Monday, November 20, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Site oficial do São Paulo Futebol Clube)

JÁ NÃO RESTA ESPERANÇA

A derrota da Ponte Preta, ontem, para o Fortaleza, na capital cearense, por 1 a 0, praticamente selou a sorte do time campineiro na Série A do Campeonato Brasileiro de 2006. É verdade que, matematicamente, ainda há possibilidade da Macaca escapar. Mas o que acaba com todas as esperanças não é a tabela, porém a extrema fragilidade dessa equipe que representa, em campo (e muito mal), uma das mais tradicionais entidades de futebol do País. Vou mais longe: este atual plantel não tem nível, sequer, para a Série C. A atuação da Ponte Preta, ontem, em Fortaleza, foi ridícula. E olhem que o time cearense jogou, praticamente, com um time misto, já que está, desde a rodada passada, matematicamente rebaixado. Nem assim os comandados de Wanderley Paiva souberam se impor em campo. Pelo contrário, a Ponte Preta foi um time atabalhoado, nervoso, medroso e sem nenhum padrão técnico. Ademais, seus próximos dois adversários são infinitamente superiores ao Fortaleza, ou seja, o Goiás (em Goiânia) e o Atlético Paranaense (no Majestoso). Agora, só resta à Macaca se organizar, planejar adequadamente, não cometer os mesmos erros desta temporada e tentar a complicadíssima tarefa de tentar retornar à elite em 2007.

GUARANI AINDA RESPIRA

A vitória, sábado, no Brinco de Ouro, do Guarani sobre o Sport Recife, por 2 a 0, deu um restinho de fôlego ao time campineiro para que possa se manter na Série B em 2007. O ruim, porém, é que o Bugre já não depende mais das próprias forças. Além de ter que ganhar de qualquer forma do Vila Nova, na última rodada, em Anápolis, terá que torcer por uma improvável combinação de resultados. Ou seja que, no mínimo, três times percam, para que possa escapar da degola. As probabilidades disso ocorrer, contudo, são pequenas, mínimas, remotas, remotíssimas, quase impossíveis. Claro que a torcida bugrina ainda acredita nesse “milagre” (está no seu papel). Mas, objetivamente (posso até me equivocar), cá para nós, o destino do campeão brasileiro de 1978 é, mesmo, a Série C. E, a exemplo da Ponte Preta, convenhamos, o Bugre fez por merecer esse castigo, pelas inúmeras bobagens cometidas pelos seus dirigentes no início (e ao longo) da presente e desastrosa temporada.

PLANEJAMENTO PARA O PAULISTÃO

Depois da vexatória (mas previsível) participação da Ponte Preta no Campeonato Brasileiro da Série A de 2006, resta, agora, à diretoria pontepretana, a tarefa fundamental de planejar a temporada de 2007. E isso não pode ser adiado para depois das festas, como parece que vai acontecer. Tem que começar de imediato, já, hoje mesmo, pois o Paulistão, que certamente será outra “pedreira”, está às portas e nele quatro clubes serão rebaixados. Começa em 17 de janeiro, portanto, a menos de dois meses. É preciso levar em conta que, praticamente metade dos participantes, está adiantadíssima nos preparativos, com os respectivos plantéis já definidos, intensamente treinados e ganhando conjunto nos vários amistosos que disputam. O time atual da Ponte Preta não pode, e nem deve, servir de base para 2007. Tem que ser totalmente remodelado. Um ou outro dos “meninos” (casos de Nei, Ricardo Conceição, Welington, Jailson, Wanderley e Josimar) podem ser aproveitados, mas apenas no banco de reservas. Os demais...Eu não ficaria com nenhum! E onde encontrar bons jogadores para a duríssima tarefa de fazer um Paulistão digno e tentar o quase impossível regresso à Série A do Campeonato Brasileiro? Aí é que entra a competência (ou falta dela) dos atuais diretores. Mexam-se, virem-se, mas comecem já!

BUGRE TEM SITUAÇÃO PIOR

O desafio da diretoria bugrina (quer o Guarani permaneça na Série B do Campeonato Brasileiro, quer seja rebaixado) é ainda maior do que a da pontepretana para a montagem de um time competitivo. O Bugre, em 2007, pela primeira vez em 60 anos, não fará parte da elite do futebol paulista. Por conseqüência, o dinheiro que entrará em seus cofres será praticamente nenhum. Sem recursos financeiros, a tarefa de montar um time competitivo, com condições reais de repor o Guarani na Série A-1 do Campeonato Paulista de 2008, é uma missão virtualmente impossível. Os raros bons atletas que ainda não se transferiram e não estão se transferindo para o exterior são caros até para os padrões atuais dos chamados grandes. Imaginem para um clube do interior, virtualmente falido, que não paga salários em dia e que praticamente não terá exposição na mídia, como é o caso do Bugre! Os empresários desses jogadores querem “vitrines” em que seus pupilos possam expor seus talentos e despertar a cobiça de clubes europeus ou, no mínimo, asiáticos. E nesse aspecto, convenhamos, o Guarani de 2007 estará muito distante do ideal. Como se vê, o campeão brasileiro de 1978 está numa enorme encrenca, permaneça ou não na Série B do Brasileirão.

FESTIVAL DE GROSSURA E INCOMPETÊNCIA

Palmeiras e Fluminense têm que agradecer, e muito, ao Santa Cruz, Fortaleza, São Caetano e Ponte Preta, que, por sua ruindade, garantem a permanência dos dois outrora grandes na Série A do Campeonato Brasileiro de 2007. A CBF bem que poderia abrir uma exceção neste ano (claro que não fará isso) e rebaixar seis, e não somente quatro times para a Série B. Alviverdes e tricolores não ficam nada a dever, em termos de incapacidade técnica, aos quatro rebaixados. Vão escapar, somente, por causa de circunstâncias que lhes favoreceram. No campo, não justificaram, em absoluto, sua permanência na elite do futebol brasileiro. Com os plantéis recheados de “medalhões”, dos chamados “bois cansados”, sucederam vexame após vexame ao longo de toda a temporada, para desespero de suas impacientes torcidas. Caso não façam nada para corrigir as falhas de 2007, Fluminense e Palmeiras são candidatíssimos ao rebaixamento no ano que vem. E o Corinthians apenas escapou dessa disputa de mediocridade graças à competência de Emerson Leão que, em tempo hábil, afastou os medalhões da equipe e apostou nos meninos do “terrão”.

TÍTULO EM BOAS MÃOS

O São Paulo confirmou, ontem, num Morumbi lotado, o que todos já sabiam que iria ocorrer desde o início do Segundo Turno: que seria o campeão brasileiro da temporada. É certo que o título não veio com uma vitória sobre o Atlético Paranaense, como sua apaixonada torcida esperava. O tricolor jogou uma partida apenas burocrática e ficou num (justo) empate de 1 a 1. A conquista só não foi adiada porque o Paraná fez a sua parte e derrotou o Internacional de Porto Alegre, em Curitiba, por 1 a 0. O São Paulo, convenhamos, não foi brilhante e3m nenhum momento da competição, o futebol que praticou não empolgou ninguém, mas primou pela eficiência. E foi o que valeu. Foi um time “operário”, aplicado e que teve o mérito da regularidade, ao contrário dos seus principais adversários, no caso o Internacional, o Grêmio e o Santos, que alternaram brilhantismo (muito pouco) e mediocridade (em boa parte das suas atuações). Em termos técnicos, o campeonato que se encerra no próximo dia 3 de dezembro foi um dos mais fracos dos últimos 20 anos. E venceu quem tinha que vencer: o menos pior, o São Paulo. Parabéns, pois, ao tricolor do Morumbi.

RESPINGOS...

· Vitória e Ipatinga juntaram-se, neste fim de semana, ao Criciúma no acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro de 2007. Resta, agora, apenas uma vaga para três candidatos: Grêmio Barueri, Ferroviário e Bahia.
· O Grêmio derrotou o rebaixado Santa Cruz, sábado, no Estádio Olímpico, por 3 a 1, e garantiu vaga para a Libertadores da América em 2007. Nada mau para um time que acabou de retornar da Série B.
· O empate entre Corinthians e Fluminense, sábado, em São Paulo, por 1 a 1, foi um dos piores jogos do Campeonato Brasileiro de 2006. Foi um festival de grossura, de irritar o mais calmo dos torcedores.
· O Atlético Paranaense apostava todas as fichas, neste ano muito ruim para o clube, na conquista da Copa Sul-Americana. Todavia, na quarta-feira passada, foi surpreendido pelo Pachuca, do México, para quem perdeu, por 1 a 0, em plena Arena da Baixada. Agora, tem que tirar a diferença fora de casa.
· O Vasco, quietinho, quietinho, mantém acesas as chances de conseguir uma vaga para a Copa Libertadores da América. Ontem, derrotou o São Caetano, por 1 a 0, no ABC e encostou no Santos.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


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