A memória, se bem-cultivada, tende a se transformar em uma fonte quase inesgotável de satisfações. Por exemplo, quando visitamos um lugar particularmente belo, em companhia de alguém que amamos, sua beleza parece multiplicar-se por mil e as lembranças que suscita, principalmente se neles vivemos momentos de encantamento e afeto, permanecem vivas enquanto vivermos. Se um dia voltarmos a esses lugares, junto com essa mesma pessoa que nos fascina e cativa, sempre descobriremos novas belezas, como se houvessem mudado para melhor, mesmo que tenham se tornado decadentes. Melhor ainda, quando se trata de reencontro com a amada, após eventual separação. Será um delírio, uma magia, um prazer indescritível! O poeta finlandês, Risto Rasa, escreve, nestes versos do poema minimalista intitulado “Espero que voltes”: “Vamos andar por todos os lugares/que conhecemos tão bem/e eles vão parecer-me quase novos/outra vez”. Só o amor tem essa faculdade de renovação.
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