Wednesday, September 29, 2010




Classificação com derrota

Pedro J. Bondaczuk

O Brasil classificou-se para as oitavas de final da Copa do Mundo de 1998, na França, com uma derrota, fato raro na trajetória da Seleção em partidas de primeira fase nos mundiais que disputou, que foram todos os já realizados. Mas... não atropelemos a sequência da narrativa e vamos por partes.
A estréia brasileira ocorreu em 13 de junho de 1998, no Stade de France, em Saint-Denis, subúrbio de Paris. A adversária foi uma velha conhecida, que sempre nos deu trabalho, embora nunca tenha nos vencido: a Escócia.
O jogo foi como se esperava, amarrado, feio, truncado e chato de se ver. O Brasil não jogou uma partida brilhante, mas fez pro gasto. A má performance foi atribuída ao nervosismo da estréia. E a gente deu um desconto.
O árbitro foi o espanhol José Garcia Aranda e Zagallo mandou a campo a seguinte formação: Taffarel, Cafu, Junior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio, Giovanni (Leonardo) e Rivaldo; Bebeto (Denilson) e Ronaldo.
César Sampaio abriu o placar logo aos 4 minutos do primeiro tempo e tudo indicava que a vitória viria facilmente e por uma contagem folgada. Engano. A Escócia empatou ainda no primeiro tempo, através de Collins, na cobrança de uma penalidade máxima aos 37 minutos. No segundo tempo, o Brasil tentou, tentou e tentou, mas de forma equivocada. Ora as jogadas eram muito centralizadas, facilitando a marcação, ora caracterizavam-se por sucessivos cruzamentos para a área, para Ronaldo, que como todos sabem, não era bom no cabeceio. O alívio viria somente aos 27 minutos da segunda etapa e com uma ajudazinha do adversário, do lateral esquerdo escocês Boyd, que fez um gol contra, decretando o placar final de 2 para o Brasil e 1 para a Escócia. Ufa!!!
O jogo seguinte ocorreu em 16 de junho, na cidade de Nantes, mais especificamente no Estádio La Beaujoire´- Louis Fonteneau. O adversário era africano, o Marrocos, estreante em copas. Havia certa apreensão por parte da torcida brasileira, mas o bicho não era tão feio como parecia.
O jogo foi arbitrado pelo russo Nikolai Levnikov e a Seleção jogou com: Taffarel, Cafu, Junior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio (Doriva), Leonardo e Rivaldo (Denilson); Bebeto (Edmundo) e Ronaldo.
Foi a melhor apresentação brasileira nessa Copa. O placar foi aberto logo aos 9 minutos por Ronaldo e o primeiro tempo terminou com 2 a 0, com o gol de Rivaldo aos 47 minutos. Na segunda etapa, o Brasil nitidamente se poupou, já que os marroquinos estavam batendo bastante. A equipe tocou bem a bola e o terceiro gol surgiu naturalmente, através de Bebeto, logo aos cinco minutos.
Uma semana depois, todavia, viria a surpresa. A Seleção estava virtualmente classificada e, dependendo do resultado entre Escócia e Marrocos, se classificaria até com derrota. Claro que ninguém admitia e sequer cogitava dessa possibilidade. O adversário, a Noruega, não tinha nenhuma tradição em Copa e, convenhamos, não era potência futebolística sequer de segunda linha.
O jogo foi disputado em 23 de junho de 1998, em Marselha, no Stade Velodrome, com arbitragem do no0rte-americano Esfandiar Bahrast. Zagallo mexeu na equipe e mandou a campo: Taffarel, Cafu, Junior Baiano, Gonçalves e Roberto Carlos; Dunga, Leonardo, Rivaldo e Denilson; Bebeto e Ronaldo.
Quando Bebeto abriu o marcador aos 32 minutos do primeiro tempo, parecia que a vitória seria tranqüila, embora a Seleção não jogasse bem. O time errava muitos passes, o que propiciava perigosos contra-ataques dos noruegueses, que empataram cinco minutos depois, através de Tore Andre Flo, aos 37.
Os dois times foram para os vestiários com o placar de 1 a 1. Na segunda etapa, o jogo continuou amarrado e feio. Tudo indicava que terminaria empatado. E o marcador ficaria igual mesmo caso Junior Baiano não cometesse um penal, aos 43 minutos, convertido por Rekjdal.
Era a zebra passeando em Marselha e atropelando a nossa Seleção. Àquela altura, nem o mais otimista dos otimistas acreditava que o Brasil iria longe naquela Copa. Sabem, porém, o que aconteceu? Para surpresa geral...foi até a final. Aí...todos sabem o que aconteceu.

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