Thursday, August 24, 2006

REFLEXÃO DO DIA


Os poetas, eternos boêmios, que não raro se embriagam não de álcool, mas de luz, de magia e de beleza, têm uma fome e sede insaciáveis. E estas não são físicas, mas espirituais, cerebrais, estéticas É o que Mário Quintana dá a entender, neste bem-humorado e delicioso poema, intitulado “Os vira-luas”, que diz: “Todos lhes dão,/com uma disfarçada ternura,/o nome, tão apropriado, de vira-latas./Mas e os vira-luas?//Ah! Ninguém se lembra/desses outros vagabundos/noturnos, que vivem/farejando a Lua,/fuçando a Lua,/insaciavelmente,/para aplacar uma outra fome,/uma outra miséria,/que não é do corpo!”. Da minha parte, confesso, sem nenhum pudor, que sou um constante, um perpétuo, um incorrigível “vira-luas”, com fome e sede insaciável de beleza.

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