Wednesday, June 17, 2009

REFLEXÂO DO DIA


O presente é sumamente ambíguo. Sua duração é tão ínfima, que chega a se constituir em mera metáfora, em simples símbolo, em verdadeira abstração. Para se ter idéia da sua fugacidade, basta dizer que é mais veloz, até, do que a luz, cuja velocidade é de 300 mil quilômetros por segundo. Mal pronunciamos a primeira sílaba da palavra que o caracteriza, “pre”, e ele já é, há alguns centésimos de segundo, passado. Trata-se, por isso, de fração do tempo absolutamente indimensionável. Ninguém nunca a mediu e jamais conseguirá medir. Antônio Vieira, neste trecho do “Sermão da Quarta-Feira de Cinzas”, deixa clara sua ambigüidade, embora quase nunca venhamos a nos dar conta dela: “Olhai para o passado e para o futuro e vereis o presente. A razão ou conseqüência é manifesta. Se no passado se vê o futuro, e no futuro se vê o passado, segue-se que no passado e no futuro se vê o presente, porque o presente é o futuro do passado, e o mesmo presente é o passado do futuro”. Ambíguo, não é verdade? Ambíguo e fascinante.

1 comment:

FABIANA said...

Sem dúvida, existir é uma tremenda loucura. O que existe é. E ser é presente. E a maior loucura ainda é ter que olhar para o passado para se situar hoje, e ainda assim construir um futuro que nunca se sabe. Quer mais abstração do que algo que se chama amanhã e que nunca chega?