentos nesta. Tudo com uma segurança, uma precisão e uma tarimba de fazer inveja a muito economista bom que existe por aí.
Posteriormente, essa mesma profissional comandou o "Crítica & Autocrítica", entrevistando o diretor da Cacex, Roberto Fendt. Entrou num terreno antes reservado exclusivamente a meia dúzia de "gurus", que é o de comércio exterior, cheio de jargões característicos e de operações complicadas. Todavia, Lilian conseguiu, com raras, mas oportunas intervenções, "trocar em miúdos" um tema tão árido, tornando-o acessível e assimilável ao grande público.
Prova disso foram as diversas perguntas formuladas por telefone pelos telespectadores. Todas elas pertinentes e esclarecedoras. Sinal que aqueles que estavam acompanhando a entrevista compreenderam razoavelmente o que foi exposto.
Essa colocação que estamos fazendo, ressaltando a competência feminina, há tempos já se tornou uma questão de justiça. A maior parte dos críticos de televisão entende que a sua função é apenas a "malhação", inconseqüente e gratuita. E quando a mulher é mencionada nessas colunas, o é tão somente para ter ressaltado algum atributo físico, quando não para alimentar alguma fofoca. É claro que ver no receptor de nossa casa um rosto bonito, simpático e sorridente faz um bem enorme à nossa sensibilidade. Mas esse exercício se enriquece ainda mais quando, acompanhando essa bela estampa, está uma inteligência ágil, fértil e sem empáfia.
Os casos que mencionamos acima desfazem, de vez, aquela máxima que afirma que toda mulher bonita é burra. O que temos é profissionais esbanjando competência, sem perder nada de sua feminilidade.
(Artigo publicado na página 22, Arte & Variedades, do Correio Popular em 17 de janeiro de 1986)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A mulher vem conquistando, com muita justiça, diga-se de passagem, importantes espaços em todos os campos de atividade. Como não poderia deixar de ser, isso também é verdadeiro no que se refere às comunicações e, no nosso caso específico, a televisão. Várias profissionais brilhantes vêm fazendo, há anos, a alegria dos telespectadores que acompanham novelas, por exemplo, encantando com o seu talento e a sua beleza. Agora essa participação feminina está estendendo-se ao jornalismo. Mas não apenas na qualidade de repórter, função hoje desempenhada por uma maioria feminina. Também como apresentadoras de telejornais, as mulheres vêm dando o recado, de maneira igual, ou até mesmo melhor, do que os homens. Competência, afinal, está mais do que demonstrado, independe de sexo.
Aqui em nossa cidade, por exemplo, o departamento de jornalismo da TV Campinas é comandado pela competente profissional Mara Rúbia Vieira. E as três edições do Jornal Regional ganharam mais charme e graça, sem perderem o conteúdo (ao contrário, até ganhando um pouco), através das apresentações de Suzana Rangel e de Valéria Monteiro.
Na Rede Globo, o destaque fica para Leilane Neubarth, no "Jornal da Globo". Mas o canal em que elas parecem ter mais vez, segundo pudemos observar, é o 13. A Bandeirantes conta, entre outras, com Belisa Ribeiro, Lilian Wite Fibe e Marília Gabriela, especificamente nessa área da comunicação.
Se formos para outros setores encontraremos, inclusive, a única "show-woman" autêntica da televisão brasileira, na figura dessa simpática criatura, que tivemos a feliz oportunidade de conhecer pessoalmente há 35 anos, chamada Hebe Camargo. Há anos ela vem entrevistando personalidades. E embora criticada por muitos, é uma das profissionais do ramo mais disputadas. Todas as vezes que o seu contrato está para expirar, é aquela correria. Só isso já mostra o seu valor.
Nessa relação de comunicadoras não podemos no7s esquecer da professora Sandra Cavalcanti, comentarista da Rede Manchete, mulher brilhante que já demonstrou seus dotes inclusive na política, onde chegou a presidir o Banco Nacional da Habitação e a disputar o governo do Estado do Rio de Janeiro. Seus comentários e opiniões têm se revelado muito sensatos e judiciosos e sua própria imagem é bastante comunicativa por si só.
O interessante é que nem mesmo na árida área econômica as mulheres se fazem ausentes nos dias que correm. Essa abertura para a participação feminina numa editoria eminentemente técnica, começou com Belisa Ribeiro, quando ela ainda defendia o prefixo da Rede Globo. A maior emissora brasileira, no ano de 1984, contou também com o concurso de Lilian Wite Fibe, que ali, entretanto, não gozou do mesmo espaço com que conta atualmente na Rede Bandeirantes.
Neste domingo tivemos a oportunidade de assistir, no canal 13, a três programas consecutivos na área jornalística. E por feliz coincidência, todos eles comandados por mulheres. O primeiro foi o "Dia D", onde Belisa deu um show de competência e de segurança, como aliás há tempos vem sendo do seu feitio. A seguir, no "Sete Minutos", Lilian resumiu o movimento econômico da semana passada e forneceu as pistas para os melhores investimentos nesta. Tudo com uma segurança, uma precisão e uma tarimba de fazer inveja a muito economista bom que existe por aí.
Posteriormente, essa mesma profissional comandou o "Crítica & Autocrítica", entrevistando o diretor da Cacex, Roberto Fendt. Entrou num terreno antes reservado exclusivamente a meia dúzia de "gurus", que é o de comércio exterior, cheio de jargões característicos e de operações complicadas. Todavia, Lilian conseguiu, com raras, mas oportunas intervenções, "trocar em miúdos" um tema tão árido, tornando-o acessível e assimilável ao grande público.
Prova disso foram as diversas perguntas formuladas por telefone pelos telespectadores. Todas elas pertinentes e esclarecedoras. Sinal que aqueles que estavam acompanhando a entrevista compreenderam razoavelmente o que foi exposto.
Essa colocação que estamos fazendo, ressaltando a competência feminina, há tempos já se tornou uma questão de justiça. A maior parte dos críticos de televisão entende que a sua função é apenas a "malhação", inconseqüente e gratuita. E quando a mulher é mencionada nessas colunas, o é tão somente para ter ressaltado algum atributo físico, quando não para alimentar alguma fofoca. É claro que ver no receptor de nossa casa um rosto bonito, simpático e sorridente faz um bem enorme à nossa sensibilidade. Mas esse exercício se enriquece ainda mais quando, acompanhando essa bela estampa, está uma inteligência ágil, fértil e sem empáfia.
Os casos que mencionamos acima desfazem, de vez, aquela máxima que afirma que toda mulher bonita é burra. O que temos é profissionais esbanjando competência, sem perder nada de sua feminilidade.
(Artigo publicado na página 22, Arte & Variedades, do Correio Popular em 17 de janeiro de 1986)
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