Friday, November 10, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo)

PLACAR ESTAMPA NOTA DO JOGO

Em um jogo tecnicamente sofrível, em que sobraram caneladas e não houve a mínima técnica, Ponte e Preta e Fluminense não saíram do zero, ontem à noite, no Maracanã. O placar espelhou bem a nota que pode ser atribuída à partida. Ou seja, zero para as duas equipes. Não estivesse a Macaca na situação delicada em que está, o resultado poderia ser considerado, até, de razoável para bom. Entretanto, pelas circunstâncias, não foi e nem poderia ser comemorado pela torcida pontepretana. No primeiro tempo, quando os dois times estavam com onze jogadores, houve, ainda, alguns lances de emoção, com o goleiro Jean praticando pelo menos três defesas fundamentais, que garantiram o zero no placar. No segundo, só deu o zagueiro Preto. O Fluminense tentou furar a rígida retranca da Ponte com chuveirinhos na área. E esse expediente consagrou o zagueirão pontepretano que, bem colocado e com disposição invejável, não errou um único lance de cabeça e deu folga, dessa forma, a Jean. O destaque negativo, mais uma vez, foi o lateral Iran. Por falta de cabeça, o jogador, que havia recebido um cartão amarelo logo no início da partida, fez uma falta desnecessária e absurda aos 44 minutos da etapa inicial e foi expulso (com justiça, diga-se de passagem). E quase causou a derrota do time. Deve agradecer, somente, ao zagueiro Preto, que evitou mais um vexame da Macaca, com uma atuação inspirada e impecável.

GUARANI PERDE PÊNALTI NOS DESCONTOS

O Guarani foi a Fortaleza, para jogar contra o Ceará, na terça-feira, precisando desesperadamente da vitória, depois de uma sucessão incrível de empates, tanto em casa, quanto nos domínios dos adversários. E esta esteve claramente nas suas mãos, mas o time não soube consumar. O Bugre, bastante desfalcado, defendeu-se bem o jogo todo, embora seu ataque, de novo, tenha se mostrado inoperante. A partida já estava nos descontos, o placar era 0 a 0, quando o acaso tentou dar uma providencial mãozinho ao time campineiro, dessas que aparecem uma única vez na vida: o Bugre teve um pênalti ao seu favor, aos 47 minutos do segundo tempo. Caso fosse convertido, sem dúvida, o adversário não teria o mínimo tempo para recuperação. Os cearenses já mostravam até uma certa conformidade com a derrota, quase certa. “Quase” é bem o termo, pois o futebol é um esporte caprichoso. Deivid, que vem sendo um jogador fundamental do time na temporada, foi encarregado da cobrança. E...chutou muito mal. Bateu fraco e telegrafado na bola, e o goleiro do Ceará defendeu, sem muito esforço. Resultado: o placar não saiu, mesmo, do zero. Foi uma ducha de água gelada na comunidade bugrina. Depois dessa, só um milagre conseguirá salvar o Guarani do rebaixamento.

TIME SEM NENHUM ARMADOR

Com as dispensas de Danilo e Welber, a Ponte Preta transformou-se num dos únicos times do Brasil, quiçá do mundo (não conheço nenhum outro, nem no futebol de várzea) sem nenhum, absolutamente nenhum armador. O meio de campo pontepretano conta com quatro volantões, tipo brucutu, só de trombada e marcação, que não conseguem dar sequer um passe, de um metro de distância, certo. Os atacantes têm que se virar e fazer milagres para receber bolas em condições de pelo menos ameaçar a meta adversária. Estas chegam (quando chegam) espirradas, quadradas, divididas, muito mais para os adversários, do que para os avantes da Ponte. Como querer que o time vença os quatro jogos que lhe restam com tamanha deficiência? Só lhe sobra uma única e solitária alternativa: a bola parada. É pouquíssimo para quem quer se manter na elite do futebol brasileiro. Este foi, aliás, o mais grave dos tantos erros cometidos pela diretoria na montagem deste limitadíssimo plantel, um dos mais fracos da Ponte em décadas. O time depende exclusivamente da raça de seus jogadores o que, convenhamos, é quase nada para lhe assegurar o sucesso nesse novo e fundamental desafio.

FUTURO NEBULOSO E INCERTO

Se o futuro da Ponte Preta não é dos mais brilhantes, caso não consiga se livrar do rebaixamento, o do Guarani é mais nebuloso e incerto ainda, mesmo que não caia para a Série C do Campeonato Brasileiro de 2007. O Bugre vai disputar, no ano que vem, no início do ano, a complicadíssima Série A-2 do Paulistão, que além de tudo, não dá nenhuma visibilidade ao clube. As cotas aos participantes são irrisórias, praticamente simbólicas. Os que disputam esse campeonato não contam com o dinheiro da televisão e têm que se manter com recursos próprios, saídos só Deus sabe de onde. Como montar um time competitivo, nessas circunstâncias, não só para a disputa regional, mas principalmente para a Série B do Campeonato Brasileiro (isso supondo que o Guarani vai escapar do rebaixamento)? A torcida é boa para fazer cobranças e exigir performances brilhantes, mas na hora do vamos ver, no momento de entrar com o dinheiro, é aquele vexame. A esperança bugrina, mais uma vez, está em suas categorias de base. Se a “safra” for boa, pode dar a volta por cima e retornar à elite, pelo menos no Paulistão. Mas se não for...

CORÍNTHIANS SAI DO BURACO

O técnico Emerson Leão tem muitos defeitos como pessoa, dizem os que o conhecem de perto e com ele convivem. É acusado (e não entro no mérito se com razão ou não) de vaidoso, temperamental, prepotente e centralizador. Mas uma coisa nem seus mais ferozes desafetos jamais negaram e nem podem negar: é extremamente competente no que faz. Fez história, como treinador vencedor, no Sport Recife, no Santos e no São Paulo, entre outros times. E, no Corínthians, não foi diferente. Quando assumiu o comando técnico do campeão brasileiro do ano passado, este atravessava a maior crise da sua história. Era o lanterna do Campeonato Brasileiro, brigas e mais brigas sucediam-se no plantel e era candidatíssimo a um vexatório rebaixamento. E o que Leão fez para consertar a situação? Impôs disciplina e assumiu o comando de fato do time. Em primeiro lugar, sacou os medalhões, trazidos a peso de ouro pela MSI (Tevez, Mascherano e Sebá foram dispensados), sem dar a menor importância aos que o chamavam de louco. Em seu lugar, recorreu aos pratas da casa, revelados nas categorias de base do clube. Num piscar de olhos, mesmo sem jogar um futebol brilhante, Leão tirou o Corinthians do buraco. Agora, além de virtualmente classificado para a Copa Sul-Americana, surge a possibilidade (posto que remota) de conquistar uma vaga para a Libertadores da América. Competência é isso. O resto é conversa pra boi dormir.

SÃO PAULO A UMA VITÓRIA DO TÍTULO

Se Emerson Leão é um dos destaques do Campeonato Brasileiro, pelo que fez pelo Corinthians, Muricy Ramalho não fica atrás no comando técnico do São Paulo. As duas últimas vitórias do tricolor paulista (contra o Santos, domingo, na Vila Belmiro, por 1 a 0, e contra o Botafogo, ontem, no Morumbi, por 3 a 0), deixaram o time praticamente com as duas mãos na taça, na condição de virtual campeão da competição. Está prestes a garantir, portanto, uma conquista que lhe escapou por pouco, muito pouco no ano passado, quando estava no comando do Internacional de Porto Alegre, num campeonato marcado pela controvérsia, por causa de repetição de jogos supostamente manipulados por Edílson Pereira de Carvalho, o que favoreceu o Corinthians. E pensar que há somente uns três meses, parte da torcida são-paulina chegou a pedir a sua dispensa, após o São Paulo não ter conseguido o bicampeonato da Copa Libertadores da América! O grande mérito de Muricy Ramalho é o de não inventar. Segue a escola do saudoso Telê Santana, de quem foi auxiliar por muitos anos. E mostra que aprendeu muito com o seu competente guru.

RESPINGOS...

· E não é que o Vitória deu a volta por cima na Série C?! Suas duas últimas vitórias seguidas (contra o Bahia, domingo, por 2 a 1 e ontem, contra o Grêmio Barueri, em São Paulo, por 1 a 0), recolocaram o time baiano no páreo, já que ocupa a terceira colocação da competição.
· O Fortaleza, ao que tudo indica, já “jogou a toalha” e não acredita mais que possa escapar do rebaixamento. Quarta-feira, jogou “pedrinha” contra o Palmeiras e perdeu por 3 a 0.
· O São Caetano, pelo contrário, adquiriu ânimo novo após a vitória sobre a Ponte Preta, domingo, em Campinas, por 2 a 1. Na quarta-feira, derrotou o Figueirense por 3 a 1 e sonha ainda escapar da degola, contra todos os prognósticos.
· Outra grande estrela deste Campeonato Brasileiro é o técnico Renato Gaúcho. Com um time sem nenhum jogador famoso, está levando o Vasco a brigar por uma das vagas na Libertadores da América. Quem diria!
· No outro extremo, está Paulo César Gusmão, que nesta temporada passou por cinco times diferentes e fracassou em todos eles. O treinador, que já foi considerado “clone” de Wanderley Luxemburgo e que agora comanda o Fluminense, está a 16 jogos sem sentir o sabor de uma única vitória. Que coisa!

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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