Tuesday, November 07, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo)

MAS QUE TABU É ESTE?!

Não acredito em tabus, mas algumas coincidências no esporte, em especial no futebol, são exasperantes. É o que acontece com a Ponte Preta sempre que enfrenta o São Caetano no Moisés Lucarelli. A Macaca jamais, em tempo algum, venceu o time do ABC jogando em Campinas, nem mesmo em amistosos. E, no domingo passado, não foi diferente. Precisando desesperadamente do resultado, tropeçou no Azulão, que não vencia há meses, perdendo por 2 a 1, e viu sua situação ficar complicadíssima no Campeonato Brasileiro. A Ponte Preta foi um time nervoso, desarrumado em campo e sem nenhuma criatividade. Ainda assim, o resultado foi perverso com os comandados de Wanderley Paiva, principalmente da forma e no momento em que aconteceu: um gol de cabeça de Lucas, revelado no Majestoso e aos 46 minutos do segundo tempo. Tem sido sempre assim com o São Caetano. Ou esse adversário fatalista faz dois gols logo de cara, nos primeiros minutos de jogo, e liquida a fatura, ou marca nos segundos finais, impossibilitando qualquer reação. Ainda verei, estou certo, a Ponte estabelecer em cima desse mesmo time um tabu a seu favor, que vai durar por muitos anos. Mas, por enquanto...

GUARANI SE COMPLICA AINDA MAIS

Se a Ponte Preta não se saiu bem em seus domínios, o Guarani não fez por menos. Empatou com o Ituano, sábado, no Brinco de Ouro, por 1 a 1 e colocou sua desesperada torcida em pé de guerra. O time, que havia feito uma partida de razoável para boa contra o Santo André, jogou muito mal dessa vez e deve se dar por satisfeito por ter saído com um empate que, todavia, em termos de classificação, foi desastroso. Até pênalti o atacante Edmilson (o artilheiro do Bugre na temporada e especialista nesse tipo de lance) perdeu. Agora, o Guarani terá que fazer das tripas coração, nos quatro jogos que lhe restam, para permanecer na Série B no ano que vem. A torcida, inconformada, protagonizou cenas lamentáveis de violência, brigando com o policiamento e ameaçando bater nos jogadores. Convenhamos, não é o tipo de atitude que o time precisa, nesse momento tão delicado da competição.

MORTE NA PRAIA

E o Campinas, para desespero dos seus milhares de simpatizantes, mais uma vez, nadou, nadou e nadou e parece que vai morrer na praia. O empate, domingo, por 0 a 0, contra o Lemense, reduziu as chances do Águia de ascender à Série A-3 em 2007 a, praticamente, zero. O time não depende mais somente das próprias forças, mas de uma imponderável combinação de resultados, ou seja, de praticamente um milagre. Além de ter que vencer o União Mogi (que já garantiu seu acesso) domingo, em Campinas, precisa torcer contra o Linense, que vai jogar em seus domínios, com o apoio da sua entusiasmada torcida, contra o pior time do grupo, que perdeu de todo o mundo (menos do Águia). Matematicamente, a possibilidade, embora remotíssima, existe. Na prática... Mas como no futebol zebras acontecem a toda hora, resta esperar. Todavia, o sonho do Campinas de ascender para a Série A-3 tem que ser, novamente, adiado. Para quando, só Deus sabe.

A REFORMULAÇÃO QUE SE IMPÕE

A Ponte Preta, escapando ou não do rebaixamento (ainda acredito que escape) precisa fazer uma profunda reformulação para 2007. E não somente no atual plantel (um dos mais fracos dos últimos anos), mas, sobretudo, na sua filosofia de jogo. Há tempos que o time vem jogando sempre da mesma maneira, apostando todas as fichas na defesa, na marcação, no ferrolho defensivo, em detrimento do ataque. Variam os jogadores, mas a forma de jogar (que, aliás, está manjadíssima pelos adversários) é sempre a mesma, não importa quem seja o treinador. Foi assim com Marco Aurélio, com Estevam Soares, com Vadão, com Nelsinho Baptista, com Abel Braga, com Nenê Santana. E continua da mesmíssima forma com Wanderley Paiva. Além dos dois zagueiros, a Ponte tem sempre três volantes brucutus, trombadores, mais defensores do que meiocampistas, em detrimento da armação de jogadas ofensivas. Os atacantes têm que se virar como (e se) der. Recebem, invariavelmente, bolas quadradas, para dividir com a zaga adversária e raramente levam vantagem. Às vezes dá certo, claro, mas nem sempre (diria, quase nunca). Ademais, com esse esquema defensivo, a Ponte atrai, invariavelmente, os adversários para as imediações da sua área e estes, de tanto martelarem, conseguem um, dois, três e sabe-se lá mais quantos gols, seja em Campinas, seja em seus estádios, e vencem os jogos. Não é por acaso que entra campeonato, sai campeonato, a defesa pontepretana, se não é a mais vazada, está sempre entre as piores. Esta é a maior reformulação que a Ponte precisa, e com a máxima urgência. As outras até que podem esperar.

DISPUTA DA MEDIOCRIDADE

Três times disputam, palmo-a-palmo, na parte debaixo da tabela do Campeonato Brasileiro da Série A, para saber qual deles é o pior: Ponte Preta, Palmeiras e Fluminense. O mais incompetente dos três fará companhia a Santa Cruz, São Caetano e Fortaleza na Série B do ano que vem. Quando um ganha, os outros dois vencem também. O mesmo acontece em relação a empates e a derrotas. Há já um bom tempo, os três estão nessa lenga-lenga e vêem os demais adversários se distanciarem na tabela. No confronto direto entre eles, até aqui, a Ponte Preta leva vantagem: venceu o Palmeiras e o Fluminense no primeiro turno e empatou com o time de Parque Antártica no segundo. Nesta quinta-feira, a Macaca enfrenta, de novo, o tricolor carioca, no Maracanã, onde jamais venceu ou empatou. É outra escrita que precisa quebrar, caso queira permanecer na elite. Vai conseguir? Tomara que sim! Para isso, porém, precisa jogar mais, muito mais do que jogou contra o São Paulo e, principalmente, contra o São Caetano no domingo passado. Esses jogadores que aí estão serão os heróis ou os coveiros da Macaca? Eles que respondam, mas em campo.

SÃO PAULO VENCE, SEM CONVENCER

A vitória do São Paulo contra o Santos, domingo, na Vila Belmiro, por 1 a 0, significou um passo decisivo do tricolor paulista para a conquista de um título que não vai para o Morumbi há já 16 anos. É verdade que o Internacional de Porto Alegre, a exemplo do que fez no ano passado em relação ao Corinthians, está disposto a vender muito caro esse feito são-paulino. Venceu, domingo, no Estádio Olímpico, o clássico gaúcho, o tradicional Gre-Nal, por 1 a 0, e continua, teimosamente, nos calcanhares do São Paulo, com quem decidiu (e ganhou) a Libertadores da América de 2006. O tricolor jogou apenas o feijão com arroz contra o Santos e chegou a ser, na maior parte da partida, inferior, tecnicamente, aos comandados de Wanderley Luxemburgo. Ou seja, mais uma vez, como ocorreu em inúmeras oportunidades ao longo da competição, venceu, mas esteve muito longe de convencer. Como o que importa são os três pontos, tudo indica que o São Paulo já é o virtual campeão brasileiro da temporada.

RESPINGOS...

· O clássico Ba-Vi, que havia sido vencido pelo Bahia no primeiro turno da fase final da Série C do Campeonato Brasileiro, teve o vencedor invertido neste domingo. Ou seja, deu Vitória, e também por 2 a 1. Parece que os dois co-irmãos vão morrer abraçados, de novo.
· O Grêmio Barueri quase deu o troco no Ipatinga. No meio da semana, havia perdido por 3 a 0 no Parque Antártica. Neste domingo, arrancou um excelente empate, por 2 a 2, nos domínios do time mineiro.
· O Botafogo fechou a boca dos que insinuavam que iria entregar o jogo para seu desesperado rival carioca, o Fluminense. Embora desfalcado de meio time titular, o clube da estrela solitária honrou suas tradições e venceu o clássico de domingo, no Maracanã, por 2 a 1.
· O técnico Jair Picerni estreou de pé esquerdo no comando do Palmeiras. O time foi goleado, em Curitiba, por 4 a 2 pelo Paraná.
· O Corinthians escapou, de vez, do vexame do rebaixamento. Derrotou o fragílimo Santa Cruz, no Pacaembu, pelo modesto placar de 1 a 0, com um solitário gol de pênalti. É muito pouco, convenhamos, para quem foi o campeão de 2005 e que sonhava ir, neste ano, para Tóquio, para disputar o mundial interclubes.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


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