Sunday, May 04, 2008

REFLEXÃO DO DIA


No amor, frustramo-nos, amiúde, (posto que secretamente) com a impossibilidade dos nossos lábios, do nosso corpo e das nossas mãos proporcionarem à pessoa amada as delicadas carícias que imaginamos. Notadamente, nós, homens, temos escrúpulos em sequer admitir essa frustração, temerosos que nossa masculinidade seja posta em dúvida. Quem confia em sua virilidade, porém, não tem porque temer julgamentos alheios a propósito. A prova dessa frustração é evidente: são as metáforas dos poetas ao se referirem às carícias, como um toque “com a leveza da brisa”, lábios “com a maciez de veludo” e tessitura da pele com a “delicadeza de uma pétala de flor” Em relação à minha amada, faço minhas as palavras de Rainer-Marie Rilke, nestes magníficos versos: “Se eu tivesse nascido em qualquer parte/onde há dias mais leves e horas mais esbeltas,/teria inventado para ti uma grande festa,/e as minhas mãos não te segurariam assim,/como por vezes te seguram, medrosas e duras”.

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