Monday, November 13, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo)

TAREFA DE GIGANTE

A luta da Ponte Preta para se manter na elite do futebol é uma tarefa de gigante. Lembra, até, aquele personagem mitológico, Sisifo, condenado a empurrar, morro acima, uma enorme e pesada pedra e, quando chegava ao topo, essa rolava ladeira abaixo, obrigando-o a recomeçar, indefinidamente, a empreitada, sempre com o mesmo resultado. O time conquistou, ontem, no Majestoso, brilhante vitória sobre o Flamengo, por 3 a 0, a despeito da pouca técnica. A raça, todavia, supriu essa deficiência. Os meninos, pois a Ponte jogou com a quase totalidade do time formada por pratas da casa, vibraram, correram, lutaram como leões, e foram recompensados em campo. Todavia, o time já não depende mais só de suas forças. E os resultados não o ajudaram. O Fluminense, após dez jogos sem vencer, derrotou, no Maracanã, o frouxo Cruzeiro, por 1 a 0, com gol (ironicamente) do ex-pontepretano Evando. E o São Caetano continua colado nos calcanhares da Macaca, já que venceu o rebaixado Santa Cruz, no Estádio do Arruda, no Recife, por 3 a 0. Portanto, a Ponte Preta, além de manter a pegada, precisará contar com muita sorte para, mais uma vez, escapar da degola. Seja o que Deus quiser!

GUARANI MERGULHA, DE VEZ, NA CRISE

Já o Guarani...Perdeu, mais uma vez, em casa, no sábado, para o competente América de Natal (que tenta o segundo acesso consecutivo, já que no ano passado subiu da Série C para a B), por 2 a 1 e só um milagre o livra do rebaixamento. Levando em conta as condições técnicas das duas equipes, o resultado não foi nenhuma aberração. Pelo contrário, deu a lógica. Tudo indica que, não apenas a torcida bugrina, mas o próprio plantel (e até a diretoria) já jogaram a toalha, embora o técnico Waguinho Dias insista que ainda dá para escapar (está no papel dele, claro). O Guarani tem dois jogos pela frente, mas ocupa a última posição na tabela, e não depende só de suas forças, mas de uma improvável combinação de resultados. Além disso, os dois confrontos que lhe restam são verdadeiras pedreiras. Sábado que vem, enfrenta, no Brinco de Ouro, o Sport Recife, pelo qual foi humilhado no primeiro turno, na goleada por 8 a 1 no Recife. E encerra sua participação na competição em Goiás, contra o Vila Nova, num jogo de vida ou morte para as duas equipes. Jogando o futebolzinho que vem mostrando, não dá para esperar nada deste Bugre enfraquecido e agonizante. Mas...enquanto há vida, há esperança...

CAMPINAS (DE NOVO) FICA PELO CAMINHO

O Campinas bem que tentou ascender para a Série A-3 do Campeonato Paulista, o que seria motivo para comemorações para todos os campineiros, num ano tão perverso para o futebol da cidade. Fez uma primeira fase brilhante no campeonato da Série B, classificando-se, por antecipação, para a etapa final e decisiva. Mas...(sempre tem havido um “mas” na vida deste jovem clube), quando a coisa era para valer, na base do tudo ou nada, restou-lhe o nada. Ou seja, não conseguiu repetir a boa performance do início da competição e, de novo, ficou pelo caminho. Ontem, no jogo final, perdeu, por 1 a 0, para o União Mogi, no Brinco de Ouro, e viu seu sonho, outra vez, virar fumaça. Aliás, nem adiantava vencer, pois o Campinas não dependia mais só de si, mas de um tropeço do Linense frente ao Lemense, que acabou não ocorrendo. Todavia, não é questão para desanimar. Afinal, o clube é muito novo, fundado em 1998, com somente oito anos de existência. Tem tempo, portanto, para se organizar melhor e, em breve, se tornar opção para o cada vez mais sofrido torcedor campineiro. Ressalte-se que não faltou empenho para os comandados de Edson Boaro. Os quatro novos integrantes da Série A-3 são: União Mogi, Linense, Grêmio Catanduvense e Votoraty. Parabéns aos quatro!

CHORADEIRA INCONSEQÜENTE E IRRESPONSABILIDADE

Achei de uma irresponsabilidade sem tamanho a choradeira da direção do Flamengo e, principalmente, as opiniões sem fundamento de boa parte da imprensa esportiva de São Paulo, de atribuir a goleada sofrida, ontem, pelo rubro-negro da Gávea, por 3 a 0, para a Ponte Preta, a supostos erros do árbitro sergipano Antonio Hora Filho. Mas isso não aconteceu! E justo com a Macaca, o time (disparado) mais prejudicado pelos homens do apito ao longo de todo o Campeonato Brasileiro, esse povo resolve implicar! Parem com isso! O que houve, isto sim, foi uma arbitragem honesta, correta, como, aliás, todas deveriam ser. As imagens da TV mostraram que os dois pênaltis marcados a favor da Ponte Preta de fato existiram (ao contrário do que alguns repórteres da Bandeirantes de São Paulo disseram). Quanto ao fato de Antônio Hora Filho ter mandado repetir duas vezes a cobrança do segundo penal, a televisão mostrou que em ambas as ocasiões houve invasão da área. O que o árbitro teve foi muito peito para fazer respeitar a regra. Alguns irresponsáveis querem enterrar a Ponte antes da hora, se esquecendo que se trata de um clube paulista, ao qual teriam a obrigação de apoiar. Ou de, pelo menos, não atrapalhar, com opiniões parciais e burras. Porquanto, contrariar a própria imagem é, se não desonestidade, uma monumental burrice.

BRIGA DE FOICE CONTRA O REBAIXAMENTO

Se o título do Campeonato Brasileiro da Série A já está virtualmente decidido em favor do São Paulo, o mesmo não acontece na parte de baixo da tabela. A rodada de ontem confirmou o rebaixamento, matemático, de duas equipes: Fortaleza (próximo adversário da Ponte Preta) e Santa Cruz. Todavia, cinco times lutam desesperadamente para não completar as duas vagas restantes da degola: a própria Macaca, o Fluminense, o São Caetano, o Palmeiras e o Juventude (que enfrentará o alviverde paulista, em seus domínios, no próximo fim de semana). É preciso, mais do que nunca, estar atento, para se evitar possíveis fraudes (quer de arbitragens, quer de entrega de pontos). A famosa “mala preta”, certamente, vai comer à solta nas próximas três rodadas e os chamados “pequenos” levam nítida desvantagem no “ranking” da desonestidade. O Brasil inteiro torce para que a Ponte Preta e o São Caetano se juntem a Fortaleza e Santa Cruz para a disputa da Série B em 2007. Se o rebaixamento ocorrer somente em campo, tudo bem. Mas é preciso ficar atento para as possíveis “marmeladas”, tão comuns no futebol em qualquer parte do mundo nessas circunstâncias.

MENINOS SEM MEDO DE CARA FEIA

É comum a imprensa campineira afirmar que há anos as categorias de base da Ponte Preta não revelam ninguém. Trata-se de uma tremenda bobagem e de uma enorme injustiça contra aqueles que lutam com imensas dificuldades e enorme falta de recursos para formarem a nova geração da Macaca. Coube aos pratas da casa a indigesta tarefa de, apesar da inexperiência, livrar o clube mais velho do Brasil do rebaixamento. No jogo de ontem, contra o Flamengo, por exemplo, estiveram em campo os seguintes atletas revelados pelas categorias de base da Ponte Preta: Nei, Welington, Carlinhos, Ricardo Conceição e a dupla de ataque, Jailton e Josimar. Meio time, portanto. Sem falar de Pará, Wanderley e Caio, que também têm atuado (e relativamente bem) quando solicitados pelo treinador. Os meninos mostraram, contra um time rodado e matreiro como o rubro-negro da Gávea, que não têm medo de cara feia. Apesar da nítida inexperiência, correram, lutaram, disputarem bolas perdidas e foram verdadeiros leões do início ao final da partida. Estivessem no time titular desde o início da competição e, tenho certeza, a Macaca não estaria na situação que está. Méritos, portanto, a quem tem. O garoto Jailton, por exemplo, artilheiro do Campeonato Paulista Sub-20, com 18 gols, vem mantendo sua média na equipe titular: fez dois gols em quatro partidas. E isso entrando numa fria de arrepiar os cabelos dos mais calejados e experientes dos tais “cobras criadas”.

RESPINGOS...

· O Criciúma garantiu, ontem, matematicamente, a sua volta à Série B do Campeonato Brasileiro de 2007. E o Vitória, dado como “morto” ao final do primeiro turno da fase decisiva, recuperou-se, de forma heróica, e está a um passo de também garantir seu acesso.
· O Palmeiras venceu o Botafogo, ontem, no Parque Antártica, por 2 a 1, mas mostrou um futebol ridículo, que não condiz com o seu status. Foi salvo pelo gongo, pelo seu jovem goleiro Diego Cavalieri, que tem feito milagres debaixo dos três paus.
· O Corinthians repetiu a dose do seu histórico empate com o São Paulo, com apenas nove jogadores. Ontem, em Florianópolis, reeditou aquela façanha e, mesmo sem dois atletas (sua zaga titular), expulsos no primeiro tempo, sustentou um heróico placar de 0 a 0 com o tinhoso (mas desfalcado de seis titulares) Figueirense.
· O técnico Oswaldo Alvarez sempre foi acusado de retranqueiro. Não é, porém, o que vem mostrando no comando do Atlético Paranaense. O ataque do Furacão tem honrado o apelido do time e feito gols e mais gols. Fez três, ontem, contra o Grêmio, na Arena da Baixada. A defesa é que vem destoando e, ontem, levou mais quatro.
· O Cruzeiro montou, neste ano, um dos piores plantéis da sua história. Ontem, no Maracanã, jogou pedrinhas contra o desesperado Fluminense, para quem perdeu por 1 a 0, com um gol chorado do ex-pontepretano Evando. Deve abrir os olhos, pois o Galo mineiro está de volta à elite do futebol brasileiro e se jogar só isso, no próximo ano, vai passar vergonha.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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