Ouço, com assustadora freqüência, a afirmação de que “só o esperto vence na vida”. Destaque-se que a esperteza, no caso, não significa agilidade, rapidez, desembaraço, mas a capacidade de enganar os ingênuos e incautos. Claro que esse não é nenhum ingrediente dos verdadeiros vitoriosos, dos que realmente importam no mundo, pela contribuição que dão para o progresso e a civilização. A fórmula, para se vencer na vida, é bem outra. É ser competente, determinado e eficaz. É raciocinar com frieza e agir com ponderação e bom-senso. É cultivar valores. É espalhar amor e exemplos de bondade e solidariedade por onde passar. Quem acredita que a esperteza é a arma dos vitoriosos não passa, isso sim, de ingênuo, senão de tolo. O poeta dinamarquês Piet Hein diz isso, com graça e humor, nestes versos do poema “Ingênuo”: “Ingênuo é decerto/quem nunca duvida/que se for esperto/vai vencer na vida”.
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