Saturday, August 05, 2006

Emparedado


Pedro J. Bondaczuk

Estou emparedado
na valva de uma concha
que está no fundo do mar.

Excrescência
que será pérola um dia:
meu sonho!

Emparedado
numa concha de nácar
vê extinguir-se a vida...

Sua visão se restringe
à valva fria.
É excrescência
que será pérola um dia...

Hoje é viva emoção
emparedada.
O Tempo fá-la-á
pérola sem vida,
verso sem ritmo,
canção sem harmonia!

Ah! Fria inspiração!
Hoje não consigo escrever nada!
A minha alma está presa, emparedada!


(Poema publicado no "Jornal do ACP", de Paulínia, em 21 de novembro de 1970).

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