De repente
Pedro J. Bondaczuk
De repente
caminho sozinho na rua,
embriagado de ternura e
de rum dos mais baratos.
Tagarelo com a lua,
cães ladram à minha passagem,
piso infinidade de estrelas,
navego num mar sem ondas.
De repente
retrocedo nas vias do tempo,
volto a ser menino,
futuro estampado na testa,
todo cheio de promessas
e mil tarefas a cumprir.
De repente
uma lágrima furtiva
trai os meus sentimentos
e grita, indiscreta, ao mundo
meu primeiro fracasso de amor.
De repente
estou numa encruzilhada,
numa estrada que parece reta,
sem saber para onde ir.
Sem placas indicativas,
sem que haja sequer seta
a indicar-me o destino,
o lugar a que quero chegar.
De repente
sinto-me enleado em seus braços
ardendo, me consumindo,
em imensa, avassaladora, voraz
fogueira de volúpia e paixão.
O côncavo enlaçando o convexo,
o êxtase oriundo do sexo
e o repouso da satisfação.
De repente,
vacilante e trôpego,
Atlas beirando a exaustão,
num cansaço profundo
por suportar nos ombros
todo o peso do mundo,
recito o Evangelho,
estou vazio e infecundo.
assumo a idade: estou velho!
De repente
estou no limiar do infinito
e num esforço ingente
solto abafado grito
que ecoa no infinito,
mas ninguém ouve ou sente.
A jornada está cumprida,
estou nos limites da vida
onde cheguei sem notar,
como num piscar de olhos,
lesto (e molesto), tão súbito:
não mais que de repente...
(Poema composto em Campinas, em 23 de setembro de 2011).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
De repente
caminho sozinho na rua,
embriagado de ternura e
de rum dos mais baratos.
Tagarelo com a lua,
cães ladram à minha passagem,
piso infinidade de estrelas,
navego num mar sem ondas.
De repente
retrocedo nas vias do tempo,
volto a ser menino,
futuro estampado na testa,
todo cheio de promessas
e mil tarefas a cumprir.
De repente
uma lágrima furtiva
trai os meus sentimentos
e grita, indiscreta, ao mundo
meu primeiro fracasso de amor.
De repente
estou numa encruzilhada,
numa estrada que parece reta,
sem saber para onde ir.
Sem placas indicativas,
sem que haja sequer seta
a indicar-me o destino,
o lugar a que quero chegar.
De repente
sinto-me enleado em seus braços
ardendo, me consumindo,
em imensa, avassaladora, voraz
fogueira de volúpia e paixão.
O côncavo enlaçando o convexo,
o êxtase oriundo do sexo
e o repouso da satisfação.
De repente,
vacilante e trôpego,
Atlas beirando a exaustão,
num cansaço profundo
por suportar nos ombros
todo o peso do mundo,
recito o Evangelho,
estou vazio e infecundo.
assumo a idade: estou velho!
De repente
estou no limiar do infinito
e num esforço ingente
solto abafado grito
que ecoa no infinito,
mas ninguém ouve ou sente.
A jornada está cumprida,
estou nos limites da vida
onde cheguei sem notar,
como num piscar de olhos,
lesto (e molesto), tão súbito:
não mais que de repente...
(Poema composto em Campinas, em 23 de setembro de 2011).
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