Tuesday, August 29, 2006

REFLEXÃO DO DIA


Os poetas têm a sublime prerrogativa de enxergar mundos de encantamento e beleza em paisagens (e coisas) aparentemente comuns. Vislumbra, através dos filtros da imaginação, paraísos encantados de luz e de sombras, onde a maioria dos mortais só vê, por exemplo, um campo com mato alto, uma rua suja e cinzenta ou uma praça maltratada e sombria sem nada de especial. É o que se deduz deste poema de Mário Quintana, intitulado “Paisagem de após-chuva”, que diz: “A relva, os cavalos, as reses,/as folhas, tudo/envernizadinho,/como no dia inolvidável/da inauguração do Paraíso...”. Onde as pessoas comuns vêem, por exemplo, um mero jardineiro queimando galhos e folhas secos, o poeta enxerga com nitidez “Deus se mostrando a Moisés em meio à sarça ardente”.

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