Tuesday, June 19, 2007

Por uma nova utopia-2


Pedro J. Bondaczuk

I-DEFININDO UTOPIA

Mário Donato inicia suas considerações com a pergunta: "Uma utopia? Que é uma utopia no consenso atual?". E responde: "Algo de paradisíaco e de inefável. Tão bom, que se faz inexequível". Sua definição difere da de Karl Manheim, que afirma: "Utopias são idéias inspiradoras das classes em rebelião e ascensão, em oposição às ideologias que racionalizam e estratificam o pensamento das classes dominantes". Não concordo com essa colocação, de cunho exclusivamente político.

Mas voltando ao que foi escrito por Mário Donato, questiono: haveria, de fato, alguma tarefa, por mais sublime que seja, impossível do ser humano realizar? Entendo que não! Para quem conquistou a natureza, dominou os segredos do átomo, decifrou os mistérios do genoma e operou tantas e tamanhas maravilhas, a impossibilidade é apenas relativa, mera questão de tempo.

Mário Donato prossegue, no mencionado ensaio: "O pai das utopias foi Platão, que viveu entre o IV e o V século antes de Cristo. Era um impenitente criador de utopias, o que dá a medida do seu inconformismo. Uma delas, a da Atlântida, até hoje é discutida a sério: existiu mesmo ou não?".

Os ideais platônicos podem ter grande interesse na história do pensamento humano. Sua República foi tentada, em várias épocas e lugares, e fracassou. Até hoje os aristocratas conduzem os destinos de vários Estados, mas foram impotentes, ou indolentes, ou incompetentes para pôr fim aos desníveis sociais e outras mazelas que caracterizam o nosso tempo. Não é esta, portanto, a utopia que quero ver implantada.

(Do livro "Por uma nova utopia-2", em fase de redação, sujeito a alterações);

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