Tuesday, August 29, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos de Christiano Mazzola para o site www.pontepretaesportes.com.br)

EMPATE COM GOSTO DE DERROTA

O empate da Ponte Preta com o Palmeiras, domingo, no Majestoso, por 1 a 1, pode ser considerado um bom resultado, se for levada em conta a campanha do adversário, que ainda está invicto desde a retomada do Campeonato Brasileiro da Série A, após a Copa do Mundo. Todavia, para os jogadores e torcedores da Macaca teve um sabor muito amargo, considerando-se a boa atuação do time e o fato do gol alviverde ter acontecido a menos de três minutos do final. Discordo dos que disseram que houve falha da defesa no lance. Os zagueiros e o goleiro Jean nada poderiam fazer na jogada. Méritos, isto sim, para o atraque palmeirense. A Ponte mostrou, nesse jogo, mais do que nunca, outra de suas grandes deficiências na competição: a falta de banco. A equipe caiu de ponta-cabeça após as substituições de Fábio Baiano, Luís Mário e, principalmente, Welber (que vinha sendo um dos melhores em campo, mas que não suportou o ritmo de jogo). Num campeonato complicado, como este, é importantíssimo de se contar com um plantel de boa qualidade. E é, convenhamos, o que a Macaca não tem.

DESPERTAR DE ILUSÕES

A imprensa da cidade, salvo raras exceções, sem que sequer se dê conta, ao mesmo tempo que se mostra demasiadamente severa em relação à Ponte Preta, é extremamente condescendente com o Guarani. Até parece que é o Bugre que está na série A e a Macaca na série B. Isso ficou mais claro do que nunca na sexta-feira, na sofrida vitória bugrina sobre o fraco Vila Nova, no Brinco de Ouro, por 2 a 1. Parecia que o time campineiro havia vencido o Barcelona, tamanha foi a euforia de locutores e comentaristas cá da cidade. E, em relação ao empate da Ponte Preta com o Palmeiras, a tônica foi de tragédia e de críticas mil à Macaca, que no entanto jogou com raça, coração e alma. Me engana que eu gosto! Essa falta de equilíbrio de determinados colegas jornalistas, em relação ao Guarani, apenas mascara a fragilidade do time. O gol bugrino saiu, como tem acontecido o campeonato inteiro, apenas nos minutos finais da partida, na bacia das almas. E, repito, o Bugre não derrotou nenhum Barcelona, mas um time de razoável para ruim, que faz uma campanha no máximo discreta na competição.

SURPRESA E CONFIRMAÇÃO

No jogo de domingo, da Ponte Preta com o Palmeiras, no Majestoso, a torcida teve uma surpresa (agradável) e uma confirmação, igualmente positiva. Surpreendente, no caso, foi a ótima atuação do meia Welber, não porque alguém duvidasse da sua capacidade técnica, mas por causa da sua falta de entrosamento com os companheiros, pois vem sendo aproveitado há pouco tempo. Até parecia que o atleta já era titular da Macaca há um ano ou mais, tamanha foi a sua desenvoltura em campo. Caso não se acomode, o jogador tem tudo para se transformar no destaque pontepretano da temporada. A confirmação, por seu turno, é a do futebol do coringa Nei. O garoto é a grande revelação da Ponte Preta no ano e sua performance melhora, de partida a partida, quer como ala, quer como meiocampista e quer, até, como terceiro zagueiro, onde se mostra firme na marcação e sumamente eficiente no desarme. Como se vê, nem tudo é tragédia, como alguns jornalistas buscam dar a entender, pelos lados do Majestoso.

TESTE DAS POSSIBILIDADES

O Guarani terá, hoje, em Maceió, na abertura do Segundo Turno, um bom teste para medir suas reais possibilidades na competição. O adversário, o CRB, que começou mal esse campeonato, se recuperou nas últimas rodadas e terminou o turno na quinta colocação, surpreendendo até mesmo seus mais apaixonados torcedores. Já o Bugre venceu, é verdade, o seu último compromisso, frente ao Vila Nova, no Brinco de Ouro, mas não convenceu. O time oscila bons e maus momentos durante as partidas e não inspira confiança à torcida. Este é o momento da arrancada para quem tem aspirações maiores do que a mera luta para fugir do rebaixamento. Uma vitória, hoje, em Maceió, pode encher o Bugre de moral, além de não permitir que os ponteiros se desgarrem na tabela. E uma eventual derrota não será, convenhamos, nenhuma tragédia, mas serão três pontos perdidos que, certamente, farão muita falta mais adiante.

AINDA O “AFFAIRE” TEVEZ

No Corinthians – que fez uma partida horrorosa, no domingo, quando perdeu para o Grêmio, no Pacaembu, por 2 a 0 e que pega uma pedreira, amanhã, no Estádio Anacleto Campanella, ou seja, o para ele fatídico São Caetano – o assunto dominante se refere à permanência ou não de Carlitos Tevez no clube. O jogador, que está há dias em Buenos Aires e que vai enfrentar o Brasil, neste domingo, em Londres, vestindo a camisa da Seleção Argentina, tornou a dizer que não volta mais para o Parque São Jorge. Quinta-feira, encerra-se o prazo das transações de jogadores em âmbito internacional. Se até lá o atleta não for contratado por nenhum clube (e parece que não há nenhuma oferta concreta pelo seu passe), corre o risco de ficar sem jogar o restante deste ano. Se isso ocorrer, todas as partes sairão perdendo. Tevez verá seu passe ser desvalorizado e, certamente, perderá o condicionamento técnico. A MSI deixará de recuperar o investimento que fez no jogador. E o Corinthians continuará privado de um ídolo, descendo ladeira abaixo. É uma pena!

INEQUÍVOCA COMPETÊNCIA

Não me canso de elogiar a competência de Wanderley Luxemburgo, o único técnico do futebol brasileiro capaz de levar um time limitado a um título. Aliás, fez isso recentemente, quando levou o atual Santos – que, convenhamos, não tem nenhum craque em seu plantel – a conquistar o Campeonato Paulista de 2006. No atual Brasileirão, sua equipe continua “comendo pelas beiradas”, quietinha, quietinha, mas conservando, ao término do Primeiro Turno, a segunda colocação na tabela, à frente de clubes tecnicamente muito melhores, mas que não apresentaram a mesma performance até aqui. Arrisco-me a dizer que Luxemburgo é melhor do que Felipão, cujo mérito maior é o de ser um grande motivador. O treinador santista, todavia, é um estrategista insuperável e, a contragosto dos que não gostam dele, é uma das grandes atrações deste Campeonato Brasileiro de tão pouco brilho.

RESPINGOS...

· Antonio Lopes estreou mal no comando técnico do Fluminense. No sábado, seu novo time foi derrotado pelo Atlético Paranaense, por 2 a 1, em pleno Maracanã.
· Outro time que vem fazendo bonito é o Vasco da Gama, comandado por Renato Gaúcho. Domingo, surpreendeu o Internacional, campeão da Libertadores da América, derrotando-o por 2 a 1, em pleno Beira-Rio.
· Nesta quinta-feira, encerra-se o prazo de compra e venda de jogadores do e para o exterior. Doravante, os clubes terão que buscar reforços em times das séries B e C do Brasileirão. Será que vale a pena?
· Esta coluna é exclusivamente de futebol. Não posso deixar, todavia, de destacar a conquista do hexa-campeonato da Liga Mundial de Vôlei masculino, por parte dos comandados de Bernardinho, com uma vitória na raça, de virada, sobre a França por 3 a 2.
· E já que abri uma exceção, registro, também, a primeira vitória do piloto Felipe Massa, na Fórmula 1, que conquistou, de ponta a ponta, o Grande Prêmio da Turquia, neste domingo, pilotando uma Ferrari.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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