Sunday, June 17, 2007

Preservar mananciais


Pedro J. Bondaczuk


A água, embora as pessoas não se dêem conta disso, é o bem mais precioso – por motivos óbvios – existente no Planeta. Apesar da Terra aparentar abundância do líquido, pelo menos daquele que é potável (e, portanto, próprio para o consumo), há grave escassez, especialmente em algumas regiões, hoje bastante povoadas, da África, da Ásia e do Oriente Médio.
O Brasil, em termos de recursos hídricos, é um país privilegiado, embora no Nordeste não sejam bem distribuídos. A região de Campinas, teoricamente, é muito bem servida nesse aspecto. Mas na prática, não é bem assim.
O crescimento, na maioria das vezes desordenado, e a inconsciência quanto à preservação do meio ambiente, têm causado graves problemas de captação. Em alguns lugares, eles já são mais do que sérios, são críticos.
O Poder Público até que tem investido, para dotar a maior parte dos lares, das várias cidades da região, de água potável, tratada, dentro dos mais modernos e rigorosos padrões sanitários internacionais. Só que as obras realizadas resolvem a questão por curto tempo. Por exemplo, Campinas está garantindo seu abastecimento por mais 15 anos. O mesmo ocorre com Valinhos, com investimentos da ordem de US$ 18 milhões.
Ocorre que esse prazo é muito curto. O próprio progresso atrai para cá contingentes crescentes de pessoas, às quais será necessário abastecer. E a tendência não é de redução das migrações. Muito pelo contrário.
As projeções para o abastecimento tranqüilo até 2010 podem ter sido superestimadas. Ou a população pode aumentar em quantidade muito maior do que a prevista pelos responsáveis pelo planejamento urbano das cidades da região.
É preciso, portanto, simultaneamente às obras gigantescas e caras de captação e tratamento de água, que as pessoas se conscientizem da necessidade de preservação desse precioso líquido, quase nunca valorizado devidamente, mas sem o qual a vida é impossível.
É necessária a elaboração e rigorosa execução de projetos de proteção dos mananciais, evitando-se, por exemplo, o desmatamento nas cabeceiras dos rios, para que não ocorra o seu assoreamento e que suas fontes venham a secar.
É indispensável coibir o lançamento de dejetos industriais e esgotos clandestinos. Enfim, compete, também, à população evitar que no futuro esse problema de escassez venha a se agravar. Está aí uma boa reflexão da o Dia Mundial da Água, transcorrido em 22 de março.

(Artigo publicado na página 2, do caderno Metropolitano, do Correio Popular, em 23 de março de 1995)

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