Pedro J. Bondaczuk
A indecisão, desde que se torne atitude freqüente em nossa vida e vire, até, em casos extremos, característica da nossa personalidade (uma espécie de “distintivo” nosso) é o caminho mais curto para o fracasso, seja o que for que fizermos.
Há pessoas que são assim: indecisas, travadas, inibidas, lerdas no raciocínio e, principalmente, na ação. Mostram-se incapazes de decidir até com que roupa devem sair de casa, para determinados compromissos. Imaginem o quanto vacilam quando têm que fazer alguma opção muito mais importante, daquelas com potencial para mudar até o rumo de suas vidas! Ficam perdidas, aturdidas e angustiadas. E nem assim agem.
A indecisão inibe nossos atos, nos paralisa, retém, manieta e faz com que percamos, dessa forma, preciosas oportunidades, que raramente voltam a surgir. Não confundir, porém, essa atitude com cautela.
O indeciso não é cauteloso. É muito pior do que isso: é bem mais travado, inoperante e sem iniciativa. Não sabe o que fazer nem diante das situações mais claras, ostensivamente favoráveis, que não envolvam praticamente o mínimo risco. Precisa que outros decidam por ele, o que nem sempre (ou raramente) dá certo. Cada um sabe (ou deveria saber) o que é o melhor para ele.
Quase sempre o indeciso provém de lares que têm pais que, sem se darem conta, são verdadeiros ditadores. São aqueles super-protetores, que se julgam (embora neguem, enfaticamente), “donos” dos filhos. Sufocam-nos, tamanha a sua onipresença. Recusam-se a entender, ou pelo menos a aceitar, que os criam para o mundo, e não para si próprios. Inibem todas as iniciativas dos filhos e não admitem que cometam quaisquer erros, embora errem a todo o momento, principalmente no que diz respeito à educação de seus preciosos pimpolhos.
Todavia, a todo o instante, ao longo de um único dia, somos instados, pelas circunstâncias, a decidir uma enormidade de coisas, das mais comezinhas, àquelas que podem mudar nosso rumo. Qual carreira seguir, onde e no que trabalhar, que faculdade cursar, que livro ler, qual o time para o qual torcer, que filme assistir, quem namorar, qual o momento de se casar etc.etc.etc. são algumas das decisões que tomamos todos os dias, sem que, sequer, na maior parte dos casos, venhamos a nos dar conta.
É uma atitude normal, corriqueira, comezinha para boa parte das pessoas (não me atrevo a afirmar que seja para a maioria). Em muitas das decisões que tomarmos, claro, vamos errar. E teremos que arcar com as conseqüências desses erros. É a contrapartida do livre-arbítrio, da prerrogativa das nossas escolhas. Em outras tantas, todavia... iremos acertar.
Nesse aspecto, julgo-me privilegiado. A profissão que exerço, a de editor de jornal, exige que tome decisões o tempo todo, desde o momento em que entro na redação, até o instante de concluir a edição e voltar para casa. E não apenas uma, mas inúmeras. Vão desde a elaboração da pauta – para o que, no jornal que trabalho, há duas reuniões diárias – até à hierarquização das notícias, à escolha da que será manchete da página, em quantas colunas ela será editada, se terá ou não fotos, qual o título que terá para atrair o olhar dos leitores e vai por aí afora.
E a direção da empresa não admite erros (não, pelo menos, aqueles óbvios, ostensivos, primários, dos que ficam “piscando” diante dos olhos como lâmpadas de néon). Ademais, estes são impossíveis de esconder, por mais que tentemos. Todos os que lerem a página (ou páginas, para ser mais preciso) que editei perceberão, num mero olhar (mesmo que distraído) o que estiver errado. Tenho, pois, que tomar inúmeras decisões, sem tempo algum para ponderações, rápidas, velozes, instantâneas e que sejam corretas. Até porque, há uma “multidão” de editores desempregados, de olho gordo na minha vaga.
Quem não é do ramo, pode achar que se trate de uma tortura. No início, até que é. Mas com o passar do tempo, nos acostumamos com essa pressão e até chegamos a sentir falta dela, quando fora da redação. Claro que essa capacidade de decisão não surgiu da noite para o dia.
Fui treinado, dia após dia, por anos e mais anos, para decidir com rapidez e com razoável precisão. E é lógico que usufruo desse treinamento não apenas no trabalho, mas, principalmente, no meu cotidiano. Até porque concordo plenamente com o escritor e teatrólogo irlandês George Bernard Shaw (ganhador de um Prêmio Nobel de Literatura e célebre por suas tiradas cáusticas e irônicas) que um dia desabafou: “Nada é tão cansativo quanto a indecisão, e nada tão fútil”. Eu aduziria: e tão inútil...
A indecisão, desde que se torne atitude freqüente em nossa vida e vire, até, em casos extremos, característica da nossa personalidade (uma espécie de “distintivo” nosso) é o caminho mais curto para o fracasso, seja o que for que fizermos.
Há pessoas que são assim: indecisas, travadas, inibidas, lerdas no raciocínio e, principalmente, na ação. Mostram-se incapazes de decidir até com que roupa devem sair de casa, para determinados compromissos. Imaginem o quanto vacilam quando têm que fazer alguma opção muito mais importante, daquelas com potencial para mudar até o rumo de suas vidas! Ficam perdidas, aturdidas e angustiadas. E nem assim agem.
A indecisão inibe nossos atos, nos paralisa, retém, manieta e faz com que percamos, dessa forma, preciosas oportunidades, que raramente voltam a surgir. Não confundir, porém, essa atitude com cautela.
O indeciso não é cauteloso. É muito pior do que isso: é bem mais travado, inoperante e sem iniciativa. Não sabe o que fazer nem diante das situações mais claras, ostensivamente favoráveis, que não envolvam praticamente o mínimo risco. Precisa que outros decidam por ele, o que nem sempre (ou raramente) dá certo. Cada um sabe (ou deveria saber) o que é o melhor para ele.
Quase sempre o indeciso provém de lares que têm pais que, sem se darem conta, são verdadeiros ditadores. São aqueles super-protetores, que se julgam (embora neguem, enfaticamente), “donos” dos filhos. Sufocam-nos, tamanha a sua onipresença. Recusam-se a entender, ou pelo menos a aceitar, que os criam para o mundo, e não para si próprios. Inibem todas as iniciativas dos filhos e não admitem que cometam quaisquer erros, embora errem a todo o momento, principalmente no que diz respeito à educação de seus preciosos pimpolhos.
Todavia, a todo o instante, ao longo de um único dia, somos instados, pelas circunstâncias, a decidir uma enormidade de coisas, das mais comezinhas, àquelas que podem mudar nosso rumo. Qual carreira seguir, onde e no que trabalhar, que faculdade cursar, que livro ler, qual o time para o qual torcer, que filme assistir, quem namorar, qual o momento de se casar etc.etc.etc. são algumas das decisões que tomamos todos os dias, sem que, sequer, na maior parte dos casos, venhamos a nos dar conta.
É uma atitude normal, corriqueira, comezinha para boa parte das pessoas (não me atrevo a afirmar que seja para a maioria). Em muitas das decisões que tomarmos, claro, vamos errar. E teremos que arcar com as conseqüências desses erros. É a contrapartida do livre-arbítrio, da prerrogativa das nossas escolhas. Em outras tantas, todavia... iremos acertar.
Nesse aspecto, julgo-me privilegiado. A profissão que exerço, a de editor de jornal, exige que tome decisões o tempo todo, desde o momento em que entro na redação, até o instante de concluir a edição e voltar para casa. E não apenas uma, mas inúmeras. Vão desde a elaboração da pauta – para o que, no jornal que trabalho, há duas reuniões diárias – até à hierarquização das notícias, à escolha da que será manchete da página, em quantas colunas ela será editada, se terá ou não fotos, qual o título que terá para atrair o olhar dos leitores e vai por aí afora.
E a direção da empresa não admite erros (não, pelo menos, aqueles óbvios, ostensivos, primários, dos que ficam “piscando” diante dos olhos como lâmpadas de néon). Ademais, estes são impossíveis de esconder, por mais que tentemos. Todos os que lerem a página (ou páginas, para ser mais preciso) que editei perceberão, num mero olhar (mesmo que distraído) o que estiver errado. Tenho, pois, que tomar inúmeras decisões, sem tempo algum para ponderações, rápidas, velozes, instantâneas e que sejam corretas. Até porque, há uma “multidão” de editores desempregados, de olho gordo na minha vaga.
Quem não é do ramo, pode achar que se trate de uma tortura. No início, até que é. Mas com o passar do tempo, nos acostumamos com essa pressão e até chegamos a sentir falta dela, quando fora da redação. Claro que essa capacidade de decisão não surgiu da noite para o dia.
Fui treinado, dia após dia, por anos e mais anos, para decidir com rapidez e com razoável precisão. E é lógico que usufruo desse treinamento não apenas no trabalho, mas, principalmente, no meu cotidiano. Até porque concordo plenamente com o escritor e teatrólogo irlandês George Bernard Shaw (ganhador de um Prêmio Nobel de Literatura e célebre por suas tiradas cáusticas e irônicas) que um dia desabafou: “Nada é tão cansativo quanto a indecisão, e nada tão fútil”. Eu aduziria: e tão inútil...
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