Seleção com fama de retranqueira
Pedro J. Bondaczuk
A Copa do Mundo da Itália foi disputada de 8 de junho a 8 de julho de 1990, em exatos 30 dias. Após a sofrida e dramática classificação brasileira, havia grande expectativa da imprensa e da torcida quanto ao desempenho da seleção comandada por Sebastião Lazaroni.
Uma coisa não se podia negar: aquele grupo tinha raça. Mostrou isso nos dois jogos contra o Chile, nas eliminatórias. Mas só isso seria suficiente para conquistar o tetra, título que já estava virando uma obsessão, pois o Brasil não havia ganhado mais nenhuma Copa desde 1970, portanto, há vinte anos? Essa era a grande questão na época.
O futebol, há já algum tempo, vinha se transformando numa coisa chata, perdendo a espontaneidade e a alegria, sufocado pela força física e por esquemas defensivos que procuravam, antes e acima de tudo, anular o talento. E vinha conseguindo êxito.
O Brasil estreou em 10 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, em Turim, contra um adversário que tradicionalmente lhe opunha resistência, mas para o qual jamais perdeu, ou seja, a Suécia. Não jogou bem. Isso foi atribuído ao nervosismo da estréia. E (por que não admitir?) à forte e eficiente marcação sueca. A arbitragem desse jogo foi do italiano Tullio Lanese.
Sebastião Lazaroni mandou a campo: Taffarel, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca. Atuou no sistema 3-5-2, ao qual a maioria dos jogadores não estava habituada. Claro que choveram críticas a esse defensivismo exagerado do treinador, que, ademais, não gozava das simpatias da opinião pública, já que tamanha preocupação defensiva não condizia com as tradições brasileiras.
O primeiro tempo terminou com 1 a 0 para o Brasil, gol de Careca aos 40 minutos. O centroavante brasileiro voltaria a marcar aos 18 minutos da etapa final, mas os suecos diminuiriam o placar aos 34. O resultado final foi de 2 a 1 para a nossa seleção.
O adversário seguinte seria a Costa Rica, em 16 de junho de 1990, no mesmo estádio da estréia. A expectativa geral era a de uma goleada, dessas de lavar a alma do torcedor. A Seleção, porém, jogou uma partida horrorosa, sem inspiração e sem criatividade, decepcionando a “gregos e troianos”. Esse jogo foi arbitrado pelo tunisino Naji Jouini.
Ninguém se conformou com o fato do Brasil ter jogado com três zagueiros contra um adversário tão fraco e inexpressivo. Lazaroni, nesse dia, escalou esta equipe: Taffarel, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca (Bebeto).
A Seleção Brasileira venceu, é fato, mas não convenceu. O placar foi um magérrimo 1 a 0, construído aos 33 minutos do primeiro tempo por Müller e foi só. A partir daí, o pessimismo e o desânimo se generalizaram. Raros eram os torcedores que achavam que essa Seleção iria longe. Ela classificou-se, contudo, com 100% de aproveitamento, para as oitavas de final.
Seu último jogo da fase classificatória foi contra outro adversário chato, que volta e meia surge no caminho do Brasil: a Escócia. A partida foi realizada em 20 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, com arbitragem do austríaco Helmuth Kohl. E tome mais 3-5-2! Com duas seleções que privilegiavam as defesas, o resultado só poderia ser “magro”. E foi: 1 a 0 para o Brasil, gol de Müller aos 36 minutos do segundo tempo. Lazaroni mandou a campo: Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão; Romário (Müller) e Careca.
O adversário do Brasil, nas oitavas de final, seria o seu maior rival, e não apenas das Américas, mas do mundo todo: a Argentina. Até então, a Seleção Brasileira jamais havia perdido para a do nosso vizinho, em partidas de copas do mundo. A derrota, caso acontecesse, não seria nunca perdoada pela torcida, fosse qual fosse a circunstância em que ocorresse. Ademais, implicaria em mais uma eliminação brasileira de um Mundial.
No futebol, o resultado nem sempre reflete com fidelidade o que aconteceu no jogo. Mas é o que fica para a história. A partida entre o Brasil e a Argentina foi realizada em 24 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, com arbitragem do francês Joel Quiniou, que expulsou Ricardo Gomes aos 38 minutos do primeiro tempo.
Jogando praticamente toda a segunda etapa com um jogador a menos, a Seleção Brasileira fez sua melhor exibição nessa Copa. Não merecia perder. Mas abusou do direito de perder gols. Foi punida, claro, por isso. No futebol, há um ditado que diz que “quem não faz, toma”. O Brasil não concretizou as chances que teve. O castigo veio a cavalo.
A Argentina, na única chance real que teve, fez o gol, através de Caniggia, aos 35 minutos do segundo tempo, numa boa jogada de Maradona, e passou para a fase seguinte, nos mandando mais cedo para casa. A Seleção Brasileira atuou com: Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão (Renato), Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão (Silas); Müller e Careca.
Essa foi a Copa do Mundo com a menor média de gols de toda a história. E o Brasil, ao fugir das suas características ofensivas, com o contestado sistema tático adotado por Sebastião Laqzaroni, contribuiu para esse recorde negativo, marcando apenas quatro gols em quatro jogos. Não podia dar certo, como de fato não deu.
Pedro J. Bondaczuk
A Copa do Mundo da Itália foi disputada de 8 de junho a 8 de julho de 1990, em exatos 30 dias. Após a sofrida e dramática classificação brasileira, havia grande expectativa da imprensa e da torcida quanto ao desempenho da seleção comandada por Sebastião Lazaroni.
Uma coisa não se podia negar: aquele grupo tinha raça. Mostrou isso nos dois jogos contra o Chile, nas eliminatórias. Mas só isso seria suficiente para conquistar o tetra, título que já estava virando uma obsessão, pois o Brasil não havia ganhado mais nenhuma Copa desde 1970, portanto, há vinte anos? Essa era a grande questão na época.
O futebol, há já algum tempo, vinha se transformando numa coisa chata, perdendo a espontaneidade e a alegria, sufocado pela força física e por esquemas defensivos que procuravam, antes e acima de tudo, anular o talento. E vinha conseguindo êxito.
O Brasil estreou em 10 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, em Turim, contra um adversário que tradicionalmente lhe opunha resistência, mas para o qual jamais perdeu, ou seja, a Suécia. Não jogou bem. Isso foi atribuído ao nervosismo da estréia. E (por que não admitir?) à forte e eficiente marcação sueca. A arbitragem desse jogo foi do italiano Tullio Lanese.
Sebastião Lazaroni mandou a campo: Taffarel, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca. Atuou no sistema 3-5-2, ao qual a maioria dos jogadores não estava habituada. Claro que choveram críticas a esse defensivismo exagerado do treinador, que, ademais, não gozava das simpatias da opinião pública, já que tamanha preocupação defensiva não condizia com as tradições brasileiras.
O primeiro tempo terminou com 1 a 0 para o Brasil, gol de Careca aos 40 minutos. O centroavante brasileiro voltaria a marcar aos 18 minutos da etapa final, mas os suecos diminuiriam o placar aos 34. O resultado final foi de 2 a 1 para a nossa seleção.
O adversário seguinte seria a Costa Rica, em 16 de junho de 1990, no mesmo estádio da estréia. A expectativa geral era a de uma goleada, dessas de lavar a alma do torcedor. A Seleção, porém, jogou uma partida horrorosa, sem inspiração e sem criatividade, decepcionando a “gregos e troianos”. Esse jogo foi arbitrado pelo tunisino Naji Jouini.
Ninguém se conformou com o fato do Brasil ter jogado com três zagueiros contra um adversário tão fraco e inexpressivo. Lazaroni, nesse dia, escalou esta equipe: Taffarel, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca (Bebeto).
A Seleção Brasileira venceu, é fato, mas não convenceu. O placar foi um magérrimo 1 a 0, construído aos 33 minutos do primeiro tempo por Müller e foi só. A partir daí, o pessimismo e o desânimo se generalizaram. Raros eram os torcedores que achavam que essa Seleção iria longe. Ela classificou-se, contudo, com 100% de aproveitamento, para as oitavas de final.
Seu último jogo da fase classificatória foi contra outro adversário chato, que volta e meia surge no caminho do Brasil: a Escócia. A partida foi realizada em 20 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, com arbitragem do austríaco Helmuth Kohl. E tome mais 3-5-2! Com duas seleções que privilegiavam as defesas, o resultado só poderia ser “magro”. E foi: 1 a 0 para o Brasil, gol de Müller aos 36 minutos do segundo tempo. Lazaroni mandou a campo: Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão; Romário (Müller) e Careca.
O adversário do Brasil, nas oitavas de final, seria o seu maior rival, e não apenas das Américas, mas do mundo todo: a Argentina. Até então, a Seleção Brasileira jamais havia perdido para a do nosso vizinho, em partidas de copas do mundo. A derrota, caso acontecesse, não seria nunca perdoada pela torcida, fosse qual fosse a circunstância em que ocorresse. Ademais, implicaria em mais uma eliminação brasileira de um Mundial.
No futebol, o resultado nem sempre reflete com fidelidade o que aconteceu no jogo. Mas é o que fica para a história. A partida entre o Brasil e a Argentina foi realizada em 24 de junho de 1990, no Estádio Delle Alpi, com arbitragem do francês Joel Quiniou, que expulsou Ricardo Gomes aos 38 minutos do primeiro tempo.
Jogando praticamente toda a segunda etapa com um jogador a menos, a Seleção Brasileira fez sua melhor exibição nessa Copa. Não merecia perder. Mas abusou do direito de perder gols. Foi punida, claro, por isso. No futebol, há um ditado que diz que “quem não faz, toma”. O Brasil não concretizou as chances que teve. O castigo veio a cavalo.
A Argentina, na única chance real que teve, fez o gol, através de Caniggia, aos 35 minutos do segundo tempo, numa boa jogada de Maradona, e passou para a fase seguinte, nos mandando mais cedo para casa. A Seleção Brasileira atuou com: Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão (Renato), Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão (Silas); Müller e Careca.
Essa foi a Copa do Mundo com a menor média de gols de toda a história. E o Brasil, ao fugir das suas características ofensivas, com o contestado sistema tático adotado por Sebastião Laqzaroni, contribuiu para esse recorde negativo, marcando apenas quatro gols em quatro jogos. Não podia dar certo, como de fato não deu.
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