Thursday, August 10, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Gaspar Nóbrega e Divulgação/VIPCOMM)

VITÓRIA ANTOLÓGICA DA PONTE

A vitória da Ponte Preta, no domingo, no Moisés Lucarelli, sobre o Fluminense, por 3 a 0, é dessas que ficam na história e, com o passar do tempo, se transformam em lendas, tanto pelo placar, quanto, e principalmente, pelas circunstâncias em que foi obtida. Uma estranha virose acometeu o plantel pontepretano, antes do jogo, e seis titulares acabaram vetados, na última hora, pelo médico para essa importante partida. Somados aos dois atletas suspensos (Rafael Santos e Carlinhos), respectivamente por causa do terceiro cartão amarelo e da expulsão, o desfalque pontepretano foi de oito jogadores. Quando o jogo estava, ainda, 0 a 0, Luís Carlos cometeu um pênalti infantil em Tuta. Petkovic cobrou e o goleiro reserva, Mário Aranha, se consagrou. Defendeu a penalidade máxima. O time se encheu de moral e encarou o qualificado adversário de igual para igual. Foi quando ocorreu outro obstáculo: o garoto Pará foi expulso de campo. Todos pensavam que com dez jogadores, com o time reserva, a Ponte iria se abater e sofrer até uma goleada. Quem pensou dessa forma (lógica, por sinal), se enganou. A Macaca se superou e surpreendeu mundo e fundo. Fez um, dois, três gols, para o delírio da torcida, que teve o privilégio de testemunhar um momento especial, antológico, histórico do clube de futebol mais antigo do Brasil, dos que estão em atividade. O que dizer dessa vitória, senão usar o termo “sensacional”?!

BUGRE ENCONTRA O GOLEADOR QUE PRECISAVA

O Guarani fez, no sábado, seguramente, sua melhor partida no Campeonato Brasileiro da Série B deste ano, pelo menos em termos ofensivos. O resultado, em Itu, frente ao Ituano, porém, não espelhou o que foi o jogo e não fez justiça, de maneira alguma, ao Bugre. Foi um empate, por 2 a 2, arrancado no último minuto, com um pênalti que caiu do céu. O Guarani criou, criou e criou, uma, duas, quatro, cinco, dezenas de oportunidades, todas desperdiçadas pela afobação dos seus atacantes. É verdade que a defesa falhou muito e permitiu aos donos da casa criarem, igualmente, inúmeras chances de gol, também não aproveitadas. O destaque fica por conta do novo centro-avante bugrino, Alex Afonso. Nem parecia que o jogador estava estreando, tamanho era o entrosamento com os companheiros. Além do gol que fez, deixou, em várias oportunidades, outros avantes em condições ideais de arremate. Tudo indica, pois, que o Guarani, finalmente, encontrou o goleador que tanto precisava.

ESTES SÃO OS 14 HERÓIS

Registro, com satisfação e orgulho, o nome dos 14 “heróis” pontepretanos, que escreveram, no domingo, uma das páginas mais brilhantes da história deste clube que tanto amo. A memória é frágil e, se não deixasse registrada por escrito a escalação desse time de tanta raça e determinação, com o tempo esqueceria de vários jogadores. E ninguém que atuou nesse jogo merece ser esquecido. A Ponte Preta jogou com a seguinte escalação: Aranha, Pará, Luís Carlos, Preto e Wellington; Ricardo Conceição, Nei, Thiago (Dionísio) e Almir; Luís Mário (Welber) e Mossoró (Jean Carlos). Os grandes destaques foram o Aranha, que fez defesas fundamentais, além do pênalti que pegou; Luís Mário, que arrebentou com a defesa tricolor e Ricardo Conceição. Mas todos merecem louvor. Inclusive os que entraram no decorrer da partida. Jean Carlos, por exemplo, fez um belíssimo gol, o terceiro. Welber armou toda a jogada para o segundo. E Preto deu um passe primoroso, digno de um Dica, para Luís Mário abrir o marcador. “Esse time é fera!”, diria o narrador da Rádio Bandeirantes de Campinas, Sílvio Antônio.

BUGRE DERROTADO NO TAPETÃO

O Guarani continua pagando pelos desmandos da sua diretoria anterior. Amarga, por exemplo, pelo segundo ano consecutivo, uma Série B do Campeonato Brasileiro, foi rebaixado para a Série A-2 no Paulista e vive às voltas com o assédio dos credores, que querem receber, de qualquer forma, o que o clube lhes deve. Agora, para complicar, acaba de ser punido pela FIFA, com a perda de três pontos, por não ter pago um débito, de míseros US$ 9 mil, cobrado por um time turco desde agosto do ano passado, referente a um imbróglio envolvendo o lateral-esquerdo Gilson. Além disso, corre o risco de ser rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro, caso não pague essa dívida, o que a atual diretoria se mobiliza para pagar. Que coisa! Nunca vi, em clube algum, uma administração mais desastrosa e incompetente do que a de José Luís Lourencetti. Se ficasse no cargo mais um mês ou dois, certamente promoveria o enterro definitivo do Bugre. Ainda bem que saiu.

COM A MÃO NA TAÇA

O Internacional de Porto Alegre deu um importante passo, ontem, para a conquista da sua primeira Copa Libertadores da América, ao derrotar o até então favorito São Paulo, em pleno Morumbi, por 2 a 1. O jogo, embora tecnicamente deixasse a desejar, foi emocionante, pelas alternâncias que apresentou. O Colorado gaúcho dominou boa parte da partida e poderia ter liquidado a fatura, caso Rafael Sóbis, autor dos dois gols do time, convertesse uma claríssima oportunidade, cara a cara com Rogério Ceni, que teve antes que o tricolor diminuísse o placar. O São Paulo, porém, encheu-se de brio e descontou a desvantagem, com o zagueiro Edcarlos. Para o jogo decisivo da semana que vem, no Estádio Beira-Rio, o favoritismo mudou de lado. Todavia, isso não quer dizer muita coisa. O tricolor tem tudo para reverter a desvantagem, desde que não entre em campo tão nervoso, como entrou ontem, e não faça uma partida tão ruim como fez. De qualquer forma, o título, seja quem for o ganhador, ficará, mais uma vez, no Brasil, o que é muito bom.

ARBITRAGEM IMPECÁVEL

Apesar de reclamações de gregos e de troianos (o que, evidentemente, faz parte do jogo), a arbitragem do uruguaio Jorge de La Rionda, ontem, no Morumbi, foi impecável. As duas expulsões (a de Josué, do São Paulo, e a de Fabinho, do Inter) foram justíssimas. Ambos se excederam na violência e foram para o chuveiro mais cedo. Além disso, o árbitro deixou o jogo fluir, não marcando faltas bobas, dessas que na maioria sequer existem, que são “cavadas” e que os homens do apito embarcam na maior inocência. Fosse um brasileiro que comandasse a partida – em que os nervos, de parte a parte, estiveram à flor da pele – e as coisas, certamente, seriam diferentes (para pior, claro). As arbitragens no País continuam de sofríveis para péssimas e ninguém faz nada para melhorar. É hora da CBF reciclar esse pessoal e ser mais rigorosa nas cobranças.

RESPINGOS...

· A Ponte Preta esteve representada, ontem, na decisão da Copa Libertadores da América, por dois dos melhores volantes da sua história. De um lado, esteve Mineiro, com a camisa do São Paulo, esbanjando a eficiência de sempre. Do outro, Fabinho, pelo Internacional, que comprometeu sua atuação ao ser expulso por agredir o lateral Sousa.
· O incrível Paraná, ao derrotar o Vasco da Gama por 2 a 1, em Curitiba, já está entre os três primeiros colocados do Campeonato Brasileiro. Olho nele! Se bobear, papa este título.
· Vanderley Luxemburgo continua fazendo “milagres” com esse time limitado do Santos. Domingo, venceu os reservas do Internacional (que são muito bons), de virada, quando tudo parecia perdido. Esse faz até chover!
· Achei uma baita sacanagem a demissão de Oswaldo de Oliveira, do comando técnico do Fluminense, após a derrota do tricolor, diante da Ponte Preta, por 3 a 0. A torcida também não gostou e fez protestos, ontem, nas Laranjeiras.
· Ricardinho e Gustavo Nery não fazem mais parte dos planos do Corinthians. Ambos deverão ser negociados nas próximas horas. E tudo indica que Tevez, também, está com os dias contados no Parque São Jorge. É esperar para conferir.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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