Por que o futuro sempre nos parece tão promissor, mesmo que nosso presente seja sombrio e repleto de dificuldades? Afinal, trata-se de uma contradição. Objetivamente, vivemos, a conta-gotas, cada hoje, que é o tempo em que temos condições de agir. O ontem é somente lembrança e não pode ser modificado e o amanhã, queiram ou não, é imensa incógnita. Ocorre que o futuro é sempre movido a esperança. Contamos que, nele, as circunstâncias eventualmente desfavoráveis atuais, haverão de se modificar para melhor, mesmo que pareça (e seja) improvável. O que fazemos, na verdade, é dar asas à fantasia que, como sabemos, tudo pode, mas (infelizmente) apenas no plano abstrato. No terreno do concreto... O antropólogo italiano Paulo Mantegazza explica a razão desse comportamento, ao escrever: “O futuro é sempre belo, porque viaja na barquinha da esperança, cujas velas dilata aquela brisa inebriante, que é a fantasia”.
2 comments:
Olá
Achei este teu blog procurando alguma coisa sobre o massacre de Pau de Colher. Acabei achando um "post" em que você fala sobre Canudos. Estou te escrevendo porque achei interessante as coincidências. Eu também gosto muito de A Guerra do Fim do Mundo. Pra mim, que também já li um monte de publicações sobre o assunto, que cresci ouvindo histórias sobre aquela guerra, inclusive de alguns sobreviventes, o livro de Vargas Llosa é impressionante. Lá, me enocontrei na Canudos onde nasci, onde vivi minha infância.
Bom, a outra coincidência é que a idéia de pesquisar Pau de Colher é porque conversei ontem com uma sobrevivente do massacre. Ela lembra de tudo com muita lucidez, mas não sabia me dizer os motivos daquela matança, onde perdeu a mãe e alguns irmãos e sobreviveu porque, como bem disse Euclides da Cunha, o sertanejo é mesmo um forte. Hoje com quase 80 anos, ela quer encontrar uma irmã, que perdeu na guerra.
O interessante da coincidência é que, nesta minha pesquisa de hoje, descubro que a história dela é a minha. Que a história de Pau de Colher, que mesmo sendo baiana, de Canudos, nunca tinha ouvido falar, é a história da minha gente. Canudos tem mais de 100 anos, teve um jornalista que ficou impressionado com aquele povo e contou a história num jornal de circulação nacional. Caldeirão e Pau de Colher não tiveram a mesma sorte.
Por que estou escrevendo pra você? Porque a coincidência de achar esse teu texto sobre A Guerra do Fim do Mundo numa busca sobre Pau de Colher talvez esteja me mostrando que devo àquela minha gente, que reencontrei no livro de Vargas Llosa, uma resposta para a menina que há 70 anos espera que a história das
pessoas que ela viu serem massacradas seja contada.
A SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que informem a localização exata da COVA COLETIVA onde enterraram os 1000 camponeses católicos assassinados pelo Exército brasileiro e pela Polícia MIlitar do Ceará, bem como, indenização à todas as vítimas sobreviventes e familiares.
Junte-se à nossa causa!
Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
www.sosdireitoshumanos.org.br
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