Sunday, November 12, 2006

Agressão gratuita aos que têm fé


Pedro J. Bondaczuk


A indústria cinematográfica mundial vive, a exemplo de tantas outras atividades (quer políticas, quer econômicas, quer artísticas ou quer de várias outras naturezas) enorme crise de qualidade e, principalmente, de criatividade.
Não é por acaso que baboseiras do tipo “Sexta-Feira 13”, “Rambo”, “Casa do Espanto” e tantas outras coisas tolas, embora inofensivas, sejam produzidas em série, refletindo uma falta de imaginação contundente, infelizmente aceita, passivamente, pelo público consumidor.
Todavia, de uns tempos a esta parte, uma nova tendência vem se manifestando devagarinho, com algumas características piores ainda, perigosas, por se brincar com coisas muito sérias, que alguns celerados não sabem respeitar. Determinados produtores, ávidos por publicidade, estão investindo contra a religião. Misturam o sagrado e o profano em um único e podre balaio.
Depois da controvérsia em torno do filme “Je vous Salue Marie”, que causou tanta celeuma entre nós, agora a indústria cinematográfica está partindo para uma agressão mais ostensiva contra metade da humanidade, que professa o cristianismo.
Lança agora, nos Estados Unidos, uma indecência que denominou de “The Last Temptation of Christ”. Esta é uma notícia que este editor publica com nojo, dado o desrespeito com que uma figura divina, sobre a qual ele, e tanta gente, centralizam todas as suas esperanças, é tratada. O que se deseja questionar é o que obras dessa natureza têm a acrescentar às artes, à cultura ou até mesmo à verdade histórica.
Há um limite para tudo neste mundo, inclusive para a ganância e para a estupidez. Se os produtores desse filme não acreditam em nada, eles que guardem sua descrença para si. Que não venham confundir ainda mais a cabeça, já tão confusa, de bilhões de alienados, de inocentes úteis, de robôs, vazios, que vegetam neste Planeta, tão desesperançados que só encontram refúgio nas drogas, nos mais ignóbeis vícios, quando não no suicídio.
É sabido que o mundo abriga mais de 10 milhões de loucos, a maioria absoluta dos quais está à solta pelas ruas e até desconhece suas doença. Estes, certamente, serão os que irão consagrar o “The Last Temptation of Christ”, tornando os seus produtores mais ricos (de um tesouro que não poderão levar para além-túmulo) e a humanidade mais indigente, do ponto de vista espiritual.
O homem pode ter progredido tecnologicamente. Aliás, isto não há como negar. Produziu maravilhas, que no passado jamais passaram pela mais alucinada fantasia dos sonhadores. Mas, em termos morais, de profundidade de pensamento, de riqueza interior, caminhou (e muito) para trás. E alguns indícios demonstram que regrediu aos tempos anteriores até ao de seus ancestrais das cavernas, que cultuavam suas divindades e distinguiam, pelo menos, o sagrado do profano. Pobre mundo sem rumo...

(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 14 de julho de 1988).

1 comment:

Ivani Medina said...

Por que certa curiosidade histórica é encarada pela expectativa religiosa como uma cruel agressão a fé? “[...]. Porque não há coisa alguma escondida, que não venha a ser manifesta: nem coisa alguma feita em oculto, que não venha a ser pública”. (Marcos 4: 38-21)

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