Pedro J. Bondaczuk
Busca incessante, implacável da verdade.
Súplica, desesperada, de explicações à noite
--- insólita e singular girafa negra,
estranha, volumosa, mas muda –
tentativa (inútil) de devassar o futuro,
garimpo do incógnito diamante do amanhã.
Interrogações ao fluido, onipresente vento,
que ora sussurra, ora ruge balelas
e, soturnamente, balança, bate janelas
na absoluta, espectral escuridão noturna.
--- Onde a verdade? O que é a verdade? –,
Indaga-se, com insistência e com afã.
--- Onde as respostas? De responder quem há de?
Haverá, ainda, algum fortuito amanhã?
Tateando, às cegas, bailando, caindo, levantando
e avançando, passo a passo, aos tropeções
no atroz desespero que tanta treva enseja,
entre dúvidas multiplicadas e tantas indagações,
vislumbra-se uma réstia, tênue nesga de luz.
A Terra gira, inconsciente, no espaço infinito.
Noites se sucedem, exponencialmente,
hojes e mais hojes fazem-se ontens,
amanhãs e mais amanhãs tornam-se hojes,
segundos, minutos, horas, dias não se detêm.
Mudanças... Foi o tempo, afinal, que mudou,
ou fui eu que, repelente, porém frágil, larva,
em improvável, anormal metamorfose,
inversa à das mariposas e borboletas,
me transformei, de um belo e inocente menino
(que às vezes até conseguia ser feliz)
neste poeta, consciente, sensível, maduro,
sábio, é verdade, mas um poço de amarguras?
--- Onde a verdade, implacável esfinge? –
indago, com insistência e com afã.
--- Onde as respostas? De responder-me quem há de? –
--- Haverá, ainda, algum fortuito amanhã?
Como administrar tanta e tão intensa saudade?
(Poema composto em Campinas, em 12 de dezembro de 1965).
Busca incessante, implacável da verdade.
Súplica, desesperada, de explicações à noite
--- insólita e singular girafa negra,
estranha, volumosa, mas muda –
tentativa (inútil) de devassar o futuro,
garimpo do incógnito diamante do amanhã.
Interrogações ao fluido, onipresente vento,
que ora sussurra, ora ruge balelas
e, soturnamente, balança, bate janelas
na absoluta, espectral escuridão noturna.
--- Onde a verdade? O que é a verdade? –,
Indaga-se, com insistência e com afã.
--- Onde as respostas? De responder quem há de?
Haverá, ainda, algum fortuito amanhã?
Tateando, às cegas, bailando, caindo, levantando
e avançando, passo a passo, aos tropeções
no atroz desespero que tanta treva enseja,
entre dúvidas multiplicadas e tantas indagações,
vislumbra-se uma réstia, tênue nesga de luz.
A Terra gira, inconsciente, no espaço infinito.
Noites se sucedem, exponencialmente,
hojes e mais hojes fazem-se ontens,
amanhãs e mais amanhãs tornam-se hojes,
segundos, minutos, horas, dias não se detêm.
Mudanças... Foi o tempo, afinal, que mudou,
ou fui eu que, repelente, porém frágil, larva,
em improvável, anormal metamorfose,
inversa à das mariposas e borboletas,
me transformei, de um belo e inocente menino
(que às vezes até conseguia ser feliz)
neste poeta, consciente, sensível, maduro,
sábio, é verdade, mas um poço de amarguras?
--- Onde a verdade, implacável esfinge? –
indago, com insistência e com afã.
--- Onde as respostas? De responder-me quem há de? –
--- Haverá, ainda, algum fortuito amanhã?
Como administrar tanta e tão intensa saudade?
(Poema composto em Campinas, em 12 de dezembro de 1965).
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