Thursday, November 09, 2006

REFLEXÃO DO DIA


As nossas reminiscências têm muito de fantasia e de emoção e pouco, ou quase nada, de exatidão e de realidade. Daí considerar o memorialismo e as autobiografias mais como obras de ficção, com pitadinhas discretas de fatos (e mesmo assim esmaecidos), do que como os documentos que os seus autores pretendem que sejam. Algumas dessas obras são notáveis e marcantes. São fluentes, dinâmicas e gostosas de se ler. Têm o valor literário dos melhores romances. Mas têm muito pouco, ou mesmo nada, de documentos. Entre os vários memorialistas que li, destaco Pedro Nava, com o seu "Baú de Ossos". Mas não creio, a não ser através de diários, que seja possível resgatar uma vida somente através desse instrumento fragílimo chamado "memória".

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