Pedro J. Bondaczuk
As pessoas (todas, sem exceção) vivem estabelecendo metas – de curtíssimo, curto, médio, longo e longuíssimo prazo – para suas vidas, a maioria imediatas, algumas tantas mediatas, mas que contam, sempre, atingir. Ninguém estipula objetivos apenas por diversão, como mero exercício de imaginação.
É verdade que alguns deles são de tal sorte impossíveis de serem atingidos, que descambam para o delírio, para o absurdo, para o surreal. Ainda assim, são alvos que mobilizam pessoas e lhes dão motivação (e, não raro, profundas frustrações).
Eu, você, o Zezinho, a Joana, o Joaquim, enfim todos nós temos metas estabelecidas, a maioria tão trivial que sequer classificamos como tal, outras tantas magníficas e, quem sabe, transcendentais (potencialmente factíveis ou não). Faz parte da vida.
O indigente, faminto, tem como meta prioritária e urgente, por exemplo, assegurar a refeição do dia. É movido pela necessidade e pelo instinto de sobrevivência. Por isso, seu próximo alvo é, se possível, garantir, também, a comida dos próximos dias, o que, para ele, já é um objetivo um tanto mais complicado do que o primeiro.
No íntimo, mesmo que não revele para ninguém (por não ter quem se importe com sua situação e que se disponha a ouvir suas revelações), objetiva mudar de vida: ter um emprego, uma casa mesmo que das mais rústicas, uma companheira, família e outras tantas coisas, comuns e triviais para a maioria de nós, mas que para ele são um sonho ambicioso e ousado, quase irrealizável.
O político, por sua vez, tem, como meta imediata, eleger-se. Mas acalenta uma infinidade de outras, mediatas, como se destacar nessa atividade, galgar posições no partido, fazer parte do governo, governar uma cidade, Estado ou país, enriquecer, conquistar prestígio e poder, e vai por aí afora.
Se tiver vocação para a vida pública, contar com apoios, for simpático e convincente, poderá atingir todos esses objetivos, ou pelo menos os principais. A maioria não os atinge nunca. Como se vê, as metas que estabelecemos raramente dependem exclusivamente de nós. Daí sermos vítimas constantes de tantas decepções e frustrações. Nem sempre (ou quase nunca) o mundo conspira a nosso favor. Via de regra, o que acontece é exatamente o oposto.
A meta de um time de futebol, por sua vez, é fazer o maior número possível de gols (não por acaso os dois travessões pelos quais seus atacantes têm que fazer a bola passar têm esse nome), não levar nenhum e, dessa forma, vencer o adversário da vez. Este é o objetivo imediato. Mas a coisa não pára por aí.
Os mediatos são: ganhar, se possível, todos os jogos dos demais competidores, quando não, pelo menos a maioria deles; somar a maior quantidade de pontos positivos que puderem e conquistarem o título de campeões da competição em que estiverem envolvidos.
Estas, na verdade, são suas metas, digamos, menos ousadas. As mais (em alguns casos, delirantes, face à importância e a competência da equipe) é a conquista do campeonato mundial. São poucos, pouquíssimos os que logram alcançar a glória e o sucesso.
Se, individualmente, cada um de nós tem seu conjunto de metas – dependendo das necessidades e da imaginação de cada um – com os povos não é diferente. São o que chamamos, eufemisticamente, de “ideais”. E estes vão dos mais mesquinhos – como a conquista territorial alheia e o temor dos vizinhos por sua força e poder – aos mais grandiosos e altruísticos, como a igualdade, fraternidade, solidariedade, justiça e liberdade. Ascendem, quem sabe, aos milhões.
Nenhum povo, ou nação, alcançou todas ou mesmo algumas dessas metas, em qualquer tempo que fosse. Nem mesmo por curtos períodos. Falar em igualdade de direitos e deveres, por exemplo, não passa de monumental hipocrisia. Tanta, que dispensa comentários.
Fraternidade pode existir em algum período, posto que mero arremedo dela, mas, mesmo assim, é raridade. O mesmo ocorre com as demais virtudes que, no fundo, não passam de meras palavras pomposas, mas despidas de conteúdo. Todavia, não deixam de ser metas, que deveriam ser imediatas, urgentes, urgentíssimas, mas se limitam a ser mediatas, remotas, remotíssimas.
Nem todos os povos tiveram, de fato, esses objetivos (embora jurassem por todas as juras que sim). Ainda hoje, princípios de conduta, tão simples na essência, soam como se fossem meras e delirantes utopias. Caso viessem a se concretizar, e se manter, logicamente, na sucessão de gerações, seriam alvos finitos, posto que atingidos. Todavia, a maior meta, tanto individual quanto coletiva, do mundo, não é nenhum desses valores citados (deveriam ser todos). É o amor, finito enquanto sentimento, infinito enquanto ideal.
As pessoas (todas, sem exceção) vivem estabelecendo metas – de curtíssimo, curto, médio, longo e longuíssimo prazo – para suas vidas, a maioria imediatas, algumas tantas mediatas, mas que contam, sempre, atingir. Ninguém estipula objetivos apenas por diversão, como mero exercício de imaginação.
É verdade que alguns deles são de tal sorte impossíveis de serem atingidos, que descambam para o delírio, para o absurdo, para o surreal. Ainda assim, são alvos que mobilizam pessoas e lhes dão motivação (e, não raro, profundas frustrações).
Eu, você, o Zezinho, a Joana, o Joaquim, enfim todos nós temos metas estabelecidas, a maioria tão trivial que sequer classificamos como tal, outras tantas magníficas e, quem sabe, transcendentais (potencialmente factíveis ou não). Faz parte da vida.
O indigente, faminto, tem como meta prioritária e urgente, por exemplo, assegurar a refeição do dia. É movido pela necessidade e pelo instinto de sobrevivência. Por isso, seu próximo alvo é, se possível, garantir, também, a comida dos próximos dias, o que, para ele, já é um objetivo um tanto mais complicado do que o primeiro.
No íntimo, mesmo que não revele para ninguém (por não ter quem se importe com sua situação e que se disponha a ouvir suas revelações), objetiva mudar de vida: ter um emprego, uma casa mesmo que das mais rústicas, uma companheira, família e outras tantas coisas, comuns e triviais para a maioria de nós, mas que para ele são um sonho ambicioso e ousado, quase irrealizável.
O político, por sua vez, tem, como meta imediata, eleger-se. Mas acalenta uma infinidade de outras, mediatas, como se destacar nessa atividade, galgar posições no partido, fazer parte do governo, governar uma cidade, Estado ou país, enriquecer, conquistar prestígio e poder, e vai por aí afora.
Se tiver vocação para a vida pública, contar com apoios, for simpático e convincente, poderá atingir todos esses objetivos, ou pelo menos os principais. A maioria não os atinge nunca. Como se vê, as metas que estabelecemos raramente dependem exclusivamente de nós. Daí sermos vítimas constantes de tantas decepções e frustrações. Nem sempre (ou quase nunca) o mundo conspira a nosso favor. Via de regra, o que acontece é exatamente o oposto.
A meta de um time de futebol, por sua vez, é fazer o maior número possível de gols (não por acaso os dois travessões pelos quais seus atacantes têm que fazer a bola passar têm esse nome), não levar nenhum e, dessa forma, vencer o adversário da vez. Este é o objetivo imediato. Mas a coisa não pára por aí.
Os mediatos são: ganhar, se possível, todos os jogos dos demais competidores, quando não, pelo menos a maioria deles; somar a maior quantidade de pontos positivos que puderem e conquistarem o título de campeões da competição em que estiverem envolvidos.
Estas, na verdade, são suas metas, digamos, menos ousadas. As mais (em alguns casos, delirantes, face à importância e a competência da equipe) é a conquista do campeonato mundial. São poucos, pouquíssimos os que logram alcançar a glória e o sucesso.
Se, individualmente, cada um de nós tem seu conjunto de metas – dependendo das necessidades e da imaginação de cada um – com os povos não é diferente. São o que chamamos, eufemisticamente, de “ideais”. E estes vão dos mais mesquinhos – como a conquista territorial alheia e o temor dos vizinhos por sua força e poder – aos mais grandiosos e altruísticos, como a igualdade, fraternidade, solidariedade, justiça e liberdade. Ascendem, quem sabe, aos milhões.
Nenhum povo, ou nação, alcançou todas ou mesmo algumas dessas metas, em qualquer tempo que fosse. Nem mesmo por curtos períodos. Falar em igualdade de direitos e deveres, por exemplo, não passa de monumental hipocrisia. Tanta, que dispensa comentários.
Fraternidade pode existir em algum período, posto que mero arremedo dela, mas, mesmo assim, é raridade. O mesmo ocorre com as demais virtudes que, no fundo, não passam de meras palavras pomposas, mas despidas de conteúdo. Todavia, não deixam de ser metas, que deveriam ser imediatas, urgentes, urgentíssimas, mas se limitam a ser mediatas, remotas, remotíssimas.
Nem todos os povos tiveram, de fato, esses objetivos (embora jurassem por todas as juras que sim). Ainda hoje, princípios de conduta, tão simples na essência, soam como se fossem meras e delirantes utopias. Caso viessem a se concretizar, e se manter, logicamente, na sucessão de gerações, seriam alvos finitos, posto que atingidos. Todavia, a maior meta, tanto individual quanto coletiva, do mundo, não é nenhum desses valores citados (deveriam ser todos). É o amor, finito enquanto sentimento, infinito enquanto ideal.
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