Pedro J. Bondaczuk
O mundo sempre teve uma profusão de tiranias e, por conseqüência, de tiranos, desde que os primeiros homens, nossos mais remotos e selvagens ancestrais, se agruparam em tribos, cidades, reinos e nações. É verdade que alguns desses indivíduos, que impunham suas vontades a ferro e fogo e não admitiam a mais ligeira contestação, foram esclarecidos o suficiente para fazer governos relativamente equilibrados (na comparação com os que não agiram assim), promovendo o progresso e uma certa dose de felicidade aos seus povos. Foram, claro, raras exceções.
Houve tiranos que foram, sem tirar e nem pôr, loucos varridos, que exigiram serem tratados como deuses; que incendiaram cidades do próprio reino; que fizeram de seus cavalos senadores; que se divertiram com os agoniados gemidos de sofrimento dos adversários em sessões intermináveis das piores torturas que se possam imaginar, e que cometeram atrocidades tais, que nossa imaginação se torna muito estreita para sequer supor. Estes, desgraçadamente, constituíram-se em imensa maioria.
Não houve uma só época da história em que não tivéssemos tiranias e tiranos. Temo-los ainda hoje, em pleno século XXI do terceiro milênio da Era Cristã – e não poucos – e seus nomes sequer é necessário que sejam declinados, já que são do conhecimento das pessoas cultas ou bem-informadas.
A história está repleta de nomes cuja simples menção nos faz estremecer de repulsa e de horror. Muitos deles foram glorificados e se constituíram em heróis nacionais. Isso porque nossa memória é frágil e se torna traiçoeira à medida em que os anos passam. Há os que “glorificam” essas pessoas más e mesquinhas por somente ouvirem falar de suas estripulias e não terem sentido na própria carne o peso da sua tirania. Caso fossem suas vítimas, ou tivessem parentes que o tenham sido, estremeceriam de ódio e de nojo à sua simples menção.
É impossível estabelecer uma primazia e determinar qual desses verdugos foi o mais terrível, o mais louco, o mais sanguinário e o que fez maior número de vítimas. A disputa, convenhamos, é das mais acirradas. Pelo sim, pelo não, convém considerar que há empate neste cômputo de autoritarismo e crueldade.
Todavia, os maiores tiranos da Terra não foram nenhum desses celerados cujas atrocidades a História registra. Não viveram no passado e sequer são mortais. Existem desde que o Planeta foi formado e continuarão existindo enquanto houver vida por aqui. Quais são? O pensador John Herder (não confundir com o ator, seu homônimo, protagonista do filme “Blades of Glory”, que no Brasil recebeu o nome de “Escorregando para a glória”) nos revela quem são: “Os maiores tiranos da Terra: o acaso e o tempo”.
Da tirania desses verdugos ninguém nunca conseguiu e jamais conseguirá escapar, por mais forte, resistente, sábio, astuto e precavido que seja. Ambos atuam sobre nós (sobre todos nós, indistintamente) desde o nascimento (que já é, por si só, imensa casualidade) até a morte, que sabemos que um dia haverá de nos colher, mas não temos a menor noção de onde, como e quando.
Que me perdoem as pessoas que dizem, de boca cheia, que “nada acontece por acaso”. De onde tiraram tamanha convicção? Qual a prova, por mínima que seja, que podem apontar para corroborar tão atrevida assertiva? As evidências, aliás, todas elas, apontam em sentido diametralmente oposto. Ou seja, de que “tudo” acontece por acaso.
Se um meteorito se chocar com a Terra e extinguir nossa arrogante espécie, como já ocorreu no passado com tantas outras, será fruto de algum determinismo? De qual? Há milhares de cometas circulando por aí, por entre os planetas do nosso Sistema Solar, sem nenhuma direção. De repente, um deles pode se transviar e atingir exatamente o nosso domos cósmico, passando por outros cinco ou seis mais próximos e maiores (ou seja, com alvo muito mais fácil e lógico) e vir, caprichosamente, nos atingir. Isso estava determinado? Onde? Por quem?
Quanto ao tempo... É até desnecessário e redundante apontar suas ações sobre nós. Basta que nos olhemos, amiúde, no espelho para constatar os estragos que faz em nosso corpo. Sepulta a tudo e a todos, sem poupar nada e ninguém: nem cidades, nem templos, nem tumbas, nem monumentos, nem sábios, nem toupeiras, nem heróis e nem poltrões. Sequer democratas ou tiranos. Não faz distinções. Existe tirania maior? Qual?
O mundo sempre teve uma profusão de tiranias e, por conseqüência, de tiranos, desde que os primeiros homens, nossos mais remotos e selvagens ancestrais, se agruparam em tribos, cidades, reinos e nações. É verdade que alguns desses indivíduos, que impunham suas vontades a ferro e fogo e não admitiam a mais ligeira contestação, foram esclarecidos o suficiente para fazer governos relativamente equilibrados (na comparação com os que não agiram assim), promovendo o progresso e uma certa dose de felicidade aos seus povos. Foram, claro, raras exceções.
Houve tiranos que foram, sem tirar e nem pôr, loucos varridos, que exigiram serem tratados como deuses; que incendiaram cidades do próprio reino; que fizeram de seus cavalos senadores; que se divertiram com os agoniados gemidos de sofrimento dos adversários em sessões intermináveis das piores torturas que se possam imaginar, e que cometeram atrocidades tais, que nossa imaginação se torna muito estreita para sequer supor. Estes, desgraçadamente, constituíram-se em imensa maioria.
Não houve uma só época da história em que não tivéssemos tiranias e tiranos. Temo-los ainda hoje, em pleno século XXI do terceiro milênio da Era Cristã – e não poucos – e seus nomes sequer é necessário que sejam declinados, já que são do conhecimento das pessoas cultas ou bem-informadas.
A história está repleta de nomes cuja simples menção nos faz estremecer de repulsa e de horror. Muitos deles foram glorificados e se constituíram em heróis nacionais. Isso porque nossa memória é frágil e se torna traiçoeira à medida em que os anos passam. Há os que “glorificam” essas pessoas más e mesquinhas por somente ouvirem falar de suas estripulias e não terem sentido na própria carne o peso da sua tirania. Caso fossem suas vítimas, ou tivessem parentes que o tenham sido, estremeceriam de ódio e de nojo à sua simples menção.
É impossível estabelecer uma primazia e determinar qual desses verdugos foi o mais terrível, o mais louco, o mais sanguinário e o que fez maior número de vítimas. A disputa, convenhamos, é das mais acirradas. Pelo sim, pelo não, convém considerar que há empate neste cômputo de autoritarismo e crueldade.
Todavia, os maiores tiranos da Terra não foram nenhum desses celerados cujas atrocidades a História registra. Não viveram no passado e sequer são mortais. Existem desde que o Planeta foi formado e continuarão existindo enquanto houver vida por aqui. Quais são? O pensador John Herder (não confundir com o ator, seu homônimo, protagonista do filme “Blades of Glory”, que no Brasil recebeu o nome de “Escorregando para a glória”) nos revela quem são: “Os maiores tiranos da Terra: o acaso e o tempo”.
Da tirania desses verdugos ninguém nunca conseguiu e jamais conseguirá escapar, por mais forte, resistente, sábio, astuto e precavido que seja. Ambos atuam sobre nós (sobre todos nós, indistintamente) desde o nascimento (que já é, por si só, imensa casualidade) até a morte, que sabemos que um dia haverá de nos colher, mas não temos a menor noção de onde, como e quando.
Que me perdoem as pessoas que dizem, de boca cheia, que “nada acontece por acaso”. De onde tiraram tamanha convicção? Qual a prova, por mínima que seja, que podem apontar para corroborar tão atrevida assertiva? As evidências, aliás, todas elas, apontam em sentido diametralmente oposto. Ou seja, de que “tudo” acontece por acaso.
Se um meteorito se chocar com a Terra e extinguir nossa arrogante espécie, como já ocorreu no passado com tantas outras, será fruto de algum determinismo? De qual? Há milhares de cometas circulando por aí, por entre os planetas do nosso Sistema Solar, sem nenhuma direção. De repente, um deles pode se transviar e atingir exatamente o nosso domos cósmico, passando por outros cinco ou seis mais próximos e maiores (ou seja, com alvo muito mais fácil e lógico) e vir, caprichosamente, nos atingir. Isso estava determinado? Onde? Por quem?
Quanto ao tempo... É até desnecessário e redundante apontar suas ações sobre nós. Basta que nos olhemos, amiúde, no espelho para constatar os estragos que faz em nosso corpo. Sepulta a tudo e a todos, sem poupar nada e ninguém: nem cidades, nem templos, nem tumbas, nem monumentos, nem sábios, nem toupeiras, nem heróis e nem poltrões. Sequer democratas ou tiranos. Não faz distinções. Existe tirania maior? Qual?
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