Pedro J. Bondaczuk
A visão do tempo precisa ser mudada. Temos que valorizar mais o presente e vivê-lo intensamente, cônscios de que a vida não tem reprises. Nunca devemos adiar para um incerto amanhã o amor, os ideais, os gestos de nobreza e solidariedade e a manifestação das nossas melhores características.
Octávio Paz acentua, em um ensaio publicado há alguns anos pelo “Jornal da Tarde” de São Paulo: "Saber que somos mortais nos leva a indagar: que futuro melhor nos espera? A ameaça de aniquilação do mundo deu novo e redobrado valor à hora presente. A presença é um novo erotismo fundado, não na eternidade, mas no aqui e no agora".
Já passou pela cabeça do leitor que pode nem haver um ano 2009 para a humanidade? Pode não ser oportuna a menção dessa possibilidade, mas que ela existe, é um fato. Mesmo que não seja provável (e ninguém sabe se é ou não), isso está perfeitamente dentro das possibilidades lógicas, admitam ou não. Poderíamos traçar inúmeros cenários possíveis que levariam o mundo à catástrofe e, talvez, à destruição.
Suponhamos que ocorra uma guerra nuclear. Ou que um meteoro atinja a Terra e a destrua. Ou que um outro tsunami, de gigantescas proporções, surpreenda países e cidades. Os perigos a que estamos expostos são infindos e tantas e tantas catástrofes podem acontecer, anunciadas ou não. E raramente nos damos conta (se é que nos damos) desses riscos potenciais.
Comparei, certa feita, nossa vida a um intrincado labirinto, em que caminhamos, por entre o emaranhado de inúmeras passagens, à procura de uma saída. Atrás de nós, segue a morte, nos procurando para nos levar. Viramos para um lado, imbricamos por outro, fazemos zigue-zagues para cá, para lá, até que, em determinado momento, que não temos a mínima condição de saber quando será, cruzamos com nosso implacável carrasco. E então...
Adeus aos sonhos e ilusões! O que foi feito, muito que bem. O que não, jamais será realizado por nós. É preciso ter sempre em mente (e, por mais óbvio que seja, relutamos em admitir) o tempo é o nosso mais precioso capital, que não podemos desperdiçar. Comparei-o, numa outra crônica, a uma esteira rolante diante da qual estamos, num determinado ponto da sua passagem. A parte que já passou por nós de forma alguma vai voltar. O que está à frente, o futuro, a cada piscar de olhos ou bater de asas de um beija-flor se transforma em passado.
E o que passa velozmente diante de nós, com tamanha rapidez que sequer o percebemos, é o presente, fugaz, invisível e volátil. E isto enquanto pudermos permanecer diante da esteira porque, num determinado prazo, que não temos a mínima possibilidade de conhecer qual é, teremos de sair definitivamente dali.
Não há, portanto, momentos inúteis, vazios, ociosos, cuja perda possamos recuperar. Todos, sem exceção, são irrecuperáveis. Nós é que quase nunca sabemos como equacionar o tempo. Preenchemo-lo, via de regra, com banalidades, fatuidades e tolices e depois reclamamos da falta de sorte e de outras tantas coisas, na tentativa de justificar erros e fracassos.
Já Austregésilo de Athayde utilizou-se de outra metáfora, esta bem a caráter para este período de despedidas de 2008 e de recepção de 2009. Escreveu, na crônica “Relembrar, esquecer...” (publicada na extinta revista “O Cruzeiro”, em 22 de janeiro de 1966): “Imagino a passagem de ano como quem vai viajando numa longa estrada. Surgem os campos, as montanhas, os rios, as pequenas e grandes cidades. E a marcha prossegue. Umas imagens deixam as outras esmaecidas, até que desaparecem”.
É assim, também, que encaro a entrada de cada novo ano. É um caminho que se desenha à nossa frente, com inúmeras possibilidades. Pode ser que se trate, por exemplo, de uma estrada, como essas modernas rodovias européias, ou norte-americanas (ou algumas brasileiras), com asfalto perfeito, como um tapete negro sem rugas, totalmente sinalizada, sem nenhum tipo de obstáculo. Mas pode, também, ter muitos buracos em determinados trechos e até terminar em um profundo abismo, que surja, de repente, à nossa frente, sem nenhum aviso prévio, não nos permitindo, sequer, frear nosso carro.
Temos, pois, que estar preparados para todas essas instâncias. Ademais, requer-se a consciência de que passaremos por essa estrada uma só vez. Temos que aproveitar, pois, da melhor maneira possível, essa “viagem”, porquanto, queiramos ou não, estejamos ou não conscientes, os caminhos do tempo nunca têm retorno.
A visão do tempo precisa ser mudada. Temos que valorizar mais o presente e vivê-lo intensamente, cônscios de que a vida não tem reprises. Nunca devemos adiar para um incerto amanhã o amor, os ideais, os gestos de nobreza e solidariedade e a manifestação das nossas melhores características.
Octávio Paz acentua, em um ensaio publicado há alguns anos pelo “Jornal da Tarde” de São Paulo: "Saber que somos mortais nos leva a indagar: que futuro melhor nos espera? A ameaça de aniquilação do mundo deu novo e redobrado valor à hora presente. A presença é um novo erotismo fundado, não na eternidade, mas no aqui e no agora".
Já passou pela cabeça do leitor que pode nem haver um ano 2009 para a humanidade? Pode não ser oportuna a menção dessa possibilidade, mas que ela existe, é um fato. Mesmo que não seja provável (e ninguém sabe se é ou não), isso está perfeitamente dentro das possibilidades lógicas, admitam ou não. Poderíamos traçar inúmeros cenários possíveis que levariam o mundo à catástrofe e, talvez, à destruição.
Suponhamos que ocorra uma guerra nuclear. Ou que um meteoro atinja a Terra e a destrua. Ou que um outro tsunami, de gigantescas proporções, surpreenda países e cidades. Os perigos a que estamos expostos são infindos e tantas e tantas catástrofes podem acontecer, anunciadas ou não. E raramente nos damos conta (se é que nos damos) desses riscos potenciais.
Comparei, certa feita, nossa vida a um intrincado labirinto, em que caminhamos, por entre o emaranhado de inúmeras passagens, à procura de uma saída. Atrás de nós, segue a morte, nos procurando para nos levar. Viramos para um lado, imbricamos por outro, fazemos zigue-zagues para cá, para lá, até que, em determinado momento, que não temos a mínima condição de saber quando será, cruzamos com nosso implacável carrasco. E então...
Adeus aos sonhos e ilusões! O que foi feito, muito que bem. O que não, jamais será realizado por nós. É preciso ter sempre em mente (e, por mais óbvio que seja, relutamos em admitir) o tempo é o nosso mais precioso capital, que não podemos desperdiçar. Comparei-o, numa outra crônica, a uma esteira rolante diante da qual estamos, num determinado ponto da sua passagem. A parte que já passou por nós de forma alguma vai voltar. O que está à frente, o futuro, a cada piscar de olhos ou bater de asas de um beija-flor se transforma em passado.
E o que passa velozmente diante de nós, com tamanha rapidez que sequer o percebemos, é o presente, fugaz, invisível e volátil. E isto enquanto pudermos permanecer diante da esteira porque, num determinado prazo, que não temos a mínima possibilidade de conhecer qual é, teremos de sair definitivamente dali.
Não há, portanto, momentos inúteis, vazios, ociosos, cuja perda possamos recuperar. Todos, sem exceção, são irrecuperáveis. Nós é que quase nunca sabemos como equacionar o tempo. Preenchemo-lo, via de regra, com banalidades, fatuidades e tolices e depois reclamamos da falta de sorte e de outras tantas coisas, na tentativa de justificar erros e fracassos.
Já Austregésilo de Athayde utilizou-se de outra metáfora, esta bem a caráter para este período de despedidas de 2008 e de recepção de 2009. Escreveu, na crônica “Relembrar, esquecer...” (publicada na extinta revista “O Cruzeiro”, em 22 de janeiro de 1966): “Imagino a passagem de ano como quem vai viajando numa longa estrada. Surgem os campos, as montanhas, os rios, as pequenas e grandes cidades. E a marcha prossegue. Umas imagens deixam as outras esmaecidas, até que desaparecem”.
É assim, também, que encaro a entrada de cada novo ano. É um caminho que se desenha à nossa frente, com inúmeras possibilidades. Pode ser que se trate, por exemplo, de uma estrada, como essas modernas rodovias européias, ou norte-americanas (ou algumas brasileiras), com asfalto perfeito, como um tapete negro sem rugas, totalmente sinalizada, sem nenhum tipo de obstáculo. Mas pode, também, ter muitos buracos em determinados trechos e até terminar em um profundo abismo, que surja, de repente, à nossa frente, sem nenhum aviso prévio, não nos permitindo, sequer, frear nosso carro.
Temos, pois, que estar preparados para todas essas instâncias. Ademais, requer-se a consciência de que passaremos por essa estrada uma só vez. Temos que aproveitar, pois, da melhor maneira possível, essa “viagem”, porquanto, queiramos ou não, estejamos ou não conscientes, os caminhos do tempo nunca têm retorno.
3 comments:
Very good!
Although we have differences in culture, but do not want is that this view is the same and I like that!
Good article, good things, good feelings, good BLOG!
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