Saturday, August 19, 2006

Refratário ao entendimento


Pedro J. Bondaczuk

Duro, duríssimo diamante,
refratário ao entendimento,
é o âmago deste instante
que se esvai, veloz, como o vento.

Recursos tenho, tenho vários,
não somente um: tenho sete!
E a ousadia dos corsários
ao navegar na internet.

Pirata, singro os sete mares
na predadora nau Lutécia,
voraz, sob mágicos luares,
como os sete sábios da Grécia.

Busco, tento, no dia-a-dia,
apesar de certa desídia,
chegar à fonte da poesia:
Sou poeta da multimídia!

Não interpreto o cotidiano
e nem os sentimentos gris,
não domino o desejo insano
e não consigo ser feliz.

Tateio no escuro (em vão)
e esmero-me, no meu labor,
para escapar da solidão:
Ainda acredito no amor!

É jogo de cartas marcadas.
São retalhos de fantasias,
impressões estereotipadas,
fantasmas de melhores dias.

Pois o âmago deste instante
que se esvai, veloz, como o vento,
é duríssimo diamante
refratário ao entendimento.


(Poema composto em Campinas, em 2 de março de 1981).

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