Canção do abandono
Pedro J. Bondaczuk
Dançam, na parede escura,
mil arabescos de luz...
São versos vagos, loucura
do poeta, que procura
a paz, que tanto o seduz.
Choram saudades plangentes.
Os sonhos me abandonaram.
Minhas emoções recentes,
as lembranças comoventes
que sempre em embalaram,
acho, ficaram doentes:
tornaram-se imprudentes,
sumiram, se evaporaram.
Sei que estou só, doravante,
sem emoção inconstante,
traidora contumaz.
Os meus erros eu assumo,
pretendo mudar meu rumo
e resgatar meu cartaz.
Quero rosas, frescas rosas,
coloridas, glamorosas,
mil rosas, e seus rebentos.
Não admito traições
nem das minhas emoções,
dos volúveis sentimentos.
Não quero má companhia.
Antes uma casa vazia
que fantasmas macilentos.
Tudo é pó, é abandono.
No jardim, mato a crescer.
É uma casa sem dono!
Estou cansado, com sono!
Não quero me arrepender!
A casa do coração
é moradia da dor.
Nego-me a dar o perdão
e conservo o meu rancor
por quem eu amei, em vão.
Ser carente de ternura
é minha pesada cruz!
Dançam, na parede escura,
mil arabescos de luz...
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 23 de março de 1964).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
Dançam, na parede escura,
mil arabescos de luz...
São versos vagos, loucura
do poeta, que procura
a paz, que tanto o seduz.
Choram saudades plangentes.
Os sonhos me abandonaram.
Minhas emoções recentes,
as lembranças comoventes
que sempre em embalaram,
acho, ficaram doentes:
tornaram-se imprudentes,
sumiram, se evaporaram.
Sei que estou só, doravante,
sem emoção inconstante,
traidora contumaz.
Os meus erros eu assumo,
pretendo mudar meu rumo
e resgatar meu cartaz.
Quero rosas, frescas rosas,
coloridas, glamorosas,
mil rosas, e seus rebentos.
Não admito traições
nem das minhas emoções,
dos volúveis sentimentos.
Não quero má companhia.
Antes uma casa vazia
que fantasmas macilentos.
Tudo é pó, é abandono.
No jardim, mato a crescer.
É uma casa sem dono!
Estou cansado, com sono!
Não quero me arrepender!
A casa do coração
é moradia da dor.
Nego-me a dar o perdão
e conservo o meu rancor
por quem eu amei, em vão.
Ser carente de ternura
é minha pesada cruz!
Dançam, na parede escura,
mil arabescos de luz...
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 23 de março de 1964).
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