Copa de enorme sucesso de público
Pedro J. Bondaczuk
A Copa do Mundo de 1994 foi surpreendente em vários aspectos (praticamente em todos) envolvendo os mais diversos personagens e seleções. E as surpresas, no caso, foram todas positivas. É verdade que não foi um primor de organização, como a da Alemanha em 2006, por exemplo. Muitos jogos foram disputados em horários inadequados, sob o sol do meio-dia, para atender exigências da televisão. Mas esse Mundial foi o de menor número de expulsões, em que prevaleceram, portanto, a disciplina e o “fairplay”. E em termos de público...
Ponderemos. Todos sabiam que o futebol (conhecido naquele país como “soccer”) estava longe, muito longe de ser o esporte preferido dos norte-americanos. Era, se tanto, o oitavo ou nono. Os esportistas desse país encaravam-no como atividade desportiva apropriada para meninas, nas escolas, universidades e clubes, e não para homens. Os marmanjos procuravam, via de regra (e em certa medida ainda procuram), a modalidade que lhes exigisse mais força, mais vigor, mais contato físico: o futebol americano.
O beisebol, principalmente, estava (e ainda está) entre as preferências nacionais (provavelmente era e é o esporte preferido nos Estados Unidos), secundado pelo basquete profissional, pelo hóquei no gelo, pela natação e pelo atletismo. O “soccer” masculino atraía majoritariamente os imigrantes e seus descendentes, notadamente os latino-americanos.
Isso tudo foi ponderado pela Fifa que relutou muito em escolher os Estados Unidos como país organizador da Copa do Mundo de 1994. Eles já haviam sido preteridos em 1986. Claro que seu poderio econômico e sua capacidade de organização também foram ponderados e contavam muito a seu favor. Mas havia a presunção de que sua população não dava lá tanta importância ao “soccer”.
Haveria público para os jogos ou esses seriam realizados com estádios às moscas? Haveria apoio da sua poderosa mídia, absorvida por outros esportes muito mais populares entre os norte-americanos? Essas e outras questões vieram à baila. Valeria a pena correr riscos? A Fifa entendeu que sim. Tanto que confirmou a disputa do Mundial nesse país. E o risco foi para lá de compensado.
A Copa do Mundo de 1994 foi um sucesso absoluto, por qualquer aspecto que seja avaliada. Foi, por exemplo, a de maior público de todos os tempos. Não tenho números recentes, mas a média de 68.991 pessoas por partida provavelmente (é quase certo) está mantida até hoje. Não me consta que tenha sido superada nem pelo mundial da França, nem pelo da Coréia do Sul e Japão, nem pelo da Alemanha e muito menos pelo da África do Sul. E isso num país em que o futebol ainda estava engatinhando, era incipiente e tido e havido como excentricidade (em certa medida, ainda o é, embora tenha evoluído muito de uns cinco anos para cá).
O sucesso de público presente nos estádios repetiu-se, também, com o de visibilidade na mídia. Poucas copas tiveram tão ampla cobertura dos meios de comunicação mundiais quanto esta. O jornalista Orlando Duarte, no livro “Enciclopédia dos Mundiais de Futebol”, constatou a respeito: Estima-se que mais de dois bilhões de telespectadores, no mundo todo, tenham visto a final do Mundial-94 nos Estados Unidos, com público acumulado para 52w jogos de3 31 bilhões de telespectadores! Estima-se que 93% da população do Brasil tenham assistido aos jogos. A seguir vêm os alemães com 60% da sua população ligada no evento”.
E isso, convém lembrar, sem que os brasileiros depositassem fé na seleção comandada por Carlos Alberto Parreira, por causa da forma dramática com que se classificou para a Copa. Mas o grupo não fez feio. Muitíssimo pelo contrário. Aos trancos e barrancos (é verdade), na base da garra e da superação, nossa seleção foi chegando, foi chegando, foi chegando e, quando todos se deram conta, já havia papado o tetra. Assim, de mansinho, na surdina.
Era o resgate definitivo da chamada (pejorativamente) “Era Dunga”. Este aguerrido meiocampista, tão criticado por tantos, na qualidade de capitão da nossa equipe, teve o privilégio e o orgulho de erguer, pela primeira vez, o Troféu Fifa, que o Brasil ainda não havia conquistado e que vinha, afinal, para nossas mãos. Com essa conquista, a América do Sul superava a Europa, com oito títulos mundiais contra sete. Atualmente, todavia, esse ranking pende para os europeus, com dez mundiais contra nove. O titã-teima será no Brasil em 2014.
Pedro J. Bondaczuk
A Copa do Mundo de 1994 foi surpreendente em vários aspectos (praticamente em todos) envolvendo os mais diversos personagens e seleções. E as surpresas, no caso, foram todas positivas. É verdade que não foi um primor de organização, como a da Alemanha em 2006, por exemplo. Muitos jogos foram disputados em horários inadequados, sob o sol do meio-dia, para atender exigências da televisão. Mas esse Mundial foi o de menor número de expulsões, em que prevaleceram, portanto, a disciplina e o “fairplay”. E em termos de público...
Ponderemos. Todos sabiam que o futebol (conhecido naquele país como “soccer”) estava longe, muito longe de ser o esporte preferido dos norte-americanos. Era, se tanto, o oitavo ou nono. Os esportistas desse país encaravam-no como atividade desportiva apropriada para meninas, nas escolas, universidades e clubes, e não para homens. Os marmanjos procuravam, via de regra (e em certa medida ainda procuram), a modalidade que lhes exigisse mais força, mais vigor, mais contato físico: o futebol americano.
O beisebol, principalmente, estava (e ainda está) entre as preferências nacionais (provavelmente era e é o esporte preferido nos Estados Unidos), secundado pelo basquete profissional, pelo hóquei no gelo, pela natação e pelo atletismo. O “soccer” masculino atraía majoritariamente os imigrantes e seus descendentes, notadamente os latino-americanos.
Isso tudo foi ponderado pela Fifa que relutou muito em escolher os Estados Unidos como país organizador da Copa do Mundo de 1994. Eles já haviam sido preteridos em 1986. Claro que seu poderio econômico e sua capacidade de organização também foram ponderados e contavam muito a seu favor. Mas havia a presunção de que sua população não dava lá tanta importância ao “soccer”.
Haveria público para os jogos ou esses seriam realizados com estádios às moscas? Haveria apoio da sua poderosa mídia, absorvida por outros esportes muito mais populares entre os norte-americanos? Essas e outras questões vieram à baila. Valeria a pena correr riscos? A Fifa entendeu que sim. Tanto que confirmou a disputa do Mundial nesse país. E o risco foi para lá de compensado.
A Copa do Mundo de 1994 foi um sucesso absoluto, por qualquer aspecto que seja avaliada. Foi, por exemplo, a de maior público de todos os tempos. Não tenho números recentes, mas a média de 68.991 pessoas por partida provavelmente (é quase certo) está mantida até hoje. Não me consta que tenha sido superada nem pelo mundial da França, nem pelo da Coréia do Sul e Japão, nem pelo da Alemanha e muito menos pelo da África do Sul. E isso num país em que o futebol ainda estava engatinhando, era incipiente e tido e havido como excentricidade (em certa medida, ainda o é, embora tenha evoluído muito de uns cinco anos para cá).
O sucesso de público presente nos estádios repetiu-se, também, com o de visibilidade na mídia. Poucas copas tiveram tão ampla cobertura dos meios de comunicação mundiais quanto esta. O jornalista Orlando Duarte, no livro “Enciclopédia dos Mundiais de Futebol”, constatou a respeito: Estima-se que mais de dois bilhões de telespectadores, no mundo todo, tenham visto a final do Mundial-94 nos Estados Unidos, com público acumulado para 52w jogos de3 31 bilhões de telespectadores! Estima-se que 93% da população do Brasil tenham assistido aos jogos. A seguir vêm os alemães com 60% da sua população ligada no evento”.
E isso, convém lembrar, sem que os brasileiros depositassem fé na seleção comandada por Carlos Alberto Parreira, por causa da forma dramática com que se classificou para a Copa. Mas o grupo não fez feio. Muitíssimo pelo contrário. Aos trancos e barrancos (é verdade), na base da garra e da superação, nossa seleção foi chegando, foi chegando, foi chegando e, quando todos se deram conta, já havia papado o tetra. Assim, de mansinho, na surdina.
Era o resgate definitivo da chamada (pejorativamente) “Era Dunga”. Este aguerrido meiocampista, tão criticado por tantos, na qualidade de capitão da nossa equipe, teve o privilégio e o orgulho de erguer, pela primeira vez, o Troféu Fifa, que o Brasil ainda não havia conquistado e que vinha, afinal, para nossas mãos. Com essa conquista, a América do Sul superava a Europa, com oito títulos mundiais contra sete. Atualmente, todavia, esse ranking pende para os europeus, com dez mundiais contra nove. O titã-teima será no Brasil em 2014.
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