Saturday, November 11, 2006
Tristeza abissal
Pedro J. Bondaczuk
Era um poeta triste, triste,
de uma tristeza profunda, abissal.
Nos campos escuros da noite
vagava, a delirar, a sonhar quimeras...
Vislumbrava mundos de luz,
dourados, rosas e azuis,
que sabia inalcançáveis:
sofria por sabê-los sonhos.
Queria uma vida calma, doce,
dulcíssima (favos de mel),
no entanto, temia que fosse
não mais do que cálice de fel.
Vivia perdido, distraído, a sonhar,
numa especialíssima dimensão
(e com sua tristeza abissal),
ausente, fora do mundo real,
que é tão pródigo em ceifar
desejos, e ilusão após ilusão.
.
Um dia, contudo, o triste sorriu
nos olhos enigmáticos de alguém,
real, mas que era inalcançável.
E a vida, por sua vez, também sorriu,
mas com indisfarçável sarcasmo,
com misteriosos sorrisos de enigma.
E o triste ficou mais triste
(profunda tristeza! Abissal!)
perdido, no tempo e no espaço,
nos limites entre o bem e o mal.
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 25 de agosto de 1964).
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